Operação Big Hero (Big Hero 6)

Cinema terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

 Cidade de San Fransokyo, Estados Unidos. Hiro Hamada (Ryan Potter) é um garoto prodígio que, aos 13 anos, participa de lutas clandestinas de robôs, para ganhar dinheiro. Seu irmão, Tadashi (Daniel Henney), resolve levá-lo até o laboratório em sua faculdade, que está repleto de invenções. Hiro conhece os amigos de Tadashi e logo se interessa em estudar ali. Para isso ele precisa apresentar uma grande invenção na feira anual, e ganhar a aprovação do professor Callahan (James Cromwell). Entretanto, um acidente acontece, matando Tadashi. Hiro então encontra auxílio através do robô inflável Baymax (Scott Adsit), criado pelo irmão.

Eu não sei porquê eu continuo assistindo essas coisas. Aliás, eu nem ia assistir, mas aí chegou o carnaval e dormir é chato, então acabei vendo isso aí mesmo, e a sensação já é um tanto familiar: Podia ser bem pior, mas não foi exatamente um tempo bem aproveitado… Que merda.

Então né, filme da Disney, já tão ligados qualé o esquema. Acontece que a Disney não consegue fazer a porra duma adaptação de outra obra sem descaracterizá-la quase que por completo para ajustá-la aos padrões do rato orelhudo, e aí fica um bagulho genérico, meio divertido, feito pra vender McLanche Feliz pra pirralhada… Eu nunca tinha escrito “McLanche Feliz”, MEU DEUS que nome estúpido.

E falando em nome estúpido, San Fransokyo. SAN. FRANSOKYO. PORRA. P. O. R. R. A.

Mas então, o filme é totalmente previsível: O irmão morre, o garoto fica #xatiado, aí o robô aparece por acaso, eles descobrem o vilão, enfrentam o vilão, perdem, se recuperam e enfrentam de novo, e aí ganham. Tem filme que é tão simples que nem dá pra chamar de spoiler: Só tem um único acontecimento no filme que eu não contei, e que assim que você assiste a primeira parte, já sabe como vai acabar…. Sério, a gente vive falando de como as crianças de hoje em dia são mais inteligentes e avançadas e os caralhos, mas nego continua fazendo esses produtos merda e continua vendendo pra caralho… Tem alguma coisa errada nessa coisa toda aí.

Os personagens também não são grandes coisas: O Hiro, personagem principal, é o garoto gênio que desperdiça seu talento e depois descobre seu próprio caminho, e o irmão dele é o irmão mais velho ser-responsável-pode-ser-legal. E tem os amigos do irmão, Fred, Gogo, Wasabi e Honey Lemon: São todos gênios e tudo mais, mas precisam de um discursinho no meio da luta final pra lembrar disso e fazerem algo minimamente inteligente. E tem o professor, que aparece bem pouco e cuja primeira interação com Hiro é a típica “você é aquela cara famoso e genial né”. Esse filme tem um sério problema porque todos os personagens são estereótipos, você sabe como todos vão agir e sabe que eles são feitos para alegrarem o filme, mas acontece que nenhum deles é carismático. Quantos filmes não tem o personagem secundário que rouba a cena, ou o amigo esquisito que é foda ou ainda a família cheia de manias mas “que se ama muito”? Operação Big Hero tem tudo isso, só que não funciona, não dá certo. A tia de Hiro e Tadashi é legal? Ééémeh. O melhor personagem é o irmão, e ele não faz nada que você não espere, e ainda que pudesse fazer, não faz porque morre em minutos de filme.

E o que você tem entre uma história previsível e personagens estereotipados é um filme raso. Tudo é resolvido de forma rápida e fácil, as lutas são legais de ver mas não empolgam, a resolução da última luta é tão simples (E, se o vilão fosse um bom personagem, inefetiva) que só não é pior que o discurso final de “somos heróis agora”. Os “poderes” dos personagens são absolutamente sem graça: Um usa uma roupa que o faz pular alto e soltar fogo, o outro tem duas espadas laser nas mãos, a outra joga bolinhas com efeitos variados (Sério, ela joga com a mão, nem mesmo uma arma ou sei lá) e a mais legal está lutando com patins. Literalmente rodas de bicicleta presas nos pés e mãos. E alguém caralhos me explica porquê de o Hiro não ter um uniforme que faça alguma coisa que não seja deixá-lo ainda mais cabeçudo e com mãos gigantes.

Sem falar que os amigos do irmão não tem absolutamente motivo nenhum para gostarem do pirralho.

E tem a trilha sonora, que é irrelevante, mesmo com a participação do Fall Out Boy ou talvez por isso mesmo. Sabe os trailers? É, então, a trilha nos trailers é melhor que no filme.

E tem a tecnologia. Se você se irrita com CSI por melhorar imagens de celular, com Big Hero 6 você vai ficar puto. Mas puto mesmo. Mas puto pra caralho porque o filme todo é sobre uma galera que deveria ser inteligente pra caralho, mas tudo se resolve em tecnologia diretamente vinda de Homem de Ferro, que por sua vez nada mais é que uma evolução de Minority Report: Como transformar seu robô enfermeira (É sério isso) num robô de combate? Baixe um filme de luta da internet, arraste ele prum programa através da tela touch e pronto. EU NÃO ESTOU EXAGERANDO.

E tem o “humor físico” com Baymax: Primeiro ele inflar e desinflar, com direito à cena na delegacia, tapando buracos com durex, e a segunda por ele estar “bêbado” quando a bateria fica baixa. É legal? Se você tiver 12 anos e nunca tiver bebido na vida, claro, caso contrário é só deprimente forçar um tipo de piada que não seja ajusta ao resto do filme.

Os “e tem” acima foram propositais: O troço todo é tão esquecível que só fui lembrar de comentar depois de já ter terminado o texto “original”.

 Isso tudo é só exposição: Ele só voa haja asa e atira o punho. Precisando ter aulas com o Astroboy.

No fim, você passou uma hora e quarenta vendo algo que, no máximo, não estragou o seu dia. Não tem absolutamente nada nesse filme que você já não tenha visto: Eu sequer posso falar da animação porque, mesmo sendo boa, não faz nada que alguma outra já não tenha feito. Não tem uma boa história, não tem bons personagens, não tem boas lutas, não tem uma boa mensagem. “Use seu talento para o bem”. Sério maluco, isso é coisa de biscoito da sorte.

O filme tem sim uma cena pós créditos, no fim dos créditos. Láááááááá no fim dos créditos. E com o Stan Lee. Mais especificamente o Stan Lee fazendo o papel do pai do Fred, que por acaso é um super-heroi “de verdade” aposentado (O “de verdade” é cortesia do próprio filme, não minha ironia de segunda série)… Acho que é a participação mais sem graça que o tio Stan já fez. Simplesmente não tem graça. Se deixassem só o quadro da família em que ele aparece como easter egg seria muito melhor.

Operação Big Hero deve ter continuação, mas não merece. Não merece o investimento, não merece o preço do ingresso do cinema, não merece o uso da sua internet o seu tempo. Sei lá, vai varrer a calçada na frente da sua casa.

Operação Big Hero

Big Hero 6 (102 minutos – Animação)
Lançamento: EUA, 2014
Direção: Don Hall e Chris Williams
Roteiro: Jordan Roberts, Daniel Gerson e Robert L. Baird
Elenco: Ryan Potter, Scott Adsit, Jamie Chung, T.J. Miller, Damon Wayans Jr., Genesis Rodriguez, James Cromwell e Alan Tudyk

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