O Netflix, o seu umbigo e o cinema

Cinema terça-feira, 07 de outubro de 2014

três anos algum tempo atrás, quando eu ainda era redatora dessa bodega, escrevi um artigo sobre a pirataria e seus reflexos diretos na sétima arte. O artigo deu pano pra manga, muita gente comentou e felizmente, as opiniões não eram unânimes. Só que uma coisa muito interessante aconteceu: Uma das possíveis soluções para a pirataria que comentei naquele post realmente se consolidou e hoje vivemos a era do Netflix, ferramenta muito legal que elevou o entretenimento a níveis incríveis. Assinante que sou, vou contar a minha experiência e jogar na sua cara a minha opinião. E né, se eu bem conheço você, gordinho semi-virgem leitor do Bacon, com certeza cê vai ter uma consideração a fazer, só pelamordedeus lê essa porra antes de comentar.

Buenas, embora eu tenha sugerido em 2011 as locadoras virtuais, estas ainda engatinhavam como um bebê. Pra se ter uma ideia, eu mesma tive uma péssima experiência com uma delas meses antes do texto. Basicamente era uma assinatura para assistir filmes online, em débito automático com um valor baixo por mês. Acontece que o acervo de filmes era uma piada. Produções antigas, absoletas, de diretores e estúdios questionáveis. Enfim, sem nenhum atrativo. Para se ter acesso aos filmes lançamento (Que se resumiam a comédias nível Adam Sandler e filmes de ação) o valor dava um duplo twist carpado. Resultado? Cancelei.

 Sei…

Então, passei a cometer crime fazer aquilo que todo mundo faz: Baixar filmes. Mas a atitude me deixava reflexiva, pois eu estava ajudando a afundar a indústria cinematográfica. Vi redes enormes de videolocadoras fecharem as portas. Me socorri na Americanas e comprava filmes originais aos montes nas gôndolas da loja. Só que nada tirava da minha cabeça que a tecnologia deveria atualizar a nossa forma de comprar cinema. E que em breve os lançamentos estariam mais acessíveis, com preços mais convidativos e muito mais próximos do consumidor, tudo isso de forma lícita. E não é que eu tava certa?

Assim, veio surgindo o Netflix, um portal por assinatura onde uma profusão de entretenimento explode no seu computador, na sua smart TV e no seu smartphone. Os benefícios? Os mais diversos possíveis. Preço altamente acessível, com a possibilidade de múltiplos acessos ao mesmo tempo, dando a opção para a galera dividir o valor da mensalidade. Além disso, a curadoria de filmes é maravilhosa, com longas que vão do clássico ao lançamento, tudo isso subdivido em categorias pré-determinadas. Quer mais? O Netflix oferece documentários, séries (De canais pagos e originais), novelas mexicanas (Oi, Paola Bracho!) e musicais. Como se não bastasse, o site ainda separa os usuários em perfis personalizados com indicações que mais se encaixam nas suas escolhas.

Tudo isso me deixou muito entusiasmada e posso dizer com 100% de segurança que foi um dos melhores investimentos que eu fiz. Pago em torno de 7 dilmas – não, você não leu errado – para ter acesso à uma vida de filmes. Alguns deles nem para comprar eu acho. Vale lembrar que dependendo do pacote que você faz, existe a contratação de filmes em HD, o que pra mim é o diferencial. Sinceramente? Demais! Vários filmes ficam mil vezes melhores do que na TV a cabo. Sem contar que as séries originais como Orange Is The New Black e House Of Cards, estrelada por Kevin Spacey de Seven, que concorreram ao Emmy por exemplo, o que já demonstra a absoluta qualidade e os elencos de tirar o fôlego. Em tempo: Recomendo a série Um Drink no Inferno, dirigida pelo próprio Robert Rodriguez, que esteve à frente do filme original. Um prato cheio para quem curte cinema!

Há quem ainda reclame e diga que é melhor baixar tudo isso de graça pela internet. Mas, meu amigo, duvido muito que você terá paciência para baixar filmes que poderiam estar ao alcance de um clique – mesmo! – com uma qualidade infinitamente superior ao dos pirateados e sem precisar ficar procurando legenda. A pirataria na minha vida foi quase extirpada. Sem contar pequenas pérolas completíssimas como Chaves, Chapolin, O Mundo de Beakman e Cavaleiros do Zodíaco, que por si só já valem qualquer valor de mensalidade.

 Um Drink No Inferno: Apenas uma das diversas séries que merecem destaque.

Acredito de verdade que esta é uma excelente oportunidade para atrair pessoas que veem comodidade e vantagem gigantescas em adquirir filmes piratas. Hoje, através do Netflix (E cito somente ele porque ainda não surgiu um concorrente à altura), essa realidade pode sim começar a mudar. E digo mais: isso já está mudando até mesmo os lançamentos. Não canso de ler matérias animadoras sobre projetos a serem lançados na plataforma. Acredito realmente em mais espaço para filmes únicos e originais, assim como séries independentes e bem produzidas. O Netflix também samba na cara das inimigas ao lançar temporadas com todos os episódios de uma vez, sem aquela palhaçada de ficar segurando você por semanas. Ponto pra eles!

Nota do editor: Sabe de nada, inocente. Existe uma espécie de Netflix pirata: O Popcorn Time, que virou Time 4 Popcorn, ou algo assim. Não vou divulgar, se vira mermão!

Existem boatos de que o site foi responsável pelo fechamento de grandes videolocadoras e que, na sequência, vai tratar de dar um fim na tv aberta. Bullshit! Quem realmente conhece um pouco da indústria cinematográfica sabe que as locadoras já vinham aos trancos e barrancos graças à pirataria, como eu discorri no texto que mencionei lá no começo. A pirataria reduziu a principal fonte de renda dos estúdios e produtoras: Venda de DVDs. Por tabela, lá se foram as videolocadoras. Agora, sobre superar a TV aberta: Incontestavelmente em matéria de qualidade já superou, mas todo lixo tem seu nicho. Acredito que a TV aberta vai passar por uma reforma, mas não, não irá acabar.

 E cê ainda vai ter que engolir cada vez mais ideias geniais como essa.

No entanto, a cartada final ainda está para acontecer e num futuro muito próximo. Recentemente, o Netflix anunciou seu primeiro filme de estreia simultânea com os cinemas para o ano que vem. Genial, né? Pense: Assistir um super lançamento no conforto da sua casa, com opção de legendado/dublado, em alta definição, podendo pausar, voltar e ainda decidir se vai querer ir até o cinema assistir de novo num 3D, por exemplo (Por enquanto, porque né, já já vai ter essa opção no Netflix também). Obviamente que isso não substitui a experiência e o ritual delicioso de ver um filme no cinema – coisa que minha porção oldschool ainda defende. Mas porra, as vantagens são enormes!

Resta saber se esse rol assustador de vantagens não é apenas uma forma de futuramente enfiar goela abaixo uma porrada de anunciantes. Até o momento isso não acontece, mas nada impede do portal vender a alma para um bando de marqueteiros (Youtube, estou olhando pra você!). O fato é: Tudo que é bom tem seu lado ruim. Pode ser que o Netflix tenha iniciado um marco na escala evolutiva do consumo da sétima arte. Daqui pra frente não imagino que nenhuma outra empresa consiga se sustentar num mercado competitivo desses sem oferecer as mínimas vantagens que o Netflix apresenta. Melhor para o nosso umbigo sujo, óbvio. Só que quando a esmola é demais o santo desconfia e por mais que existam milhões – é, milhões – de assinantes no mundo todo, o capitalismo impera, ou seja, o lucro sempre vai estar em primeiro lugar. Eu continuo achando que dá pra equilibrar os dois lados, consumo vantajoso e lucro do fornecedor, como já vem acontecendo no Netflix. Mas, será que isso vai durar? A resposta para essa pergunta só o tempo irá dizer. Então, até daqui três anos… Quem sabe?

A senhorita Jade foi redatora do Bacon, demitida por só escrever de três em três anos. Mas ela continua tendo espaço no Feijoada. Quer também? Vai fundo, champs!

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