Valsa com Bashir (Vals Im Bashir)

Cinema quinta-feira, 02 de abril de 2009

Em um bar, Folman decide contar a seu amigo Ari, o pesadelo que ele vem tendo repetidamente a alguns dias, onde 26 cães o perseguem. Folman e Ari concluem que o pesadelo pode ter surgido após a Guerra do Líbano, na qual participaram.
Folman fica surpreso ao não se lembrar dessa fase de sua vida e decide procurar os seus antigos amigos de guerra para desvendar essa parte de sua vida.

A filmografia oriental costuma ser bizarra. Países como Japão, Israel, Irã e Coréia do Sul costumam apresentar algumas das obras mais sequeladas que o cinema pode produzir. E, justamente por não ser aprazível ao gosto ocidental, estas ficam muito restritas ao circuito alternativo, o que as torna ainda mais estigmatizadas (tá, parei de usar um vocabulário rebuscado falar difícil). Porém de vez em nunca, um ou outro filme (desconsiderem os de terror) sai de lá e faz sucesso por aqui. É o caso de filmes como Amor a Flor da Pele, Oldboy, Tartarugas podem Voar e O Bom, o Mal e o Bizarro. Valsa com Bashir é mais novo a entrar nessa (infelizmente) seleta lista e com méritos. Não vou ficar me aprofundando muito na história, porque esta é relativamente simples – um homem resgatando sua memória da guerra, através de relatos. Vamos nos concentrar nos motivos para que você deixe o preconceito de lado e vá assistir algo diferente no cinema.

Primeiramente, o estilo visual empregado na animação é fenomenal. Inclusive a imagem com que encerro a matéria, pertence a uma das cenas (até porque ela é recorrente) mais artisticamente bonitas da história recente do cinema. O uso de cores é hipnotizante, e encaixa perfeitamente na proposta do filme – é como se tratasse de um Apocalipse Now animado.

Saca por exemplo esse cachorro locaço!

Além disso, como havia falado anteriormente, se trata de uma obra realmente bizarra. Com cenas que inclusive deixariam os fãs de Trainspotting e Clube da Luta de boca aberta, e que não seriam tão impactantes se não fossem mostradas através de desenhos estilizados (sim, parece estranho mas é exatamente isso). A cena que dá nome ao filme inclusive mostra bem isso: por mais que tenhamos cansados de ver soldados irem a loucura nos mais diversos clássicos de guerra, o aspecto irreal e ao mesmo tempo plausível, a torna única.

Fico me imaginando quanto de LSD o diretor gastou na produção.

E quando você fica anestesiado diante de tantas imagens absurdas, o filme te traz pro mundo real e deixa um sentimento de desconsolação que amarga. A beleza só existe enquanto aquilo se trata de uma obra de arte. Mostrar que as covardias e crueldades retratadas não ficam restritas ao mundo “animado”, é, sem dúvidas, o maior triunfo da obra.

Mas para ser justo: sim, como toda obra do tipo, existem cenas de diálogos extremamente filosóficos/loucos e de certa monotonia, mas estas são relativamente poucas e não interferem na fluidez do filme. Muito pelo contrário, acabam incentivando vocês a tirarem a poeira do cérebro e pensarem sob uma perspectiva diferente sobre os conflitos atuais.

Agora, siga a legenda da imagem abaixo e seja feliz.

Levante essa bunda gorda e vá assistir algo que preste uma vez na sua vida.

Valsa com Bashir

*Vals Im Bashir* (90 minutos – Animação/Guerra)
Lançamento: Israel, 2008
Direção: Ari Folman
Roteiro: Ari Folman
Elenco: Ron Ben-Yishai, Ronny Dayag, Ari Folman

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