The Boys: HQ pra macho.

HQs terça-feira, 30 de outubro de 2007 – 7 comentários

Pois bem. Só por eu ter falado sobre Transmetropolitan aqui, eu já deveria poder tirar minha aposentadoria com todo o luxo incluso, mas como eu sou benevolente, farei mais um favor a vocês, baitolas, trazendo mais uma HQ que pode talvez transformá-los em pessoas decentes.

The Boys é uma HQ do irlandês Garth Ennis (de Preacher), ilustrada por Darick Robertson (co-criador de Transmetropoli… porra, eu já devia poder parar esse texto por aqui. Só esses dois parênteses já deviam ser o bastante pra ces saberem que a HQ é do caralho). O cenário é quase como o mundo de hoje, mas existem pessoas com super-poderes nele. Ou seja: Tinha tudo pra ser uma HQ padrão de super-heróis com cuecas por cima das calças. E de um certo modo, ela é. A diferença mais notável é que os super-caras não são o centro da história. Quem manda na bagaça toda são os caras de um grupo especial da CIA criado pra manter os heróis na linha. Uma espécie de BOPE dos super-heróis. E a coisa toda é comandada pelo intimidante Açougueiro.

Com um cachorro desses, até eu seria marrento.

A idéia não é necessariamente nova. Nas próprias revistas famosas de heróis da Marvel e da DC já se viu alguma coisa sobre isso, e a idéia chegou a aparecer até em Liga da Justiça. O grande problema é que nenhum desses caras foi PIRATA o suficiente pra levar a idéia mais a fundo, e mais: Nenhum deles foi pirata o bastante a ponto de mostrar o ponto de vista dos heróis como algo ERRADO. E é aí que o Garth entra. O cara chuta a porta, mesmo, descendo o SARRAFO nos caras com a cueca por cima da calça sem remorso nenhum.

Criar The Boys foi como dar uma botinada na cara do Superman. Literalmente. Logo na primeira HQ, onde alguns dos personagens são apresentados, uma cena clássica é mostrada: O vilão é arremessado num muro, em um parque de diversões, que, logicamente, está cheio de gente. Até aí, tudo normal, a não ser por pequenos detalhes. Detalhes, aliás, que são precisamente os pontos essenciais da HQ, e que são omitidos em toda HQ, desenho ou filme de super heróis: Pessoas morrem em explosões, prédios demolidos e terremotos. No caso, a vítima é Robin, namorada de Hughie Mijão, um dos personagens principais da revista. O vilão, arremessado no muro, acaba acertando a garota em pleno ar, deixando apenas as mãos mutiladas da pobre vítima ainda seguradas pelas mãos de Hughie. Uma bela cena, devo dizer. Sem o menor arrependimento – aliás, sem nem sequer parar pra prestar atenção na cena -, o super-herói, Trem-A, diz uma frase de efeito imbecil e sai de cena, deixando o homem traumatizado pra polícia cuidar. Como qualquer super-herói faria, aliás.

Claro que o cara fica puto com isso, e é aí que o Açougueiro entra. O cara também parece detestar os super-heróis, e tá tentando montar de volta o grupo de “anti-heróis” dele. Além de chamar o Hughes Mijão, que, claro, ficou muito puto com a brigada da cueca em cima da calça depois do “acidente”, temos a psicopata Mulher, que sabe-se lá como explode a negada, deixando rostos arrancados e destruição pra todo lado, o Filhinho Da Mamãe, que é praticamente um segundo em comando no grupo, necessário pro Açougueiro, e o Francês, que tem uma entrada ao estilo Zinedine Zidane, e, e… porra, onde é que eu já vi esse cara, mesmo?

Spider? É você?

The Boys foi publicada até o sexto volume pela Wildstorm, até que a série foi cancelada, em 24 de janeiro deste ano(é, véi, ainda se fazem HQs boas hoje em dia), sem mais nem menos. Pois é, FODERAM com o cu da ÉGUA, mesmo. Isso tudo porque a DC não gostou do “tom anti-heróico” da HQ. Rá, ficaram PUTINHOS, véi. Mas pelo menos os caras liberaram o Robertson, que tem contrato exclusivo com eles, pra continuar publicando a HQ junto do Garth, se arranjassem quem o fizesse. E em fevereiro os caras arrumaram: a Dynamite Entertainment resolveu continuar essa maravilha de idéia. A HQ então voltou á ativa em maio, e hoje temos até a décima quarta edição dessa pérola das HQs.

Enfim, se você gosta de humor negro, sanguinolência, herói tomando porrada no olho, humor negro, estupros caninos, matança, destruição, morte, sadismo, Preacher, Transmetropolitan e humor negro, essa é a HQ que vai te satisfazer, marujo!

Agora, se vocês querem link pra bagaça, que tal perguntar pro JÃO MATADOR?

HQ com lição de moral

HQs segunda-feira, 27 de agosto de 2007 – 4 comentários

Prá variar, eu estava lendo o Estadão e achei uma notícia sobre um site que conseguiu uma campanha política de George Wallace em forma de história em quadrinho. George Wallace é o governador racista que tentou impedir dois negros de entrarem na faculdade lá pelos anos 60, e eu só lembro disso porque esse episódio é contado no filme Forrest Gump. De qualquer forma, abri o tal site. E quer saber? A campanha política de George Wallace é o de menos nesse site! A página Comics With Problems é um verdadeiro achado. Ali existe uma compilação no que há de mais tosco mais politicamente correto para ajudar crianças e adolescentes a não usarem drogas, reportarem abuso sexual, evitarem AIDS e outras coisas desse naipe.

Bem que eu desconfiei que essa coisa de aranha prá cá, aranha prá lá, era só disfarce.

Uma das que mais gostei foi o gibi que faz apologia contra a maconha. A mina é ginasta, toda certinha, e puxa fumo só prá tentar impressionar um cara de quem está a fim. Adorei a parte que ela vai treinar completamente chapada.

A safada dando um peguinha e chegando toda lesada no treino. Ia ser legal se ela desse pala na frente do treinador, né?

Seria uma ótima idéia re-editar essa espécie de gibi e distribuir em escolas, daí talvez o negócio funcionasse. Essas hq’s do site são da década de 60, por isso que soam ridiculamente obsoletas, caretas ao invés de corretas e mais me fizeram rir que refletir. Mas a essência -orientar e auxiliar jovens- não deixa de ser boa.

Livros de Agatha Christie viram quadrinhos

HQs quinta-feira, 23 de agosto de 2007 – 6 comentários

Uau, dei pulinhos de alegria quando soube disso \o/
A inglesa Agatha Christie é uma das autoras mais lidas no mundo todo, mesmo após 31 anos de sua morte. E não é por acaso: suas histórias de detetive são fascinantes. Eu já devo ter lido uns 40 livros dela (ela publicou 66 no total, excluindo contos e peças) e recomendo pelo menos uma dúzia como MUITO bons.
Christie é a criadora do simpático e cabeçudo detetive Hercules Poirot (que já virou até seriado de TV. Não recomendo, achei que adaptado prá TV ficou muito chato, mas tem inúmeros fãs da série que alegam exatamente o contrário. Enfim, fica a dica) e da fofoqueira -porém genial- Miss Marple. É também autora de títulos-peso como O Caso dos Dez Negrinhos (no original Ten Little Niggers); um dos livros mais FODAS que já li, com uma história intrigante e com um plot twist sensacional e Assassinato no Expresso do Oriente, com adaptação para cinema (1974) e TV (2001), esta última que incorpora Alfred Molina no papel de Poirot.

Molina como Poirot. Você sabia que o nome do detetive se pronuncia “poarrô”? Pois é, 90% das pessoas não sabem.

Bom, mas vamos ao que interessa (heh): os quadrinhos. Ao todo serão 83, sendo que os 12 primeiros serão lançados em setembro, e o restante em 2008. A má notícia é que ainda não sabemos se serão traduzidos e publicados no Brasil. Só nos resta cruzar os dedos e torcer, porque parece que o trabalho ficou bem legal.

Página da adaptação de Assassinato no Campo de Golfe. ó o Poirot ali!

Os 12 primeiros quadrinhos devem ser publicados na Inglaterra entre os dias 9 e 15 de setembro.

Transmetropolitan – A Nova Escória

HQs terça-feira, 07 de agosto de 2007 – 11 comentários

Certo, suponho que Transmetropolitan não seja completamente desconhecido por aqui. A HQ foi lançada aqui no brasil pela Brainstore, faz algum tempo, mas os caras pararam de lançar a revista durante o arco “O Ano do Bastardo”, lá pela décima nona revistinha. Para quem conhece e já leu, recomendo que leiam mais uma vez. Para quem já ouviu falar e não leu, recomendo que leia e pra quem nem ouviu falar, eis aí sua chance pra largar de ser TANGA.

A HQ lançada pela Vertigo (o mesmo selo da DC que lançou Sandman), que tem um clima completamente cyberpunk numa atmosfera futurista, tem tudo o que precisa pra fritar seu cérebro enquanto você lê: Polêmicas políticas, religiosas, sociais… enfim, todo o podre da humanidade, e o mais puro ódio urbano em quadrinhos.

O mais interessante nesse maravilhoso trabalho de Warren Ellis é que, por mais que se aponte a toda hora que o trabalho é de ficção extrema, é possível notar claramente que a revista é extremamente realista. A coisa toda funciona como uma ótima ironização da cidade grande nos tempos atuais, sendo mostrado tudo o que acontece hoje em dia, mas de um modo mais alegórico e exagerado: Como a mídia cria e destrói rápido as “tribos” da cidade; religiões que surgem como Frankenstein, a partir de pedaços retalhados de outras religiões/ideologias/o que quer que seja; a polícia sendo usada como a mão pesada de ferro de políticos corruptos; a noção de como o ser humano lucra vendendo meios para outros seres humanos se auto-destruírem(aliás, a idéia da ebola cola foi simplesmente fantástica); entre diversas outras coisas.

A HQ gira em torno de Spider Jerusalem, um colunista do jornal The World que largou o jornalismo para viver o maior tempo possível nas montanhas, longe da civilização. Quando as contas começam a apertar e uma editora a cobrar o livro que ele se propôs a lançar, Spider se vê obrigado a voltar á cidade atrás de dinheiro, usando de todo o seu ódio doentio para escrever sua coluna semanal.

Recomendo que, ao ler a HQ, o leitor preste bastante atenção em cada detalhe dos quadros, pois várias sátiras maravilhosas ao mundo atual podem ser vistas no canto mais escondido de um quadro sem importância.

Enfim, o negócio é torcer pra que algum dia alguém resolva lançar o resto das sessenta edições da revista aqui no Brasil, porque Transmet sem dúvida nenhuma deixa qualquer Sandman no chinelo. Espero que a bagaça volte a ser exibida por aqui logo, porque, rapaz, PENSE numa HQ do caráio!

baconfrito