Conto: A Porta

Livros domingo, 05 de dezembro de 2010 – 0 comentários

A porta abriu. Amarrotado, com cara inchada, tirando a sujeira do canto dos olhos. Ele saía para trabalhar, e esperava pacientemente a chegada do elevador. A porta abriu. Querido, esqueceu o celular. continue lendo »

Cai o Pano (Agatha Christie)

Livros sábado, 28 de agosto de 2010 – 2 comentários

Neste último capítulo falando de Agatha Christie, o livro é o que encerra a carreira de Hercule Poirot, no melhor estilo “então era isso” possível. E sim, o livro é foda pra caralho. continue lendo »

Assassinato no Expresso do Oriente (Agatha Christie)

Livros segunda-feira, 16 de agosto de 2010 – 4 comentários

Já vi que leitor do Bacon não tem respeito por Agatha Christie… Mas vocês que se fodam, por que vou continuar falando dela. E a bola da vez é o que eu considero como a obra mais famosa dela, então, LEIA ESSA PORRA. continue lendo »

“Perfume” em dose dupla

Filmes bons que passam batidos sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008 – 6 comentários

Ok, estou trapaceando e recomendando um filme e um livro ao mesmo tempo. Apedrejem-me motherfuckers. Soterrem-me sob pedras, mas leiam o livro e assistam ao filme.

Eu só não sei o que é melhor fazer antes.

Porque eu fico puto quando eu vejo um filme bom e depois leio o livro. É um saco ler um livro excepcional já sabendo da história através do filme, não? Você deixa de ser surpreendido pela história, e acaba se prendendo em aspectos mais técnicos ao invés de se deixar levar pelos personagens e narrativa.

Por outro lado, eu acho pior ainda ver um filme depois de ler o livro em que ele foi baseado. Ao ler o livro você monta as cenas de forma exuberante e extremamente pessoal na sua cabeça deformada, e é difícil superar isso com as imagens feitas por outras pessoas. Daí vem a natural frustração das pessoas com filmes baseados em livros que elas já tenham lido.

Então a minha dica pra você decidir o que fazer primeiro é: DANE-SE; TANTO FAZ. Por sorte o filme E o livro são espetaculares, então você não vai errar de jeito nenhum.

O LIVRO

Resumão pra vocês entenderem qualé a de “Perfume”: Jean Baptiste Grenouille é um pequeno puto abandonado pela mãe e que cresce tendo uma vida desgraçada de merda miserável maldita. O cara se ferra. Mas tem um olfato do caralho.

Eu só me fodo

O cara cheira coisas impossíveis, cheira suas entranhas, o cara cheira os seus PENSAMENTOS se você estiver perto o suficiente. Sério, lê isso:

Para Terrier era como se a criança o visse com as narinas, como se ela o olhasse de um modo agudo e examinador, de um modo mais penetrante do que se poderia fazê-lo com os olhos, como se engolisse algo com o seu nariz, algo que saía dele, Terrier, e que ele não conseguia reter nem ocultar… Essa criança sem cheiro cheirava-o todo, desavergonhadamente! Farejava-o!

Grenouille cresce CHEIRANDO o mundo inteiro e aprendendo o ambiente através dos cheiros. Ele define as coisas através de como elas cheiram e classifica pessoas, emoções e objetos a partir dessas combinações olfativas. Cara, eu nunca vi um dos cinco sentidos ser tão bem utilizado como mote de uma história. E um sentido que normalmente é relegado, já que você não cheira palavras ou imagens.

Em uma pequena crítica, o livro demora pra engrenar. Não estranhe. Antes da história propriamente dita começar, o autor precisa de páginas e mais páginas pra fazer você criar simpatia por Grenouille. Uma simpatia extremamente necessária, já que ele vai cometer atrocidades ao longo da história, e faz você ficar pensando sobre o alinhamento moral dele. Essa é a força maior da narrativa, ao meu ver: deixar claro que Grenouille não é MAU ou BOM. Ele simplesmente montou um mundo olfativo onde regras morais não fazem sentido. A busca é pela sensação final, o gozo olfativo, o cheiro supremo.

O Perfume

Das Parfum
Ano de Edição: 1985
Autor: Patrick Süskind
Número de Páginas: 255
Editora:Record/Altaya

O FILME

Belo, belo filme. Poesia em movimento. O diretor foi simplesmente genial ao fazer você sentir o que é o mundo de Grenouille através de imagens. A ator escolhido para o papel, que eu nunca vi mais gordo, consegue expressar na face a sensação de se cheirar coisas sublimes e coisas horrendas. Ele parece um cachorro durante o filme todo, o que acho que foi intencional já que cachorros são ótimos farejadores.

A história é minimalista no filme, com as imagens tendo mais efeito do que os diálogos. Você simplesmente PRECISA embarcar no ritmo visual, ser levado pelas cenas de corte rápido e rascante, como um cheiro ácido e acre. Cenas longas e demoradas, como o aroma de um COELHO assado enchendo primeiro o fogão, depois a cozinha e finalmente a casa toda. Cenas que criam expectativa, onde Grenouille sente uma nota de algo no ar; o vazio sonoro, sem música, a palheta cinzenta de cores, que significam o vazio sensorial. Grenouille, feito um Wolverine, pega um cheiro e começa a segui-lo; a música começa, passa a compor e fazer par com mais cores na tela até que ele acha a fonte do cheiro, contorce o rosto, fecha os olhos, desaba no chão, arrebatado, a música sobre, preenche tudo e a tela explode. Sensacional. Melhor que isso só se o maldito filme tivesse cheiro mesmo.

GERAL quer o perfume do cara

A cena final, onde Grenouille encontra e liberta seu perfume supremo, é tão maravilhosa e orgiástica, tão bonita e erótica que me lembra os melhores momentos de Calígula. Mas vocês são novos demais pra saber o que isso quer dizer. É um tipo de cinema que não existe mais. Onde pessoas peladas e o sexo são mostrados de uma forma a passar uma mensagem ao telespectador, e não apenas a criar excitação por ver um corpo nu. Aliás, esse filme quase passou batido por aqui. Muito injustamente.

Trailerzinho aí pra vocês que gostam disso:

Altamente recomendado. Cenas maravilhosas, ritmo exclente, história original e fora do padrãozinho Roliúdi.

Perfume: A História de um Assassino

Perfume: The Story of a Murderer
Lançamento: 2006
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Andrew Birkin; Bernd Eichinger
Elenco: Dustin Hoffman; Alan Rickman; Ben Whishaw

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