Os melhores trailers para os piores filmes

Cinema sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sempre acontece. Alguns filmes conseguem ser espetacularmente ruins, ainda que tenham trailers deslumbrantes. As piores decepções se tornam realidade se forem instigadas pelas maiores expectativas. Nada supera a sensação de se sentir enganado. Aguardar meses, ver trailer após trailer, entrevistas, declarações, fotos da pós-produção, teaser trailers, foruns de discussão, acompanhar tudo e no final, sair do cinema se perguntando o porquê daquilo ter sido tão mal feito, tão desleixado, tão descuidado assim. Furos no roteiro, finais brochantes, atuações sem nexo, personagens inúteis, tudo sempre pode acontecer e estragar aquele filme que você tinha como certo como um dos melhores do ano. Perfeitas obras primas da edição, do marketing e da falta do que fazer que os fãs sempre nutrem ao aguardar como se a sua vida dependesse daquilo. Quais são esses filmes, exemplos reais da extrema disparidade entre trailer e filme?

Godzilla (1998)

Este teaser trailer para a versão de 1998 de Godzilla foi incrível de ver nos cinemas. Mas quando foi originalmente lançado… Lembro de como as pessoas enlouqueciam por causa desse teaser trailer, e eu ainda acho que é um dos melhores trailers de todos os tempos (É difícil realmente dizer isso apenas a partir desta versão com baixa qualidade). Infelizmente, o filme real é terrível. Cenas cheias de inverossimilhança, Matthew Brodderick sem graça alguma, Jean Reno (Viva la France!) e aquele lagarto que só saia a noite, por causa dos efeitos especial quase nada especiais. Fora o Madison Square Garden lotado de filhotes de Godzilla (Pareciam mais velociraptors que devem ter sobrado de Lost World: Jurassic Park).

Guerra das Estrelas – Episodio 1: The Phantom Menace (1999)

Eu acho que nunca vi nada como isso, e só verei de novo quando estiverem prestes a lançar o Episodio 7. Esse teaser original é incrível, como nada que eu já tenha visto antes. As pessoas faziam fila e iam ver os filmes que estavam passando só para ver esse trailer. Viam o trailer e iam embora do cinema. E faziam isso várias vezes (O que acabou impulsionando a bilheteria de muitos filmes medianos da época). Não havia um teaser mais curto que fosse mais misterioso e que tenha deixado com uma sensação ainda maior de esperança em ver um filme grandioso. Infelizmente, o filme não chegou nem perto da expectativa. Tirando Darth Maul e a luta final do filme (Totalmente entrecortada pelo climax mal feito imaginado pelo asno George Lucas), esse filme consegue ser pior que A Caravana da Coragem, pior até mesmo que A Batalha de Endor. E pensar que houveram pessoas que esperaram por 16 longos anos pra ver um novo Star Wars nos cinemas e tiveram que ver isso. Ja Jar Binks. Uma pena. E pensar que na época houve a possibilidade de Spielberg dirigir essa joça.

O Poderoso Chefão – Parte III (1990)

Caralho, simplesmente antes dessa porcaria tivemos 2 dos melhores filmes de todos os tempos. Era pra fechar com chave de ouro? Era. Era pra dar um desfecho inesquecível? Era. Mas só serviu como o último prego no caixão da carreira do cineasta Francis Ford Coppola. Coppola nem queria filmar o primeiro filme do Chefão. Seu sucesso talvez tenha sido até mesmo acidental (Histórias dos bastidores afirmam que o tom escuro do filme se deu por problemas durante as filmagens) e quando fez o segundo, conseguiu pela primeira vez na história do cinema mostrar que era sim possível criar uma série de filmes dentro do cinema. Comercialmente, as duas primeiras partes deram muito certo. E lá se foram quase 20 anos esperando pela parte 3, até que saiu finalmente este trailer. Um dos primeiros bons trailers (E bem mentirosos) da história do cinema. E uma das maiores decepções de todos os tempos. O inicio da maldição da terceira parte. Se era pra lançar alguém, era melhor ter chamado o Nicholas Cage. Sofia Coppola foi ruim demais. Assim como todo o filme.

Prometheus (2012)

Todo mundo que é fã de sci-fi deve ter pirado quando surgiu essa possibilidade. Uma sequência de Alien, filmada pelo criador da saga? Sequencia não, uma prelúdio! Putz, vamos ver como foram criados os Aliens? Isso gerou em todo o mundo uma grande expectativa. O hype criado em torno do filme, o marketing, o site, os mistérios levantados, Damon Lindelof, trailers e mais trailers. Pra quê? Pra não responder quase nada e cria um nova franquia? Pra mostrar uma linha alternativa daquele universo? Pra usar de maneira tão tosca Erich von Däniken e seu livro de 1968, Eram os Deuses Astronautas?, num filme cheio de furos, atalhos apressados na narrativa, diálogos literais e desencontros de continuidade (Não custava nada encaixar perfeitamente com a situação em que encontramos o Space Jockey em Alien) Serio mesmo, era melhor refazer o filme todo sem os erros de continuidade e amarrar as duas séries. Sem isso, já era. Mais uma grande decepção. Um filme que trouxe mais perguntas do que prometia responder.

O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009)

Finalmente eles resolveram fazer um filme mostrando apenas o futuro da saga Exterminador do Futuro. Veriamos um filme onde John Connor seria o fodão. Veríamos hordas e mais hordas de T-600s e T-800s (E talvez até vários T-1000s) numa grande cena de ação. Mas não. Não rolou. Só vimos Christian Bale falando sem aquela voz rouca, nada de protagonismo por parte de seu personagem (Nem uma explicação plausível pra que ele seja o messias deste futuro catastrófico). O personagem Marcus Wright (Sam Worthington) praticamente rouba a cena (E forçadamente, pois não era pra tanto). John Connor se tornou praticamente um figurante. Pudera, o tal do McG na direção (Porra, esse cara fez mais o que, além de As Panteras?) só podia dar nisso. Tirando o belo plano-sequência no inicio do fime (Onde Connor sobe num helicóptero e depois de cair assiste à uma grande explosão), que mostra que não é preciso picotar uma imagem como um Michael Bay nem exagerar na câmera lenta para fazer boas cenas de ação convincentemente. Depois disso, o filme vai ladeira abaixo e só melhora quando vemos uma versão em CG do Arnold Schwarzenegger roubar a cena. Esperemos James Cameron cansar de brincar com Avatar e voltar ao controle dessa franquia, sinceramente só nos resta isso depois desse fiasco. Exterminou o futuro da franquia.

Sucker Punch – Mundo Surreal (2010)

Depois de assistir o trailer de Sucker Punch, eu estava esperando o melhor filme da história. Confesso que consegui dormir durante esse filme. Parece mais um grande e enorme clipe musical com pitadas de soft porn, e tirando o público que realmente curte isso, eu acho que foi muito aquém do esperado. Zack Snyder deveria mesmo começar a pensar em largar essa carreira em Hollywood e iniciar uma carreira na MTV ou no Youtube. O cara manda bem mesmo em mídias rápidas, sério.

Código de Conduta (2009)

Que trailer! Esse entra naquela categoria onde não deveríamos ter visto o filme, devíamos ter ficado só no trailer mesmo. Porque o filme desconstrói totalmente o protagonista (Que aparentava ser a personagem do Butler) e nos leva a um final forçado, sem graça, americanizado demais, onde uma suposta lição de moral é imposta na tela. Pra quê? Em pleno século 21?

Número 23 (2007)

Outro trailer belíssimo, quase perfeito. Nesse caso, não é nem o filme que chega a ser tão ruim, mas o trailer que nos fez pensar o contrário. O que parecia ser um thriller maravilhoso, se transforma em qualquer coisa, menos em um filme de suspense. Tudo se perde. Nem o potencial cômico de Jim Carrey é aproveitado. Tudo parece nonsense, fora da realidade demais. Parece que esqueceram de escrever o resto do filme. Joel Schumacher é mesmo um grande diretor (Fez Garotos Perdidos, Linha Mortal, Um dia de Fúria, Tempo de Matar, Por Um Fio e Renascido nas Trevas) e esse parecia ser o filme que ia levar a sua carreira de altos e baixos novamente ao topo depois de Batman & Robin. Mas não deu.

Homem Aranha 3 (2007)

Aqui surge novamente a maldição da terceira parte, que só não é pior que a MALDIÇÃO DA QUARTA PARTE. O fechamento da trilogia. X-Men 3, Superman 3, Batman Forever e tantos outros caíram nessa. Muitos vilões, muitas cenas de ação, muitos personagens e pouco roteiro. Nem me lembro se o Capitão Stacy morria no filme (Gwen pelo menos não morreu). Mas me lembro do Homem Aranha virando EMO e cantor da Broadway. Me lembro do Venom pequeno. Do Homem Areia virando regenerado e indo embora de boa. Como é bom ser vida loka hein, Sam Raimi?

A Bruxa de Blair (1999)

A Artisan conseguiu uma das campanhas de marketing mais bem sucedidas dos anos 90 com A Bruxa de Blair. Mas o filme também ficou conhecido como o que arruinou tudo para todos, pois quando o filme entrou em Cannes, nenhum dos atores foi autorizado a participar e absorver a glória, de tão dedicada que era a campanha do distribuidor para manter a idéia de que o filme só poderia ser real, o que significa que seus atores estavam mortos. O primeiro teaser do filme tinha apenas 37 segundos e por 35 desses a tela ficava apenas preta. No texto branco, um par de frases configurava o cenário: Três estudantes de cinema desapareceram nos bosques de Maryland enquanto filmavam um documentário, apenas a sua filmagem foi recuperada. Ouvimos a voz embargada de uma mulher proferir o que parecem ser suas últimas palavras, pedindo desculpas às famílias dos seus amigos. Uma estranha tensão se constrói ao longo do clipe curto que culmina com um close absolutamente aterrorizante dos dois lacrimejantes olhos assustados da personagem, iluminados por uma lanterna. Genial. Deviam ter parado por aí. O marketing foi muito bem feito, mas não tanto. Eu fui ver o filme mesmo sabendo que não era verdade (Eu sei, que burrice), mas esperava me surpreender com alguma coisa, com QUALQUER COISA. Não rolou. A impressão que tive era que qualquer um faria melhor que aquilo. E ainda bem que alguém fez: Cloverfield.

Matrix Reloaded (2003)

Nem preciso falar do terceiro filme, Matrix Revolutions (E que falta de originalidade, nem pra bolar um nome que preste?). Eram tantas possibilidades, tantos caminhos que podiam ter sido explorados, tantos personagens a serem criados, tantas cenas de ação inimagináveis que poderiam ter sido feitas. O que passava pela cabeça dos Irmãos Wachkovski? Nunca saberemos. Lembro de ter alugado esse filme e de ter ficado vendo e revendo as cenas de ação, e somente elas. Quando vejo o filme passando por acaso na TV e está em alguma dessas cenas, eu ainda paro, vejo a cena inteira e depois sigo a minha vida. Rever o filme inteiro é completamente fora de questão. Ainda mais a terceira parte. Tudo que eles fizeram com esse filme foi deixar um gosto de quero mais, que serviu apenas pra aumentar a expectativa pelo filme seguinte. Mas grandes expectativas geram grandes decepções. Como esse filme.

Homem de Ferro 3

O maior fracasso do ano? Definitivamente não. Assim como Homem Aranha 3, esse filme tem cenas incríveis de ação. E furos enormes no roteiro. Transformar o nemesis de Tony Stark em um reles peão (O trailer prometia um Coringa e entregaram o Tiririca), um avatar de um criminoso não muito esperto (E que cospe fogo) foi um pouco demais. Pressinto algo de maquiavélico neste caso. Todos os trailers nos levavam a acreditar que esse filme seria diferente, que o Mandarim seria o grande vilão, que Tony Stark enfrentaria seus maiores desafios. Mas não foi isso que foi visto.

Vimos Tony e Rhodes agindo como Martin e Riggs em Máquina Mortifera? Vimos. Vimos Tony Stark dando uma de 007? Vimos. Vimos o ganhador do Oscar, Ben Kinsgley, interpretando um vilão ridiculamente estúpido, papel que poderia ter sido dado até mesmo a Will Ferrel, que o interpretaria com a mesma maestria? Vimos. Vimos armaduras que se partiram como papel enfrentado capangas que atacam com calor de até 3.000 graus celsius, sendo que suportaram um raio do Thor (Que chegam a até 30.000 graus celsius!) ou pior ainda, sendo destruídas como fogos de artificio, sem motivo aparente? Vimos. Vimos Tony Stark tendo ataque de ansiedade ou dando fora em criança? Vimos. Vimos a excelente ideia usar como trilha sonora clássicos do rock ser substituída por uma trilha sonora genérica brega e modorrenta? Vimos (E ouvimos).

Jon Favreu e Joss Whedon sabem tirar o humor das situações e isso é algo sutil. Aqui quase todo mundo virou um piadista. Em Os Vingadores, por exemplo, o Banner aparece numa motoquinha, e isso arranca risadas, mas Banner não está sendo piadista na cena, ele está sendo ele mesmo, Whedon tira humor da situação, e não de piadinhas ditas. Um grande filme de verdade não tem tantos furos assim (Vimos isso em The Dark Knight Rises). Se o Shane Black realmente achou que um bom motivo pra uma vingança é deixar um nerd esperando numa cobertura durante o ano novo, ele que espere pela vingança de milhões de nerds, enganados pelos trailers preparados pela divulgação dessa bomba.

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