Tudo que é bom…

Cinema segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Você, meu nerd lindo, que manja tudo de internet, computador, Star Wars e o caralho à quatro, deve saber o quão fácil é baixar um filme pela internet. E se você for mais espertinho ainda, cê sabe que dá pra conectar numa televisão. Pronto. Agora é só pegar a pipoca, o seu refrigerante de 2 litros e ligar pra cocotinha vir curtir um filme com você. Tá vendo? Além de fácil, é cômodo. Agora pense em outra situação: você lendo as Estreias da Semana do Bacon Frito, todo faceiro, achando que finalmente lançaram coisa nova e “PUTA QUE O PAERIUUU!!1!” uma enxurrada de continuações, adaptações de best-sellers e super-heróis. Acontece que a culpa é sua, TODA SUA!!! Mas antes de eu comer seu cu discutir a relação com você, façamos um minuto de silêncio pelas video locadoras (Até porque o dono de uma deve estar muito mais puto da cara com a pirataria do que eu).

Ok, ok. Não vou me esquivar e dizer que nunca baixei filme algum. Óbeveo que já. É ilegal? No alto da minha pose de estudante mala de Direito, eu garanto que é. É violação de propriedade intelectual e muito mais. Acontece que baixar filmes é uma opção muito mais rápida, fácil e, dependendo do seu ponto de vista, compensadora do que freqüentar salas de cinema ou comprar um DVD original. Há ainda quem baixe por pura falta de opção, como já foi levantado em discussões como essa, ou você pensa que é fácil achar filmes raros na Americanas? Pior ainda: E quem mora no oco do pau interior e não conta com locadora e muito menos com um shopping/cinema? Aí complica e o negócio é apelar pro PirateBay mesmo. Acontece, que não existe almoço de graça, sempre alguém vai ter que pagar a conta. E nesse caso ela foi dividida entre todos nós, consumidores da sétima arte.

E é sim, você é um consumidor. Ou pelo menos Hollywood e 99,99% de todos os produtores te vêem como tal. Aí você pega a história do cinema lá do começo e vem seguindo. Tudo lindo, quanta coisa bacana e… Pá, aparece a Eva da modernidade: A internet. Parecia a solução do mundo, conectando milhões de pessoas com outras milhões de pessoas, mas a mardita resolveu comer a maçã. Começou a espalhar conteúdo protegido por lei gratuitamente e em pouquíssimo tempo deu uma pentada rasteira violenta na indústria do cinema. O faturamento com os filmes caiu drasticamente. Um, pela queda de espectadores que iam às salas de cinema e dois, pela queda de vendas de DVD (Estima-se que as vendas de DVDs superava quase 3x o faturamento com a venda de ingressos). Logo, o mercado se encheu de caras com pochete, conhecidos como camelôs e a coisa começou a degringolar pra valer. Em um ano vi mais de três vídeolocadoras fecharem as portas na minha cidade e as salas de cinema esvaziarem depois de uma semana do filme em cartaz. Estava claro que alguma coisa precisava ser feita.

 FIDAPUTA!

De fato algo foi feito, mas não exatamente algo bom. Com a crise, os estúdios começaram a repensar seus lançamentos e decidiram que a solução para não perder mais dinheiro era investir em fórmulas com mais garantias. Então, mandaram os filmes menores passear e passaram a lançar filmes com público alvo mais certeiro, como as continuações (Sacou agora porque ressurgiram com o Indiana Jones?), as adaptações de livros que todo mundo já leu (Comer, Rezar, Am…ZZZzzzzZZZ) e claro, os super-heróis que sempre rendem muito. Isso não quer dizer que Hollywood deixou de gastar com seus filmes, nada disso. Elas passaram é a direcionar os valores para determinadas produções. E bem, o 3D foi só mais um aliado para levar a galera pro cinema e tentar alavancar as bilheterias. Rendeu bem no começo e até filme de drama tá sendo lançado com a tecnologia, mas ao meu ver a coisa vai perder um pouco a força daqui uns tempos. De qualquer forma, ainda faltava resolver a questão da venda de DVDs e foi aí que entraram as lojas virtuais oficiais. Além de custar mais barato que o disco, havia a opção de locação com um arquivo que se autodestruía 24 horas depois que você assistisse. O negócio deu certo e até originou aquilo que vemos em vários banners pela web, as locadoras virtuais, que permitem que você assista tudo online através do pagamento de uma mensalidade. E o melhor, tudo em alta resolução e sem peso na consciência.

Mas, mesmo com toda essa xaropada pra ver se melhorava a tosse, perdemos muito mais do que ganhamos. Dá tristeza olhar as estreias e os anúncios dos lançamentos e sim, a culpa é toda nossa. Somos nós que alimentamos a indústria pirata, que compramos os 5 por R$ 10,00 na praça. Parar de baixar filmes é a solução? Negativo. O negócio é tentar baixar filmes licenciados, de lojas online oficiais, afinal, hoje em dia a oferta dos filmes é bem maior que antigamente. Dá também pra fechar bons negócios em locadoras que se comprometem com a entrega e busca dos discos, tentando fazer você ficar cada vez mais vadio à vontade. E eu bato na tecla também, de que sim, é possível ainda comprar o bom e velho DVD original. Principalmente se falarmos dos mais antiguinhos, sempre jogados numa gôndola e a preço de banana. Viu só? Dá pra driblar a pirataria, mas é necessário força de vontade e um certo dinheiro.

 Certas sensações só mesmo numa sala de cinema.

Agora, vem cá, tem algo que eu preciso desabafar. Eu tenho muito ÓDIO de gente que tem preguiça de ir ao cinema. Mas ah, Jade, e o estacionamento, e a fila e eles não tem refrigerante 2 litros blá blá blá? Vai à merda!!! Sério mesmo, espero que você morra na enorme fila do drive thru do McDonald’s que você sempre vai. E esquece essa história de só ir no cinema pra levar seu filho ver desenho. Eu acho essencial uma pessoa freqüentar salas de cinema. Existem filmes que só são completamente experimentados numa sala com acústica ideal, tela giga e com cheirinho de pipoca. É parte da história do cinema todo o ritual de assistir um filme, de exibí-lo daquela forma. Não dá pra pular etapas porque surgiu a era de Aquário da internet. Dá sim é pra adaptar, renovar o modo de ir ao cinema, as técnicas nas filmagens. Mas deixar de ir até lá, jamais. O cinema é uma arte e precisa ser visto como tal. Escutar um CD do Metallica é diferente de assistir um show. E o show do cinema é mostrado lá, naquela sala escura que você tem tanta preguiça de ir.

Mas mesmo com todo esse discurso romântico, eu sei que o negócio não é tão cor-de-rosa e ainda vamos ter que amargar muitos filmes ruins que tem bom retorno financeiro pros estúdios. Esse chute na bunda da criatividade é ruim demais para os single movies, aqueles sensacionais e únicos que povoaram as décadas passadas. Meu único medo é de não saber quando é que a crise vai passar e eu nem vou arriscar prever o que pode acontecer. Talvez nós nos adaptemos à um novo modo de “comprar cinema”, talvez a pirataria tenha causado danos irreversíveis à sétima arte. A única coisa que eu sei é que se quem faz cinema estiver em sintonia com quem assiste, o resultado será sempre melhor. Se a demanda criativa for atendida, já dá pra cantar vitória, mesmo que isso signifique lucros menores. Mas daí já é utopia demais pensar que “lucros menores” faz parte do dicionário dos produtores. De qualquer forma, querido nerd… Baixar filmes é bom, mas tenha certeza que é um chute no saco de quem os faz e no seu, por tabela.

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