Kill Bill – Vol. 1

Cinema terça-feira, 05 de julho de 2011

Se existe um cineasta que é fã de cinema, este cara é Quentin Tarantino. Muitas vezes tido como gênio (E como louco), Tarantino colocou em seus filmes o conjunto de toda a sabedoria que adquiriu ao longo dos anos como balconista de vídeo-locadora, diretor, produtor, roteirista e ator. Ele nos passa a impressão de que fazer cinema não é só sua profissão, é também seu parque de diversões. E pra mim sua obra-prima está dividida em dois filmes, cuja primeira parte falarei hoje: Kill Bill – Vol. 1.

Kill Bill conta a história da Noiva (Também conhecida como Mamba Negra), ex-assassina profissional que sofre um atentado no dia do ensaio de seu casamento. O atentado é comandado por Bill e O Esquadrão Assassino Víboras Mortais, seus ex-colegas de profissão. Porém, as coisas não saem como planejado e Bill só consegue deixá-la em coma. Quando acorda, a Noiva vai em busca de sua vingança e com uma listinha negra onde figuram cinco pessoas: Vernita Green, O-Ren Ishii, Elle Driver, Budd e claro, Bill.

Nesse primeiro volume, a história mostra a emboscada da Noiva contra apenas duas vítimas, Vernita e O-Ren, e de um jeito bem Tarantino de ser: Não-linear (Ou seja, a história não é contada em ordem cronológica), com muito sangue e diálogos milimetricamente calculados. Tarantino também esfrega na cara do expectador seu vasto conhecimento sobre o cinema mundial, incluindo referências de todos os tipos, desde filmes de artes marciais asiáticos dos anos 60 e 70 (Sonny Chiba, por exemplo, faz uma ponta no longa), western spaghetti (Bang-bang italiano), Blaxploitation (Filmes nigga, sobre nigga, para nigga) aos mangás e a estética pop.

 Hattori Hanzo (Sonny Chiba) e a Noiva (Uma Thurman)

Essa colcha de retalhos teria tudo para dar errado nas mãos de qualquer outra pessoa, mas estamos falando de um “costureiro” competente. E mesmo que algumas vezes a costura fique visível (Há partes de transições bruscas nas músicas, por exemplo), Tarantino consegue como ninguém criar o clima, o contexto e uma história absurdamente interessante para sua musa Uma Thurman. E nesse trabalho, Uma se doou por completo. Que coisa boa de se ver quando um ator busca dar o seu melhor num papel! Pelo apreço entre os dois (Quentin esperou passar toda a gestação de Uma para então começar a filmar e ela deu importantes pitacos na composição da personagem Noiva) era possível imaginar o quão ficaria bom, mas cada detalhe foi pensado e executado com uma categoria assustadora.

 Uma e Tarantino.

Aqui os detalhes fazem muita diferença. Posso citar como um recurso sensacional a parte onde é contada a história de O-Ren Ishii através de uma sequência em anime. As músicas também são excepcionais (Você vai ficar com o assobio da caolha enfermeira Elle Driver na cabeça). Outro recurso muito bem aproveitado foi a mudança de cores para escala de cinza nas cenas mais sanguinárias do filme (Essa tática era usada para passar na censura). Ainda na cena desse massacre, Tarantino debocha no tênis da Noiva com os dizeres “FUCK U” gravados na sola. São apenas alguns dos inúmeros detalhes onde o cineasta vai assinando seu longa.

Em resumo, Kill Bill – Vol. 1 são os primeiros passos de uma deliciosa vingança. Aqui é onde você compra seu ticket para entrar no parque de diversões de Quentin Tarantino. E uma voltinha basta para instigar a curiosidade de qualquer expectador. O final está em Kill Bill – Vol. 2, filme ainda melhor que este primeiro e tema da próxima semana.

Kill Bill – Vol. 1

Kill Bill: Vol. 1 (111 minutos – Ação)
Lançamento: EUA/Japão, 2003
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Lucy Liu, Vivica A. Fox, Daryl Hannah, David Carradine, Michael Madsen e Sonny Tiba.

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