Kick-Ass (Marvel)

Bíblia Nerd sexta-feira, 10 de julho de 2009 – 2 comentários

Com tantas histórias sobre super-heróis por aí, era de se esperar que alguém fosse maluco o suficiente pra tentar a coisa no mundo real, certo? Ou, pelo menos, é assim que Dave Lizewski, um garoto americano aparentemente comum, pensa.

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Jethro Tull

Música sexta-feira, 09 de janeiro de 2009 – 1 comentário

O melhor jeito de começar isso aqui seria com um riff crássico. E é melhor do que transcrevê-lo em partitura, tablatura ou qualquer porcaria é simplesmente fazer… isso:

Sitting on a park bench!

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Celso Blues Boy

Música quarta-feira, 24 de setembro de 2008 – 8 comentários

Sentiram minha falta por aqui? É, imaginei que não.

Queiram vocês ou não, os anos oitenta foram a década maldita do rock’n’roll nacional. Ou a primeira delas, pelo menos.

“Mas Piratão”, você, mané, diz. “Você está sendo completamente parcial e sem consideração! Minha banda favorita, a (insira aqui algum nome de banda brasileira mané dos anos 80) era um dos ícones da década mimimimi”.

Pois que seja, eu sou parcial e sem respeito, mas mesmo assim eu posso provar o que eu disse. Começando pelo grande ícone dos anos 80: RPM. Uma banda que tem como maior clássico uma música sobre um mané que além de não chegar na mulé acha que é o big motherfucker por causa de um olhar baitola deveria ser, no mínimo, proibida de pensar em se chamar “Revoluções Por Minuto”. Claro, seria só uma década como qualquer outra, se conseguissem deixar os malditos anos 80 morrerem. Mas não, vocês aparecem com “festas ploc” e sei lá mais que cacete tentando reviver esse pop-rock maldito a cada semana. Claro, se as bandas tentassem voltar à vida de verdade, o problema também seria menor, mas quem quer voltar à ativa se você pode viver pra sempre de sucessos do passado?

Entendam, meus caros, que mesmo que vocês queiram me apunhalar pelas costas, há de se convir que quase todo o “rock” brasileiro dos anos 80 foi pop, e não rock’n’roll. Quase toda tentativa de se fazer rock de verdade no brasil na década maldita foi uma falha miserável, gostem vocês ou não. E eu nem falo sobre a qualidade da música. Dizer que boa parte das músicas do “rock oitentista” eram rock’n’roll é quase como dizer que Miles Davis tocava thrash metal, por exemplo.

Mas, aparentemente, é nas minas mais imundas que se encontram bons diamantes. Vagando por entre o pop oitentista, passando por coisas como Blitz, Legião Urbana e Cazuza, você acaba encontrando Celso Blues Boy. E é aí que você quase que naturalmente solta o refrão mais famoso do cara: “aumenta que isso aí é rock’n’roll!”

Percebem agora o que eu quero dizer? O cara foi provavelmente o único maldito guitar hero brasileiro da época. E é bem complicado citar algum guitarrista de tamanha importância na história do rock brasileiro (quem vocês vão citar? Kiko Loureiro? Thiago Della Vega? GEE ROCHA? Ces são mesmo um bando de frangos).

Apesar de seu auge ter sido nos anos 80, Celso já tocava desde o meio da década de 70, sendo integrante da banda de ninguém menos que Raul Seixas, além de ter tocado com mais gente famosa, como Sá & Guarabira e Renato e seus Blue Caps. Tocou também nas bandas Legião Estrangeira e na Aero Blues, sendo, até onde eu sei, o primeiro cantor de blues em português (corrijam-me se eu estiver errado).

Sua carreira solo começou em 1984, com o disco Som na Guitarra, que nos trouxe clássicos como Aumenta que isso aí é rock’n’roll e Blues Motel. O disco mostrou não só que Celso é um excelente artista, mas também que é possível haver blues de qualidade no Brasil. A voz rouca – lembrando talvez a de Nazi, do Ira! – combina perfeitamente com o timbre e o estilo da guitarra do cidadão. Querem um exemplo? Pois bem, ei-lo.

Fumando na Escuridão:

Durante a década de 80, o cara crescia cada vez mais musicalmente. Sons como Tempos Difíceis, Sempre Brilhará e Fumando na Escuridão (que você pode ouvir aí em cima, aliás) mostravam ao Brasil o que é o blues e o rock’n’roll. Mas, ao contrário de boa parte das bandas oitentistas, o cara não se prendeu a uma só década de sucessos. Em 1996 era lançado o excelente álbum Indiana Blues, contando com a participação especial do próprio rei!

BB King, seu demente! Que mané Roberto Carlos.

A música que BB gravou com Celso é Mississipi – uma das minhas favoritas do cara, aliás -, que homenageia o grandioso Robert Johnson, falando sobre a velha lenda sobre o diabo e a encruzilhada. Ouve aí, rapaz!

Esses blues sobre o diabo são sempre os melhores, incrível. E o refrão é viciante pra carái.

Ainda nos anos 90, Celso lançou mais dois discos: Nuvens Negras Choram, em 1998, e Vagabundo Errante em 99. E nem a chegada do novo milênio conseguiu derrubar o bluesman. Celso não chegou a lançar nenhum CD só de músicas inéditas, mas pra quem acha que o rock morreu, o cara deixou sua resposta, que pode ser conferida no DVD “Quem foi que falou que acabou o rock’n’roll?“, lançado esse ano. A música inédita, que leva o mesmo nome do disco, mostra o que todo mundo já devia saber faz tempo: O rock não vai se dar por vencido tão fácil, e vai lutar pra continuar existindo até que a última guitarra se cale. Hah!

Recomendação do dia:

Dever de casa pra vocês, marujos.

Lynyrd Skynyrd é provavelmente uma das bandas mais clássicas do rock americano, trazendo influências fortes do country, blues e bluegrass. Talvez vocês já tenham ouvido até bastante deles. Provavelmente Sweet Home Alabama, Tuesday’s Gone (que foi gravada também pelo Metallica no Garage Inc. ) ou Freebird (muito provavelmente graças ao Guitar Hero, mas enfim).

Recomendo o primeiro disco deles, (pronounced ‘l?h-‘nérd ‘skin-‘nérd), se aceitam uma sugestão.

Até a próxima, bando de malditos!

Overdose Metallica: Tira

Música sexta-feira, 12 de setembro de 2008 – 6 comentários

Stay thrash, putos!

Overdose Metallica: …and Justice for All

Música terça-feira, 09 de setembro de 2008 – 6 comentários

1988, um ano depois da trágica morte de Cliff Burton. O Metallica retoma as suas atividades e lança mais um disco, com o novato Jason Newsted no baixo. Aqui começam algumas mudanças no som dos caras, mas nada que comprometa a qualidade da música. A agressividade presente nos álbuns anteriores ainda existe, claro, mas não é difícil perceber um ar um pouco melancólico em algumas das músicas. Existe também uma ênfase maior em críticas sociais e políticas, começando pela capa: a própria Justiça sendo derrubada por cordas e o nome em grafite no canto.

Claro, existe o lado ruim das mudanças. O baixo de Newsted, por exemplo, é praticamente inexistente, não sendo identificável por uma série de motivos, como o fato do baixo simplesmente seguir a guitarra de Hetfield na maioria das músicas e a ausência do baixista nas sessões de mixagem do disco. Tudo isso porque o cara era o novato da banda, claro. Estagiário não sofre só no AoE.

O disco é iniciado como um turbilhão que se aproxima, com as guitarras no começo de Blackened mostrando que vem algo VIOLENTO por aí. E vem. O riff de começo da música entra descendo o sarrafo em tudo. Blackened é thrash puro, e com um refrão que gruda pra caralho na cabeça. É o tipo de música feita pra bater a cabeça. De preferência na cara dos outros.

A música-título do álbum começa com um riff quase introspectivo, bem melódico e calmo, até que certas pontadas de agressividade mostram o sarcasmo dessa introdução. É quase como ver uma daquelas músicas militares sobre glória se transformar numa explosão de fúria rebelde. Aí entra a música de verdade. E daí pra frente é só pauleira. ORRÔ!

Eye of the Beholder continua infestada de riffs agressores empolgantes pra cacete e mais crítica social numa letra bem direta.

Depois temos um dos grandes clássicos dos caras, que acabou virando o primeiro clipe da banda: One é uma música absurdamente forte. A letra tem peso pra cacete, os riffs – desde os primeiros, mais lentos e tristes, até a metralhadora de riffs destruidores no final – são completamente BRUTAIS e a entrada do último solo é de empolgar qualquer um. Essa porra merece até o vídeo aqui. Se foder.

Passada a moeção, temos… mais MOEÇÃO! The Shortest Straw é grosseira pra cacete, lembrando, em alguns pontos, Megadeth, e em outros algumas músicas que os caras vão criar mais à frente, pro álbum Metallica – ou Black Album, como é mais conhecido.

O mesmo vale pra Harvester of Sorrow. A pancadaria aqui continua intensa, mas já não é mais o racha-crânio típico do Ride the Lightning, por exemplo. O andamento aqui é um pouco mais lento, mas o peso não se perde. A não ser, é claro, pelo pequeno problema do “baixo inexistente”.

The Frayed Ends of Sanity merecia um baixo empolgante pra cacete. Merecia mesmo. O que existe pra se falar da música, de qualquer jeito, já foi dito do resto do CD. Peso, agressividade e riffs empolgantes. Se parece com Through the Never, do black album, em algumas partes. Música legal pra cacete, de qualquer jeito.

A nona faixa traz um último suspiro de Cliff no Metallica. Tudo o que existe em To Live Is to Die vem do ex-baixista da banda, desde os riffs que o cara tinha criado e nunca tinham sido usados até as “letras”, recitadas por Hetfield no final. Esses riffs podiam ter salvo o Metallica num St. Anger da vida, aliás. De qualquer jeito, a homenagem ao cara é muito justa. Cliff ‘em All!

Dyers Eve fecha o álbum PANCANDO tudo. Se você não rachou alguma cabeça com a empolgação até o final da música (a sua própria conta), desista: o thrash metal não é pra você.

Resenhar um dos discos antigos dos malucos é o tipo de coisa que me faz lembrar por que eu ainda dei o benefício da dúvida pro Metallica depois do St. Anger. E fiz bem, aliás. Thrash ‘till death, seus fodidos de merda!

…and Justice for All – Metallica

Lançamento: 1988
Gênero musical: Thrash Metal
Faixas:
1. Blackened
2. …and Justice For All
3. Eye of the Beholder
4. One
5. The Shortest Straw
6. Harvester of Sorrow
7. The Frayed Ends of Sanity
8. To Live Is to Die
9. Dyers Eve

Bônus:
Versão Japonesa:
1. The Prince (cover de Diamond Head)

Amazon MP3:
1. One (ao vivo)
2. …and Justice for All (ao vivo)

A Capital dos Mortos será exibida em Porto Alegre

Cinema segunda-feira, 21 de julho de 2008 – 1 comentário

O filme independente produzido pela Vortex Filmes será exibido nos dias primeiro e 02 de agosto, no Fantaspoa (Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre).

O festival, que está agora em sua quarta edição, vai acontecer entre os dias 28 de julho e 10 de agosto, trazendo várias mostras diferentes de filmes, como a Mostra de filmes espanhóis Vampiros, Demonios y Siniestros, a Mostra Competitiva de Longa-Metragens em Animações e a Retrospectiva Japonesa.

A Capital dos Mortos será exibido na mostra Brasil Fantástico, na sala Santander Cultural.

Mais detalhes você encontra na comunidade do filme no orkut ou no site do Fantaspoa.

Overdose Adaptações: Chucky (Devil’s Due Publishing)

HQs sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 0 comentários

Completamente trash, como os filmes. Claro que é daí que vem boa parte da diversão dessa maravilha de HQ. O terrível e intimidador vilão de Brinquedo Assassino passou pras HQs duas vezes. A primeira em 1990, numa minissérie publicada pela Innovation Publishing. Aqui falaremos sobre a segunda, lançada pela Devil’s Due Publishing, responsável pelo lançamento de outras adaptações de filmes trash, como Army of Darkness e Halloween, além de algumas adaptações de universos de D&D, como Dragonlance e Forgotten Realms.

A história se passa depois de O Filho de Chucky, e traz o psicopata em miniatura muito puto, querendo se vingar dos panacas que o impediram de voltar a seu corpo original. Pra quem não sabe, Chucky, ou Charles Lee Ray (referência a Charles Manson, Lee Harvey Oswald e James Earl Ray), como era conhecido quando ainda era humano, transferiu sua alma através de um ritual vodu pra um bonec… porra, eu me recuso a colocar a história dos filmes aqui. NÃO EXISTE quem nunca tenha assistido Brinquedo Assassino.

As cenas da HQ lembram bastante aquela clima típico de filme de terror trash. A coisa começa com uma reunião de jovens, o boneco aparece no meio de uma cena com lésbicas dando uns amassos, tem policiais no meio, rolam tiros de escopetas e tudo que é clichê que você espera de um bom filme trash.

A HQ é bem curta, tendo só 5 edições, além de um crossover com Hack/Slash, mas é o suficiente pra fazer os fãs do boneco empolgarem. Se o que você procura é uma HQ complexa, cheia de reviravoltas bisonhas, procure alguma coisa de Warren Ellis ou Garth Ennis. Agora, se ce quer simplesmente ver piração, sanguinolência e facada no bucho, Chucky é a HQ.

Até a próxima facada, peitinhos gostosos!

Título da HQ

Chucky
Lançamento: 2007
Arte: Josh Medors
Roteiro: Brian Pulido
Número de Páginas: 23
Editora:Devil’s Due Publishing

Overdose Adaptações: Lovecraft (Vertigo)

HQs sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 0 comentários

Howard Phillips Lovecraft foi um dos maiores autores de horror que já viveram. Sua obra, vários contos sobre horrores inomináveis que vivem além da margem da compreensão humana, talvez tenha se igualado aos escritos de Edgar Allan Poe, seu ídolo. Adaptações de obras de Lovecraft existem aos montes, seja para HQs, filmes, jogos ou músicas.

Lovecraft, Graphic Novel lançada pela Vertigo em 2003, traz perfeitamente o clima da loucura dos livros pra HQ, através dos traços um tanto incomuns para uma HQ (lembram mais pinturas ou algum trecho bem perturbado de The Wall) e do roteiro de Hans Rodionoff. Aqui vemos não a visão de um explorador ou cientista, mas do próprio autor dos livros. O roteiro segue a vida do próprio Howard desde a sua infância, apresentando-o como a única pessoa capaz de ver as aberrações indescritíveis que cercam a nossa existência. Enquanto vivemos cegos ao gigantesco terror que nos cerca e ameaça toda a existência que conhecemos cada dia mais, Howard vive entre o nosso mundo e o deles, sendo taxado como louco por quase todos que o conhecem.

Os escritos do mestre do terror não seriam apenas contos tirados de uma imaginação incrivelmente fértil, capaz de criar todo um universo para abrigar seus horrores distorcidos, mas um alerta para toda a humanidade. Um terrível aviso sobre o mal que espera para cruzar a fronteira de nossa realidade. E, claro, aqueles que nos observam invisíveis esperam evitar que a mensagem seja transmitida, de um jeito ou de outro. á beira da loucura, Lovecraft tenta continuar com seus contos e ao mesmo tempo viver como uma pessoa comum.

Nas páginas das HQs vemos muito da história real do escritor, mostrando seus pais loucos e sua infância limitada por sua mãe superprotetora, seu emprego publicando contos na Weird Tales, junto com outros escritores famosos como Edgar Rice Burroughs (Tarzan) e Robert E. Howard (Conan, o Bárbaro) e seu casamento com Sonia Greene.

Leitura obrigatória pra qualquer fã do escritor, e recomendada pra qualquer fã de HQs, Graphic Novels ou de contos de horror. Agora, se você tem frescuragem com aberrações inomináveis, lugares fora do mundo onde bestas disformes e monstruosas vivem e segredos que te enlouqueceriam só de ouvir a METADE, vá ler Turma da Mônica e passe bem longe do meu navio, frango, ou te jogo ao bode negro da floresta de mil filhos! Y’haah. H’hai n’ghaa ga’hai! Iä, iä, Shub-Niggurath!

Lovecraft

Lovecraft
Lançamento: 2003
Arte: Enrique Breccia
Roteiro: Hans Rodionoff, Keith Giffen
Número de Páginas: 143
Editora:Vertigo

Overdose Adaptações: Adaptações amadoras que deram certo

Cinema quinta-feira, 17 de julho de 2008 – 1 comentário

O que mais se vê por aí é gente reclamando de adaptações que não deram certo. Milhares de fãs xiitas revoltados grunhindo “eu faria muito melhor” pra todo lado. Claro que a maioria só reclama e não faz nada, mas sempre tem aqueles malucos que realmente tentam. E geralmente falham miseravelmente.

Agora, ás vezes acontece da bagaça dar certo. Tem gente que simplesmente consegue transformar filmes amadores em verdadeiras obras de arte. E eu cito como exemplo os caras do CollegeHumor, que fizeram uma série completamente do caralho mostrando os personagens de Street Fighter alguns anos após o torneio. O troço vence fácil aquele filme bundão com o Raul Julia. In your face, Hollywood! Tá aí, Street Fighter: The Later Years. ó lá os três primeiros episódios:

Mario também ganhou uma excelente adaptação amadora, feita pelo povo do POYKPAC!. A idéia é a mesma: A vida do bigodudo depois de todo o trauma passado nos tempos do Bowser. Tudo aí em baixo, ó:

Outra onda que parece que pegou foi a de fazer trailers falsos pra adaptações um tanto incomuns de jogos. Cada um mais sensacional que o outro, claro. Dá uma olhada nos trailers pra Tetris, Pac Man e Campo Minado:

E enquanto uns malucos desses fazem um bando de porcaria que presta, ce vê Hollywood sucateando o Demolidor, fodendo Street Fighter e destruindo quase tudo o que toca. Que Transmetropolitan seja adaptado por amadores! Ahrrrr!

Overdose Adaptações: V de Vingança (V for Vendetta)

Cinema terça-feira, 15 de julho de 2008 – 3 comentários

V de Vingança, dirigido pelos irmãos Matr… Wachowski, tinha sido agendado pra sair em 5 de novembro de 2005, mas só foi lançado em 2006, matando boa parte da enorme publicidade que girava em volta da comemoração dos 400 anos da Conspiração da Pólvora.

A HQ de Alan Moore teve sua adaptação para o cinema feita em 2006, com várias modificações feitas, segundo os produtores do filme, para adaptar a história a um momento político mais atual. Boa parte da anarquia da obra de Moore foi amenizada ou retirada, assim como as referências ás drogas. O filme também é bem mais parcial que a HQ, dando a V a aparência de herói mais do que de terrorista, e transformando o Adam Susan perturbado, solitário e humano dos quadrinhos em Adam Sutler (talvez pra soar parecido com Adolf Hitler, sei lá), o vilão óbvio, sendo um ditador claramente desalmado e inumano.

O filme se passa em um futuro caótico: em 2038, a Inglaterra é governada pelo partido da Nórdica Chama, que controla o estado através do fascismo e da repressão. Ao contrário da HQ, aqui o Destino (supercomputador que funciona quase como o centro de todas as funções do partido – e que dá um toque de 1984 á obra) inexiste, amenizando um pouco a tensão existente na história, na minha opinião, além de deixar pontas soltas: não se explica como V tem acesso a tanta informação ou como ele controla algumas das transmissões durante o filme.

Evey aqui também tem um papel muito diferente da jovem insegura dos quadrinhos. Enquanto a de lá é uma moça desesperada e sem muita visão de futuro, a das telonas, interpretada por Natalie Portman, é uma jovem bem mais independente: enquanto a das HQs tenta entrar pra prostituição por falta de dinheiro, a Evey vista no filme tem um bom emprego na British Television Network, e chega inclusive a ajudar o terrorista a fugir do prédio quando ele precisa.

Creio que V de Vingança teria sido melhor adaptado como um filme de investigação policial. Algo como um Seven com uma ênfase maior na visão do maníaco. O V romantizado do filme é muito menos psicótico, terrível e genial do que o terrorista dos quadrinhos. A HQ passa a impressão de um criminoso extremamente calculista e te faz pensar na possibilidade de não haver coincidência alguma no desenrolar da trama. A cena dos dominós lá faz muito mais sentido do que no filme, colocando na cabeça do leitor a possibilidade de que cada encontro, cada diálogo e cada perturbação dos personagens – até mesmo o encontro com Evey – pode ter sido minuciosamente calculado pelo homem da máscara sorridente. Já o filme, que dá bem mais ênfase ás cenas de luta do que á mente criminosa brilhante de nosso Vilão, transformou o sujeito numa espécie Robin Hood. Um personagem anestesiado, frango, bundão e não tão atento aos detalhes, se comparado com o original.

Não se engane, no entanto. V de Vingança é, apesar de tudo, um bom filme, mas deve ser visto como algo completamente separado da HQ. Se for pra ver só como adaptação, a coisa infelizmente não deu tão certo assim.

V de Vingança

V for Vendetta (132 minutos – Drama/Sci-Fi/Thriller)
Lançamento: 2006
Direção: James McTeigue
Roteiro: Alan Moore e David Lloyd (HQ), Irmãos Wachowski
Elenco: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, Stephen Fry, John Hurt

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