Vocês gostam de contos de fadas? Aposto que sim, porque vocês são tudo umas bichas-loucas. Louquíssimas, aliás. Aposto que vocês também gostam de musicais. E de fazer as sobrancelhas. E de tomar Fanta Uva. E de catar conchinhas.
Mas essa introdução é só pra dizer que vou indicar pra vocês hoje um conto de fadas que não é boiola. Aliás, nem é um conto de fadas. Se você achava que “Shrek” era espetacular por subverter o gênero “historinhas pra criança”, então prepare-se para ver algo muito, mas muito melhor do que a animação com o ogro verde que ficava melhor dublado pelo Bussunda do que a voz original.
El Laberinto del Fauno (2006)
Eu acho que esse filme passou batido, porque eu quis assistir no cinema e ele ficou um tempo ridículo em cartaz. É um absurdo como as salas dos multiplex privilegiam filmes de merda e deixam de lado essas boas produções. “Laberinto” é um filme do caralho feito por um diretor que já tinha feito outro filme do caralho antes: “El Espinazo del Diablo”. E nem estou falando de filmes cult ou obscuros; são produções grandes, feitas por um cara (Guillermo del Toro) que já dirigiu blockbusters como Hellboy e Blade II, porra. Tomem tenência e coloquem filmes bons pra rodar nessas salas com som surround, seus putos.
Ok. Tirando a raiva contra o sistema, que outro motivo você teria para assistir “Laberinto”? Muitos. Pra começar o filme é muito bonito e produzido com extremo cuidado visual. Todos os detalhes são pensados pra construir uma experiência única e encher os olhos do espectador. Os designs de portas, móveis, monstrinhos e monstrões é extremamente original e me lembra alguns livros de RPG. Espetacular.
Grilo Falante dando um toque pra heroína do filme
A parte visual é complementada pela história de uma menina que, no meio da guerra civil espanhola, encontra um fauno bico-doce que conta um caô e leva a criança a correr atrás de uns bagulhos pra se tornar a rainha da cocada preta. Não sou o Théo, portanto não vou ficar contando a história pra estragar tudo. E nem fazer como os trailers motherfuckers desse tipo de filme, que já mostram as melhores cenas ANTES de você assistir a porra do filme. O que interessa é que cada momento do filme recria de forma genial alguns clichês dos contos de fadas, principalmente de Alice no País das Maravilhas, ao mesmo tempo em que cria novos rumos para uma história infantil.
Fada Sininho
Nem sei por que ainda estou falando em infantil aqui. Isso não é um filme pra crianças. Acho que esse é outro motivo que faz com que esse tipo de filme passe batido. Criança pega essa parada e não vai entender nada, ao mesmo tempo em que vai se assustar mais com “Laberinto” do que com filme do Jason. E os adultos deixam de assistir por achar que é um filme pra criança. Mas não se engane, esse filme é um dos melhores exemplo de como contar uma história extremamente sedutora, que te gruda na cadeira até o fim. A qualidade da narrativa e a mistura entre mundo real e mundo fantástico é tão bem feita que a única coisa que eu posso dizer é “por que caralhos não fazem mais filmes desse tipo”?
Na boa, esse deve ter sido o melhor filme que recomendei até agora. Se você não teve vontade de assistir nenhum dos outros que já indiquei, dê uma chance com esse aqui. Quem sabe você começa a acreditar em mim.
Recomendação final: Película espanhola da melhor qualidade. Assista sozinho e depois reveja com seus irmãos e priminhos menores pra fazer eles se borrarem nas calças. Talvez até VOCÊ se borre nas calças, falando nisso.
PEDRAAAAAADA, véi. Acesse o site da banda Cavalera Conspiracy e ouça um trecho de Sanctuary, que será lançada como single no dia 3 de Março.
A banda é formada pelos irmãos Max (vocal e guitarra) e Iggor Cavalera (bateria), ambos ex-Sepultura, contando também com Marc Rizzo (guitarra), Joe Duplantier (baixo) e a participação especial do baixista ex-Pantera e atual Down Rex Brown e de Richie Cavalera (Incite).
O álbum de estréia da banda, Inflikted (veja a tracklist aqui e a capa aqui), será lançado no dia 24 de Março (Europa). Depois de ouvir essa PAULEIRA, puta merda, a ansiedade só aumenta. Promessa do ano, véi.
Quem não se lembra dos sons melancólicos e pesados de uma das bandas mais importantes dos anos 90? Os caras pararam… mas voltaram. E trouxeram esse álbum.
O álbum já começa com uma sonzeira: Doomsday Clock. Cacete, os caras estão de volta, fazendo o MESMO som espetacular de sempre. Empolgante, tirando a parte da… voz de Billy Corgan. Sinceramente, não é das melhores, mas casa com o som de uma forma perfeita. 7 Shades of Black é uma puta pedrada com um quê de Stoner. Som pesado, chiadeiras de leve e aqueeeeeeela viagem musical. Nem dá pra acreditar que os caras PARARAM um dia. Bleeding the Orchid já é um som mais calmo. Bom, pelo menos nos versos; no refrão, o peso volta a dominar pra você NÃO parar de balançar a cabeça. Puta viagem, percebe-se que o lado cru dos caras ficou meio que de lado de vez, e assim entrou algo mais… complexo no estilo dos caras. E a empolgação dos putos continua intacta.
That’s the Way (My Love Is), uma baladinha tradicional. Daquelas que, se você não tomar cuidado, vai ficar com a letra PRESA na cabeça. Não tome cuidado, é Smashing Pumpkins. Tarantula, um dos melhores sons de 2007, puta SONZEIRA EMPOLGANTE. Mais um som marcando a evolução musical dos caras. Eu disse que a empolgação deles continua intacta? Porra, ela AUMENTOU, isso sim. E agora ela transborda, MAIS do que nunca. Aqui eles deixam seu lado cru voltar, ou seja, puta som detonadormente sensacional. Starz começa com suspense e logo explode, definitivamente, o tipo de som que não deixa você ficar parado. United States proporciona mais uma viagem, típico dos caras. Sem perceber, você vai estar com a letra na boca e com as mãos procurando lugares para bater, imitando a bateria. Foda. No fim, um orgasmo.
Neverlost, mais uma vez os caras deixam o lado cru de lado, mas nada demais pra esse tipo de som. Lento, sem novidades e clichê. Mas nem por isso deixa de ser bacana. Bring the Light é um som animado, mas não é dos melhores. Sei lá, por um momento, os caras saíram da linha. Alguns trechos são respeitáveis, como o solo. Outros são… chatos. (Come On) Let’s Go! traz mais um clichê, mas de volta á linha. Som bacana e dançante com algumas variações, bem trabalhado. For God and Country segue a linha clichê, trazendo mais uma viagem dessa vez. Mas nada demais, o som é relativamente fraco. Médio. Então, Pomp and Circumstances encerra o álbum com um som que, eu diria, seria uma… canção de ninar. Não é a melhor forma de se encerrar um álbum que começou daquele jeito, mas fazer o quê. Apesar da pisada na bola, o álbum é respeitosamente um dos melhores de 2007. E que venha mais.
Zeitgeist – Smashing Pumpkins
1. Doomsday Clock
2. 7 Shades of Black
3. Bleeding the Orchid
4. That’s the Way (My Love Is)
5. Tarantula
6. Starz
7. United States
8. Neverlost
9. Bring the Light
10. (Come On) Let’s Go!
11. For God and Country
12. Pomp and Circumstances
Em 15 dias de exibição em território nacional, o filme A Bússola de Ouro já ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores. O retorno foi realmente positivo, tendo em vista que ele estreou em plena quinta-feira (dia 25 de Dezembro, no NATAL). É claro que isso reflete o sucesso do filme no exterior.
“Tudo isso é resultado de um trabalho sério e sólido para o público brasileiro, que nos ajudou com o boca a boca positivo desde a data de estréia”, analisa Otelo Bettin Coltro, vice-presidente executivo da PlayArte Pictures. “A presença do filme em praticamente todos os cinemas do país e o fantástico desempenho tanto das cópias dubladas quanto das legendadas – que agradaram adultos e crianças de todas as camadas de espectadores – foram algumas das razões desse resultado. Claro que a grandiosidade da produção completou o trabalho. Sucesso por todos os lados”.
Isso deve ter deixado a igreja católica impaciente, tendo em vista que a continuação do filme, baseado em uma trilogia de livros que a igreja considera herege, só sairia se o filme se saísse bem nas bilheterias. Essa polêmica você viu aqui, e acho que ainda é cedo pra pensar em uma continuação. Mas é quase certo, creio. Se continuar como o primeiro filme, podem mandar ver.
Filme do começo de 2007, mais precisamente do dia 23 de Março aqui, no Brasil. Dia 23 de Fevereiro lá fora. Duas sextas-feiras, uma no mês 2 e a outra no 3. Como bom paranóico, achei que seria certo que essa resenha ficasse comigo, enfim. Com Jim Carrey (Eu, eu Mesmo & Irene), Virginia Madsen (Firewall) e Logan Lerman (Os Indomáveis), o filme tem um propósito: Fazer você sair do cinema procurando por coincidências envolvendo os números 2 e 3, como um completo… idiota. É fato que eles conseguem, mas poderia ser mais.
Hm… braile.
É quase obrigatório comentar que este é mais um dos raros filmes em que Jim Carrey NÃO faz caretas, mas isso é extremamente… vazio. Walter Sparrow (Jim Carrey) trabalha para a… carrocinha, e é pai de família nas horas vagas. É claro que tudo começa com o número 23 sendo mostrado, e você acaba se prendendo a esse detalhe (de procurar por mensagens subliminares) que acaba se esquecendo do filme em si. O cara ganha um livro de sua esposa, Agatha (Virginia Madsen), chamado “O Número 23”. Basicamente, o livro conta a história de um cara obsessivo pelo número 23, extremamente paranóico pelo fato desse número fazer parte de sua vida. Geralmente, quando alguma coisa começa a acontecer com frequência com VOCÊ, se você tiver a imaginação fértil (ou ler a coluna do João Bidu diariamente, mesmo que seja mensal), você vai achar que aquilo está te perseguindo, e vai começar a PERSEGUIR aquilo. Posso me usar como exemplo e, se você não estiver nem um pouco a fim de saber sobre mim, pule o parágrafo abaixo.
O número 3 me persegue, desde 2003. Sério. Muita coisa que eu fazia, falava ou acontecia comigo, estava lá esse número. Posso fazer um Théo Facts com isso. Muita coisa banal, até.
– No 3º colegial, quando eu já não estava mais levando a sério uma idéia absurda de fazer artes cênicas com meu amigo só pra ter a experiência para fazermos um seriado sensacional, uma garota pelo qual eu estava gamadão há 3 anos (eu JURO que eu não estou inventando), me disse do nada (ela costumava dizer coisas do nada) que o número da Arte era… 3. Deve ser mentira, mas que se dane.
– Em minha casa, há 3 andares, sendo que: No andar debaixo, mora meu irmão com seu filho e esposa; no andar do meio, eu e meus pais; e no andar de cima, a laje, moram três cachorros (inúteis). Sim, 3 andares e 3 seres vivos em cada andar.
– Das 6 pessoas que moram aqui, TODAS têm 5 letras em seu primeiro nome (Théo é só um apelido). 5 x 6 = 30. E, pra reforçar, 5 das 6 têm 3 sobrenomes. 5 x 3 = 15; 30 – 15 = 15. Somando os nomes dos cachorros, dá 18. 15 – 18 = -3. E, sem parar, dá pra fazer outra conta: 1 + 8 = 9. 9 : 3 (número de cachorros) = 3.
– Meu nome completo, aquele que eu não gosto de revelar, é formado assim (somando-se as letras, sendo que A = 1, B = 2 e assim vai): 33 (logo de cara) 70 44. Somando tudo: 6 7 8. 6 + 7 + 8 = 21. 2 + 1 = 3. ORRÃâ€!
– Meu curso atual tem a duração de 3 anos.
– Minha data de nascimento é dia 26. 2 : 6 = 0,333.
– Hoje é dia 10/01/2008. 10 + 1 + 2008 = 2019; 2 + 1 + 9 = 12; 1 + 2 = 3. Ninguém vai acreditar se eu disser que eu só percebi isso agora, mas beleza.
– Tá, já convenci. Com base nisso você fará uma idéia do que eu estou querendo dizer em OBSESSÃO.
“EU PROMETO NUNCA MAIS FAZER UM FILME BOM.”
Lendo o livro, Sparrow começa a se identificar, encontrando semelhanças da história com seu passado. Com o tempo, começa a ficar paranóico e pensa que o maldito livro conta a história dele. Uma série de coincidências o leva a loucura, fazendo-o correr atrás de coisas absurdas e tornar o número 23 um enigma. Eis algumas teses do cara:
– O eixo da terra está inclinado 23,5 graus.
– As células somáticas dos humanos têm 23 pares de cromossomos.
– Os Maias acreditavam que o mundo acabaria no dia 23 de Dezembro de 2012. 20 + 1 + 2 = 23.
– 23. 2 : 3 = 0,666.
E por aí vai.
E é aí que o cara fica completamente maluco, desconfia da esposa e corre atrás de nomes pra saber quem escreveu o livro. Até seu filho acaba entrando nessa onda de enigmas. Com um final não tão surpreendente assim, o filme se torna monótono e você não aguenta mais ver coincidências e toda aquela enrolação. O que era pra ser um suspense cabuloso com um final sensacional, ficou extremamente clichê e, repito, monótono. Em certo trecho do filme você pode dormir e, acredite, você não vai perder nada.
Parece ser um filme doente. Parece.
Chega um ponto que você começa a falar “porra, isso tá errado” e começa a fazer suas próprias contas Só pra poder discordar do filme. E outra, Jim Carrey ficou totalmente perdido nesse papel. Pra um paranóico como eu que esperava se identificar e colocar o DVD na prateleira de melhores filmes, decepcionante. Mas uma boa pra se passar o tempo tentando resolver enigmas.
Agora tá completo. A tracklist do álbum de estréia dos caras, Inflikted, você viu aqui.
A banda é formada pelos irmãos Max (vocal e guitarra) e Iggor Cavalera (bateria), ambos ex-Sepultura, contando também com Marc Rizzo (guitarra), Joe Duplantier (baixo) e a participação especial do baixista ex-Pantera e atual Down Rex Brown e de Richie Cavalera (Incite). Sanctuary será lançada como single no dia 3 de Março, e o álbum estará nas prateleiras no dia 24 de Março (Europa).
Certo, taí algo improvável, quem é que gostaria de receber um livro de presente de aniversário? Eu mesmo, apesar de ser um nerd viciado em livros, praticamente o único de minha família, até hoje em meus 22 anos nunca recebi um livro de presente. Mas em compensação, dar livros é algo que faço sempre. Depois de errar algumas vezes, consegui descobrir maneiras de saber qual é o livro perfeito pra cada pessoa, As vezes eu erro, o que dá uns problemas, mas isso não vem ao caso. Ainda.
Livrarias tem um grande leque de opções de livros pra presentear. São normalmente aqueles livros de fotos, com frases, como o As Coisas Boas da Vida, e não conheço outro mais, apesar de ver as capas deles sempre. Curtos, com imagens bonitas e frases melosas, são uma boa escolha para dar para alguém que não lê, porque pra essas pessoas o que importa realmente são as figuras.
Mas é claro, se você quer que o livro escolhido marque um momento, esses não são a melhor escolha, afinal, eles são sem conteúdo, sem sentido, sem graça, e sem nenhuma lembrança depois de algum tempo para a pessoa que foi presenteada, o que não é a questão nesse texto.
E pra variar um pouco, estou perdendo a linha de pensamento. mas enfim, foda-se. Meu histórico de presenteados é algo muito estranho, devo ser o único que faço isso, mas todos os que eu dei um livro, se lembram de mim, seja por algo bom ou ruim. Das vezes que errei em um livro, foi algo que foi de propósito, e somente em caráter de ironia, pra sacanear mesmo a pessoa, como por exemplo, dar para uma bela garota ex-conhecida minha um livro qualquer, e errar na dedicatória, achando que todas as garotas sabem a definição de “gordinha” que temos aqui no site. Até hoje, ela vira a cara quando me vê, não importando as explicações que dei sobre o termo. Mas isso é sobre a dedicatória, não sobre o livro em si, que era bem foda, e não lembro qual era, afinal, já se passou uns 3 anos desde esse dia.
E já que falei em dedicatória, esse é um fator a ser pesado também. Frases que são colocadas em livros tem que ser bem pensadas, ou simplesmente se escreve o que se tem na cabeça no momento, o que pode render umas boas risadas. Mas com a idéia na cabeça de que aquela frase irá acompanhar aquele livro até o fim dele ajuda a imaginação a pensar em algo criativo.
Presentear com livros é difícil, mas quando você vê que acertou, não há nada melhor. Saber que a pessoa desejava aquele volume, e vê-lo na mão dela, com aqueles olhos brilhantes, a primeira abertura, e leitura da dedicatória, são momentos que não tem preço, que são gratificantes, fazem perceber que pelo menos alguma vez você acertou algo.
Saber um pouco os gostos da pessoa ajuda muito na escolha de um livro para ela. vejamos o seguinte: Pra uma pessoa que curte novelas, vive comentando sobre o último capítulo, é vidrada em revistas de fofocas publicados a 1 real nas bancas, qual seria sua escolha pra alguém assim? Tem ser algo com uma história marcante, que prenda até o final do volume, com leitura simples, e uma história relativamente longa. Eu escolheria Desventuras em Série, com uma dedicatória dizendo alguma besteira sobre tempo perdido em frente a tela e em frente a paginas inúteis, e possivelmente, eu teria acertado. É claro, esse exemplo foi fácil, mas as vezes, é melhor arriscar. Se por acaso ver o livro jogado na casa do presenteado, nada mais fácil do que roubar ele, não é?
2007 foi um ano quente em termos de vídeo-games. E, na minha opinião, foi o período mais abundante em termos de ofertas de jogos e consoles realmente competitivos de toda a história dos jogos eletrônicos. É isso mesmo: estou dizendo que NUNCA ANTES nas nossas vidinhas modorrentas tivemos tanta coisa pra jogar.
Essa era toda a minha coleção de jogos na década de 90
Acha exagero? Então veja só: nunca na história dos games tivemos cinco consoles simultaneamente competindo pau-a-pau pela sedução de potenciais jogadores. E cinco consoles realmente bons, com apoio de produtoras, oferta de jogos, vendas expressivas e fanboys ferrenhos defendendo suas preferências de todos os lados.
Claro que dois dos cinco consoles são portáteis, mas aí é que está o negócio: são dois portáteis tão bons que realmente competem com os três consoles de mesa. Isso é espetacular e acho que estamos vivendo um momento único; é uma época privilegiada para ser um jogador.
ás vezes fico lembrando da época “áurea” (saudosistas devem morrer) do Super Nintendo e do Mega Drive, na década de 90, quando ficávamos esperando meses pelo lançamento de um jogo novo, com o inevitável delay até que ele chegasse ás nossas locadoras brazucas. Porra, olha quantos anos passaram entre o lançamento de ActRaiser 1 e Actraiser 2, por exemplo. Você não sabe? Um foi lançado em 1990 e o outro quase em 1994. Quatro anos de espera entre um jogo bom e sua continuação, dá pra acreditar?
Hoje em dia nós temos pelo menos quatro ou cinco expansões de The Sims, POR ANO. Até os jogos ruins como Cooking Mama têm continuação saindo em intervalos curtos, em multi-plataforma. Como as coisas mudam em pouco mais de uma década.
Que desgraça cara, nós éramos infelizes e não sabíamos; a gente simplesmente não tinha o que jogar. Hoje em dia são lançados jogos novos praticamente todo dia. É lógico que a maioria dos jogos é uma merda, mas mesmo assim, temos mais jogos bons do que conseguimos jogar. E isso foi uma mudança radical de tendência que não pode ser ignorada.
Eu realmente acho que esse é um dos motivos que causam a idolatria dos jogos antigos por alguns gamers mais saudosistas. Eu sempre insisto que os vídeo-games vêm melhorando e que os jogos bons de hoje em dia são melhores do que os jogos bons de antigamente. Mas entendo como alguns jogadores se prendem aos jogos de antes em detrimento dos jogos atuais, e vou explicar agora.
Suponha que você é um moleque vivendo na década de 90, como eu era. Vivendo no Brasil, sua oferta de consoles se resumia a Super Nintendo e Mega Drive. Claro, dizia-se que existiam outros consoles, que povoavam nosso imaginário, como o Jaguar e o Neo Geo. Mas isso era conto de fadas, eles nunca existiram de verdade; eram só montagens vagabundas feitas pela Ação Games e pela Gamepro, pra ter alguma coisa pra mostrar na revista, já que jogo que é bom não tinha. Tinha o primeiro Game Boy também, um “portátil” que era um trambolho, movido a quatro pilhas AA que não duravam nada, com jogos rudimentares em preto e branco que pareciam versões Atari EM PRETO E BRANCO de jogos do Nintendinho. Teh Horror!
Meu primeiro Game Boy
Então, o guri que queria jogar tinha um Mega Drive ou um Super Nintendo, e como os jogos eram caros pra cacete (malditos cartuchos) a solução era alugar as fitinhas malditas, como única forma viável de se manter atualizado com os últimos lançamentos. Mas como a oferta era escassa e os cartuchos eram importados pelas locadoras, você precisava ficar na fila de reserva pra pegar os jogos mais novos, como Sonic 2 ou Street Fighter Turbo. Alguns jogos, aliás, NUNCA saíam da fila de reserva, porque nego simplesmente não parava de locar aquela merda. Era o caso de jogos mega-hiper-blaster como Contra, Teenage Mutant Ninja Turtles e outros jogos 2 player, que eram o must no fim-de-semana, pra jogar com os amigos e primos.
A espera e a dificuldade para se conseguir jogar o que você queria gerava uma sensação de vitória e conquista pelo simples fato de você conseguir botar a mão no cartucho algum dia. Ah, a alegria de jogar um jogo apenas 2 ou 3 meses depois do seu lançamento. Hoje em dia nego baixa o jogo, queima um dvd e já tá jogando a parada antes mesmo dele ser lançado oficialmente. Vocês que pegaram só da época do Playstation em diante, com a abundante oferta de cds piratas, nunca vão entender o sentimento de “conseguir pegar um jogo”.
Pois bem, voltando aos jogadores senis.
Como eu estava falando, simplesmente conseguir o jogo já era um tesão. Ficar com ele por dois ou três dias inteiros então – as promoções de fim de semana que as locadoras faziam – significava dedicar todas as suas horas que não envolviam comer, defecar ou respirar a ficar na frente da tv jogando até começar a lacrimejar e os dedos ficarem dormentes. Quer dizer, comer não entra nessa, porque eu comia enquanto jogava também. E hoje em dia eu jogo no banheiro… e ninguém realmente pára de respirar enquanto joga… ok, vocês entenderam, era só pra dar efeito dramático e deixar claro que a gente jogava pra caralho antes de ter que devolver o cartucho.
Então, dentro desse cenário de novela, pense nas emoções despertadas pelo simples ato de ficar jogando o joguim, de dedicar horas e horas seguidas ao cartucho que deverá ser devolvido em breve. É como se alguém trouxesse a Monica Belucci pra sua casa e te dissesse que você tinha apenas 40 minutos pra utilizar a moça; é óbvio que você não vai fazer mais nada a não ser passar todo o tempo possível com ela, e tirar fotos em ângulos bizarros e comprometedores pra mostrar pra geral depois. Aliás, o que mais tinha nas revistas da época eram fotos que a gurizada mandava pras revistas, mostrando seus high scores nos jogos. Adoro piadas involuntárias.
A dedicação aos jogos daquela época ficou gravada na mente e nos corações desses jogadores senis, que hoje simplesmente não conseguem se desvencilhar daquelas emoções de outrora. Como hoje é muito fácil conseguir jogos, caímos naquele velho chavão de que “não valorizamos o que conseguimos de forma fácil”. A comparação entre os jogos de antigamente e os jogos de hojemente fica prejudicada pela carga emocional deixada pela década de 90, e esses jogadores senis ficam falando merdas do tipo “Orra cara, Final Fantasy IV é o melhor Final Fantasy que a Square já lançou”.
Melhor que Final Fantasy XII?
Ãâ€. Podecrê.
Mas dá um desconto pro cara. Ele passou pela guerra que foram os anos 90. O cara é tipo um veterano do Vietnam que perdeu as pernas e voltou meio lesado devido ao alto consumo de ópio. Deixa o cara falando sozinho e vai jogar Bioshock.
Vocês devem estar cansados dessa punheta em cima de heróis e zumbis por aqui. Vocês devem até estar pensando “puta, por isso que não gosto de HQ. é só gente mal-comida com cueca por cima da calça e umas recriações horríveis de Madrugada dos Mortos em quadrinhos. que saco!” Mas eu sou bondoso. E por ser bondoso resolvi presenteá-los com a Verdadeira Nona Arte. A maravilhosa encruzilhada entre literatura e simples desenhos. E eu não poderia estar falando de outra coisa além do novo lançamento da Conrad: Fun Home – Uma Tragicomédia em Família.
Fun Home é um quadrinho diferente. Não há ninguém com super-poderes. Não há irrealidades. Nada de fantasias e ficções. A obra foi escrita pela jornalista americana Alison Bechdel com um objetivo bem simples: contar a história de sua infância e sua relação com seu pai. Sim, uma biografia, uma memoir em quadrinhos, narrada ao ritmo do pensamento.
A capa da Criança.
Não há uma ordem cronológica para as diferentes cenas que compõem Fun Home. A narrativa desenrola-se através de pequenos casos contados e recontados á medida que novas informações são adicionadas ao relacionamento pai-filha.
Bruce, o pai da narradora, é um professor de literatura/dono da única agência funerária da cidade viciado em decoração de interiores, passando todo o seu tempo vago mergulhado na remodelização da casa, recuperação dos móveis e recriação do antigo estilo Vitoriano do imóvel. Possui um Gênio singular que parece lançar sua relação com os filhos no Céu e no Inferno, além de tornar o casamento com a mãe de Alison, atriz e dona de casa, uma guerra de gritos. É também o astro central da narrativa, que parece servir como resposta á seguinte pergunta: “Quem era meu Pai? Ele está Morto agora. Ok, eu acho que ele se jogou na frente daquele caminhão, mas a verdade é que ele está Morto agora. Quem era meu pai? Quem Era essa pessoa? E será que eu realmente era tão Diferente dele quanto pensava?”
Ao longo da narrativa, vários pontos ficam claros: não é só o amor á literatura e as tendências homossexuais que unem as duas personagens (sim, mesmo casado, descobrimos que Bruce era conhecido na cidade por xavecar e comer garotinhos malhadinhos. E Alison descobre ser lésbica ao entrar na faculdade).
Publicado no Brasil pela Editora Conrad no final de 2007 e escrito com estilo próprio, Fun Home (uma brincadeira com “Funeral Home”) trabalha intensamente com citações literárias e paralelos com escritores famosos, passando por Fitzgerald, Proust e Virginia Woolf. Além da literatura ter estado sempre presente na vida da autora, em suas própria concepção seus pais e sua vida pareciam mais reais quando considerados em termos “ficcionais”, “literários”. A obra tem tudo para se tornar um divisor de águas na publicação nacional de quadrinhos e vem com força para mostrar, de uma vez por todas, que Isso também é Literatura. E das Melhores.
Matanza é uma das bandas mais sensacionais do Brasil da atualidade. Eu diria que a banda entrou no lugar de Raimundos, é claro, inovando no som e nas letras. Não é uma comparação, só estou indicando o nível de criatividade ao misturar dois estilos (Raimundos: Hardcore + Forró – Matanza: Hardcore + Country) e lançar insultos como se não houvesse amanhã. Vamos á crítica, enfim.
Em A Arte do Insulto, os caras mostram que a energia, os insultos e a pancadaria, enfim, a sonzeira tradicional da banda, tá LONGE de acabar. Já começa como todo álbum bom do Matanza: quebrando tudo. E é só a primeira faixa. Clube dos Canalhas é um hino, um dos melhores sons de 2007. A letra é das melhores e, como não podia deixar de ser, o som também é. Ritmo desafiador, digno de macho. Pra quem não sabe, Matanza é música pra MACHO. Farra pra tudo é um bom remédio / Só um idiota completo morre de tédio – o pior é que, nesses dias, eu sou um completo idiota. Mas não dá pra se sentir entediado ouvindo Matanza. Enfim, sonzeira. O Chamado do Bar é incrivelmente empolgante e, obviamente, a letra respeita o título. Literalmente, o som te CHAMA pra um bar. Porra, você tá ouvindo Matanza. Você DEVIA estar em um bar. Ou em um puteiro.
Sabendo que Eu Posso Morrer mantém o ritmo digno de fazer seus ossos PULAREM de dentro de você, afinal, não dá pra ficar parado com esse Countrycore rolando solto. Pegue mais umas garrafas que tá só no começo. Quem Perde Sai marca a puta criatividade dos caras com as letras, sempre contando alguma história envolvendo bares, jogatina, mulheres e muita bebida. Obviamente, a história da vez é sobre jogatinas, puta letra viciante. Sem dar tempo pra você respirar, Meio Psicopata chega com mais pedrada e mais uma história. Dessa vez tem até um psiquiatra no rolo, sensacional.
Eu Não Gosto de Ninguém, definitivamente, é um som que faz parte da trilha sonora da minha vida. Não só por ser mais uma sonzeira sensacional e EMPOLGANTE, mas é claro que a letra diz muito sobre e para mim. Eu não gosto de ninguém, véi. Principalmente de vocês. Espero que vocês entendam bem. O Caminho da Escada e da Corda tem um começo mais pesado e menos veloz, com trechos de suspense nos versos. Dessa vez o cara foi condenado á FORCA. Dá um frio na espinha ouvir a história, e a sonzeira de fundo ajuda. É notável que os caras evoluíram musicalmente, e até mesmo nas letras. Até então, o melhor álbum da banda. Ressaca sem Fim chega QUEBRANDO TUDO, te chamando pra porrada. Puta sonzeira daquelas que insistem em me fazer repetir isso: EMPOLGANTE. O som mais nervoso do álbum, ótimo para um bate cabeça mortal. Os caras deram um toque leve de Thrash Metal na bagaça.
Tempo Ruim é mais uma prova da evolução musical dos caras. Porra, puta som EMOCIONANTE. Você nem vai precisar colocar no repeat pra decorar a letra e acompanha-la com convicção. Sonzeira sensacional que, acreditem, foge um pouco do estilo dos caras. Quem Leva a Sério o Quê? é outra sonzeira com a letra viciante e nervosa. Mais uma chance pra você se matar em um bate cabeça. Whisky para um Condenado traz de volta o velho Countrycore tradicional dos caras, mais cru e dançante. Mais uma história, dessa vez o puto só tem meia hora de vida. Então, Estamos Todos Bêbados encerra o álbum com um puta Country de… bêbado. Os caras simplesmente encarnaram o “propósito” do som e parecem estar totalmente bêbados. Nós estamos todos bêbados / Bêbados de cair / E todos que não estiverem bêbados / Dêem o fora daqui. Sensacional. O melhor álbum da banda. Um dos melhores álbuns de 2007. Boa ressaca.
A Arte do Insulto – Matanza
1. A Arte do Insulto
2. Clube dos Canalhas
3. O Chamado do Bar
4. Sabendo que Eu Posso Morrer
5. Quem Perde Sai
6. Meio Psicopata
7. Eu Não Gosto de Ninguém
8. O Caminho da Escada e da Corda
9. Ressaca sem Fim
10. Tempo Ruim
11. Quem Leva a Sério o Quê?
12. Whisky para um Condenado
13. Estamos Todos Bêbados