O Orfanato (El Orfanato)

Filmes bons que passam batidos quarta-feira, 19 de março de 2008 – 16 comentários

Cara, Guillermo del Toro é DEUS. E se não é, devia ser:

Pensando bem… melhor não.

Ok, foi um exagero. Mas orra, como esse gordo manda bem cara. Já falei desse cara antes, na resenha de El Laberinto del Fauno, que eu sei que vocês ainda não assistiram porque cês são tudo uns puto e preferiram assistir Homem-aranha 3. É como o Théo sempre diz: Vocês têm mau-gosto.

Então, El Orfanato é a produção mais recente do cara a chegar aos cinemas nacionais e pelo menos ESSE filme vocês têm que assistir. Cara, eu IMPLORO pra vocês assistirem, o mundo precisa de mais cinema feito desse jeito.

El Orfanato (2007)

Querem saber a história do filme? WHO FUCKING CARES? Se del Toro fizesse um documentário sobre latas de leite condensado eu pagava pra assistir; isso aqui não é cinema de historinha boba com final feliz. O que o cara faz em todos os filmes é foder com sua mente por mais ou menos 100 minutos e depois te deixar pedindo mais. A história é o de menos, o que importa é a MANEIRA como ela é contada. Se ele fizesse o tal documentário, as latas de leite condensado seriam fantasmas que assombrariam um supermercado, clamando pela vingança de suas mortes, que foram jogadas por engano na lata de lixo orgânico e trituradas junto com as alfaces. A lata de leite condensado principal sairia catando abridores de lata para derrubar as paredes do supermercado atrás da lata de lixo orgânica onde jaziam os cadáveres triturados das latas que não tiveram seu justo fim. Vou mandar esse roteiro pro del Toro.

El Orfanato é um suspense, mas não é um suspense. É uma fábula, mas não é uma fábula. É um filme de horror, mas que não assusta ninguém; como todos os filmes de del Toro, ele transita entre os gêneros, sem se apegar a nenhum de forma rígida. Depois de passar por El Espinazo del Diablo e El Laberinto del Fauno, eu já sabia como tirar o máximo de El Orfanato: Senta na frente da tela e simplesmente deixa o cara fazer o trabalho dele. É como deitar pra uma massagem… No cérebro. Suspenda os seus julgamentos e a necessidade de que tudo que aparece na tela precisa fazer sentido imediatamente. A cena tá meio esquisita, a atriz falou uma coisa estranha, apareceu um personagem novo do nada? Não esquenta, tudo vai ser explicado no final. As coisas vão se encaixando, deixe o filme te levar. Vai vendo tudo com olhos de criança, aprecie as cenas bonitas, a fotografia, os momentos de silêncio, o tempo que as coisas levam pra acontecer. Não tente prever a próxima cena, mas preste atenção quando ela estiver rolando na tela.

Presta atenção nesse moleque. Ah, sim. Isso é um moleque.

O que me deixa muito confortável nesse filme é que o cara conta uma história em que você sente que ele SABE do que tá falando. O filme se passa num orfanato (Saca o título e tal?) que é um tema recorrente para del Toro. El Orfanato é quase uma refilmagem do El Espinazo del Diablo, onde também se documentava acontecimentos terríveis em um orfanato. Os dois filmes têm uma atmosfera totalmente opressiva, de orfanatos que ficam localizados na puta que o pariu, como se fizessem parte de um outro mundo, afastado do nosso, onde fantasmas realmente existem. Os próprios orfanatos, as casas, são os personagens principais. São como seres vivos que vão sendo abertos, paredes derrubadas, portas que se fecham sozinhas pra guardar segredos, se deixam explorar aos poucos, revidam agressões, derrubam vigas na sua cabeça e fazem todo mundo sangrar. Um tesão.

Mas em El Orfanato o tema segue adiante e fica melhor; não é apenas uma história de fantasmas, onde se desvendam os acontecimentos terríveis do passado de crianças fragilizadas. Aqui as memórias atuam de forma lancinante no presente dos protagonistas, moldam suas vidas, distorcem a realidade e levam todos pra bem perto da beira da loucura. E certamente os levam pra morte. Os fantasmas são palpáveis e arrastam os vivos pros cantos mais obscuros da casa, criando as melhores cenas do filme. É como explorar o sótão de uma casa antiga quando você é criança; os cantos vão ficando cada vez mais escuros e difíceis de entrar, mas você simplesmente PRECISA saber o que tem atrás daquela porta, daquele armário, daquela cortina. Laura, a personagem principal, é a apenas uma extensão de cada um dos telespectadores, o seu “avatar”, dentro do filme.

Laura. MILF.

A identificação com Laura, aliás, é imediata porque, embora ela faça coisas terríveis, nenhum de nós faria diferente no lugar dela. Ela não tem escolha nas suas ações, não existe espaço para optar, mas ainda assim ela o faz por vontade própria. Ela caminha pra sua morte certa, mas com as próprias pernas e sem ninguém empurrar. Fascinante.

Bom, se ainda não te convenci a assistir ao filme, saiba que o SR. BARRIGA está nele. É meu, o Sr. Barriga do Chaves! Se isso não te convenceu, cê é um bosta que não sabe se divertir.

Aí ó: Recomendação FÁCIL esse filme. Certamente um dos 10 melhores que cê vai ver nesse ano. Trailerzinho pros tangas que precisam de trailer pra se convencer:

Assistiu? Tanga.

O Orfanato

El Orfanato (105 minutos)
Lançamento: 2007
Direção: Juan Antonio Bayona
Roteiro: Sergio G. Sánchez
Elenco: Belén Rueda; Sr. Barriga

Resenha – 300

Cinema terça-feira, 15 de janeiro de 2008 – 5 comentários

Já tivemos uma outra resenha [Nota do editor: Não tem mais] recentemente sobre “300” aqui no AOE. E vocês, leitores chatos bagarai, devem estar se perguntando por que demoramos tanto pra resenhar esse filme.

No caso dos outros resenhistas eu não sei, mas no meu caso é porque eu quis mesmo esperar a poeira baixar e ver se o filme continuaria me emocionando meses depois.

300 (2006)

E então? Esse filme ainda é bom mesmo ou era só aquele hype e excesso de propaganda do início do ano? Bom, pra começar, quero XINGAR o filme, listando todas as suas coisas ruins:

1) Rodrigo Santoro;
2) Nenhum espartano na história da humanidade NUNCA pareceu com um stripper depilado e usando sombra nos olhos.

Portanto, o filme se tornou uma propaganda visual homossexual. Acho que já falei isso em outro lugar. Mas ok, não consigo pensar em mais nada pra xingar. Vamos para as partes boas.

Apesar da temática visual meio gay, ainda assim acho que “300” é um filme do caralho e sou meio suspeito para opinar sobre ele. Então requisitei a opinião da Gabi sobre a película:

Atillah – Slaying Mojitos diz:
Gabi, por favor. Assim, do nada:
Atillah – Slaying Mojitos diz:
diga uma frase sobre o filme “300”?
Gabi diz:
mó gostosa essa rainha.
Atillah – Slaying Mojitos diz:
Ok, acho que posso utilizar. Obrigado.

Devo concordar com a Gabi. Pra compensar os strippers, pelo menos colocaram uma rainha gostosa e com personalidade. Sem falar no Oráculo. Não lembro muito dessa parte de intrigas políticas na HQ, mas até que encaixou bem no filme. E como o Théo sempre diz: se é pra fazer um filme igualzinho ao livro, pra que assistir ao filme ou ler o livro?

Aê rainha, pega eu.

Aliás, no caso de “300”, a fidelidade á HQ e ás cenas desenhadas por Frank Miller é o grande trunfo. O trabalho foi tão bem feito como em “Sin City”, e é um ótimo exemplo de como um filme pode te seduzir com suas imagens e ritmo, mesmo você já conhecendo o enredo. Os detalhes, esse é um filme para se observar os detalhes. Vejam como o cuidado na fotografia e na edição visual/sonora podem construir cenas inesquecíveis em filmes altamente improváveis, como “300”:

Em um certo momento do filme, o exército espartano passa o cerol em um monte de persas, e o Deus-Rei Xerxes vai pessoalmente até Leônidas, para tentar seduzi-lo com promessas e dar um fim ao massacre.

Reparem na expressão de desdém que Leônidas adota quando vê Xerxes se aproximando, todo Vera Verão, em cima da sua carroça-plataforma carregada por escravos. Leônidas não fala nada, apenas olha com descrédito, em um semi-sorriso irônico; não precisa mais nada para que você entenda o cara:

“mas esse Xerxes é uma bicha louca mesmo. Olha que empáfia, que falta de noção. Eu aqui de pé feito homem esperando e a boneca lá em cima, se achando a poderosa destaque em cima do carro alegórico da escola de samba.”

Orra, vai dizer que não parece desfile de Carnaval?

Ao ser desafiado por Leônidas, Rodrigo Santoro, claramente puto, começa a cuspir ameaças de destruição de Esparta, e enquanto o faz, suas argolas, brincos e outras joiazinhas ficam balançado e fazendo “tlin-tlin” loucamente, como se ele fosse uma caixinha de jóias ambulante.

Percebam, esse tipo de ruído poderia ser cortado depois, na edição sonora, mas os caras fizeram questão de deixar isso, pra mostrar o contraste entre o espartano, despojado de qualquer enfeite ou adereço, e Xerxes, o deus das bijouterias. É assim que você marca o imaginário do espectador, é assim que é traçada linha divisória entre homens, bonecas e crianças no filme. Uma imagem vale mil palavras.

Falando em imagens… e as cenas de batalha? Caralho. As cenas de batalha mexem com alguma coisa dentro de cada um, não sei direito o que é. Muitos falaram na coreografia e no sincronismo dos golpes, que realmente são espetaculares. Outros falaram na direção de arte, na construção visual, na ênfase do vermelho do sangue jorrando, que também são impecáveis. Mas revendo o filme, comecei a prestar atenção em outras coisas; depois que você já sabe como cada cena se desenrola, onde os espartanos vão dar cada soco, enfiar a lança ou a espada, você se desliga um pouco da parte visual. Você já sabe o que vai acontecer, perde a surpresa.

E mesmo assim as cenas continuam me emocionando.

E daí descobri que é TUDO que faz diferença, é o pacote completo. Quando os espartanos levantam o escudo para resistir ao inimigo e deliciosamente o empurram em direção a algum persa que vem correndo em sua direção, feito um texugo alucinado, e você escuta aquele “TUMM” metálico, de quem acabou de quebrar pelo menos o nariz e mais uns três dentes com o impacto, você sente algo quente e confortável por dentro.

TUMM!

Ah os detalhes. Não é só o “TUMM” do impacto; é também o barulho de metal zunindo depois, como quando você bate o cotovelo numa cadeira de metal e fica escutando aquele “uinnnn” ecoando no fundo, enquanto xinga o móvel. Emoção.

Não vou descrever o filme todo para vocês, e nem as melhores cenas, porque isso é coisa de motherfucker. Mas acreditem, o filme inteiro é desse jeito: o tempo todo ele oferece coisas para você ver e ouvir, tudo amarrado por uma história básica, simples, de um bando de nego querendo defender sua terra contra o invasor usurpador. Os clássicos nunca morrem.

Se você ainda não assistiu “300”, tenho inveja de você. Tenho inveja de como você ainda tem a chance de sentir pela primeira vez todo o impacto que o filme provoca. Definitivamente um dos melhores filmes de 2007.

Resenha – Paranóia

Cinema sábado, 01 de setembro de 2007 – 2 comentários

Paranóia é uma versão teen do clássico Janela Indiscreta, do mestre Alfred Hitchcock, o que me surpreende é o sucesso que o filme fez nos cinemas americanos. Indo na contramão do cinema para os jovens, Paranóia, é um filme com ritmo cadenciado e um clima de desconfiança intenso, mas não há correrias, dezenas de mortes e sangue escorrendo na tela. Há certa ingenuidade no roteiro e na direção que lembra os filmes da década de 80, como Os Goonies e Conta Comigo, não fosse os aparatos técnicos que o guri utiliza para espionar os vizinhos enquanto cumpre pena de prisão domiciliar, com direito a um localizador na canela.

Será que eu flagro a vizinha se trocando?

O lado positivo disto prova que o jovem americano não quer somente filmes descerebrados e sanguinários, um comportamento sempre apontado pelos produtores através dos filmes feitos para esta faixa etária. Claro, que há um jovem como herói (Shia LaBeouf, rumo ao estrelato, presença carismática), uma garota como objeto de desejo, um amigo leal e os demais estereótipos (nas mãos de atores como Carrie-Anne Moss e David Morse). O roteiro não consegue fugir das armadilhas óbvias, tanto que sua meia hora final é digna de um filme do Supercine.

A direção de D.J. Caruso (de Roubando Vidas) não colabora para transformar Paranóia num programa imperdível, pelo menos é um esquecível passatempo, a notar a seqüência do acidente automobilístico, bem conduzida. E pelo jeito, Caruso é especialista nestas cenas, já que em Roubando Vidas o cineasta também iniciava o filme com uma cena similar a que ocorre aqui.

Resenha – Espíritos 2 – Você Nunca Está Sozinho

Cinema sábado, 25 de agosto de 2007 – 3 comentários

Obviamente, com o sucesso do longa se esperaria uma continuação, mas não foi o que aconteceu. Este título Espíritos 2: Você nunca está Sozinho (os malditos subtítulos estão de volta), é ludibriação da distribuidora, o único fator que ambos os longa dividem são os diretores (os nomes indescritíveis Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom, quero vê-los repetir três vezes sem errar!).

Impressão minha ou a moça parece aquela atriz da novela das oito?

A surpresa está no argumento bizarro do roteiro: A relação de irmãs siamesas (com exposição de diversas fotos no curioso crédito do filme). Sabemos que, atualmente, somente uma sobreviveu após a cirurgia de separação durante a adolescência. São elas, Ploy e Pim, quem sobreviveu e casou com o amor da adolescência. No entanto, em sua volta a Tailândia devido á doença da mãe, Pim se hospeda na casa em que viveu com Ploy, e estranhos eventos colocam em xeque sua sanidade e vida.

Gêmea má e gêmea boa?

Durante uma hora, Espíritos 2 aposta no básico do suspense oriental, sustos com sons agudos em espelho, debaixo da cama e na inesquecível (no mau sentido) cena de banheira. Mesmo assim, o longa possui uma ambientação interessante na sombria casa de Pim, e nos constantes flashbacks que retratam a relação de Pim e Ploy quando crianças e quando adolescentes. O ritmo é meio cambaleante, como os sustos são previsíveis a trama demora a engrenar para a surpresa no ato final, porém, como produção a dupla de diretores evoluiu visivelmente, os planos e até a utilização de uma trilha lembrando canções de ninar contrasta com o está para surgir na telona.

Confesso que não esperava a reviravolta e, sinceramente, me agradou a maneira como ela ocorre, deixando um pouco de lado o sobrenatural e expondo uma obsessão e egoísmo, contrastando com o que sabíamos até aquele momento no filme.

Resenha – A Morte Pede Carona

Cinema quarta-feira, 22 de agosto de 2007 – 2 comentários

Não é que o produtor Michael Bay é esperto, observem o que ele vem fazendo com as refilmagens de filmes de terror: elenco jovem e bonito, incluindo uma garota sexy com trajes mínimos, acrescente tripas, sangue e um diretor de videoclipes que saiba deixar a película mais caprichada esteticamente (adequado para o público alvo, os adolescentes). Pronto, está é a fórmula utilizada em O Massacre da Serra Elétrica, O Massacre da Serra Elétrica: O Início, Horror em Amityville e, agora, em A MORTE PEDE CARONA, um filme cult dos anos 80 que trazia no elenco Rutger Hauer e C. Thomas Howell (alguém sabe por onde andam estes atores?).

A única característica que difere esta nova versão das cópias que surgiram depois do primeiro (nos últimos anos foram lançados A Morte pede Carona 2 e Velozes e Mortais, ambos os filmes ruins), é a ascensão de uma guria como heroína. E que guria, Sophia Bush (personagem Brooke Davis do seriado One Tree Hill), está um fetiche ambulante em cena, uma bela morena de minissaia, blusa justa, botas e com uma arma na mão, para alegria dos barbados.

Sophia em A Morte Pede Carona

No que se refere ao roteiro, a primeira versão possuía um clima claustrofóbico angustiante, nesta nova versão isto foi deixado de lado, ao invés disso, investiram em perseguições nas estradas, mortes e sangue. Porém, o filme é previsível e não fosse a beleza de Sophia com a quietude doentia do assassino de Sean Bean, tudo seria um equívoco.

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