Trabalho Sujo (Sunshine Cleaning)

Cinema quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

 Rose foi sucesso quando jovem: Era líder de torcida e namorava o quarterback do time de futebol americano da escola. Mas os anos passaram, e ela agora tem um filho, Oscar, pra sustentar. E as coisas não saíram muito bem como esperado; com a auto-estima lá embaixo, ela virou diarista e amante do, agora casado, quarterback dos tempos de escola. Ela tenta sair dessa situação abrindo uma empresa para limpar cenas de crime, a Sunshine Cleaning, junto com sua irmã, Norah, uma jovem rebelde que ainda mora com o pai, Joe.

O filme é dos mesmos produtores de Pequena Miss Sunshine e usa a mesma base: Os problemas familiares. Enquanto o filme de 2004 usou a viagem como tarefa pra reaproximar e reunificar a família, Trabalho Sujo não sai da cidade de Albuquerque e se concentra mais na relações familiares e nos traumas e fantasmas do passado, sendo menos bonitinho e mais sombrio que o filme da Miss Sunshine. E é quase tão bem sucedido quanto.

A diretora Christine Jeffs acerta ao não escancarar os fantasmas da família, como na cena da lembrança de Norah, onde a câmera evita focalizar o ocorrido e se concentra em demonstrar o dano que tal acontencimento causou na garota, e como a irmã mais velha tratou de protegê-la. O que reflete no presente, quando como sua irmã está sobrecarregada por ter se achado no dever de sempre proteger a caçula; sem contar o pai, que sempre tenta algum novo negócio para ajudar as filhas e o neto, só que acaba colecionando fracassos.

 Eu não tô embaixo da van

Além disso, Jeffs tabela bem com o roteiro de Megan Holley, que não conta alguns segredos, já que não há necessidade de mostrá-los, deixando-os apenas implícitos, como a identidade do pai de Oscar.

Amy Adams e Emily Blunt puxam o elenco com excelentes atuações. Adams consegue o ponto certo pra sua Rose não virar nem uma amargurada nem uma personagem de Casos de Família. Já Blunt surpreende e encarna com vigor e tremenda seriedade a rebelde Norah, conseguindo criar a vulnerabilidade da personagem e até o escudo pra esconder o quão vulnerável é, garantindo uma das melhores atuações de sua carreira. Steve Zahn não participa muito e não compromete nem engrandece o filme. O garoto Jason Spevack soa natural, mas não faz nada de especial, a ponto de ser comparado à Abigail Breslin, em Pequena Miss Sunshine, por exemplo.

 Alan Arkin é um artista por ter feito essas duas filhas, hein?

Mas é Alan Arkin o melhor em cena. Tão bem quanto em Pequena Miss Sunshine, o ator cria um personagem forte, que tem seu neto e as filhas como as únicas coisas que importam na vida e abalado pelos fracassos de todos os seus projetos pra conseguir ganhar dinheiro e dar uma vida melhor à eles. Uma cena que evidencia essa situação é a em que ele está limpando a banheira e é pressionado por Rose.

Agora um fato pra lembrar-nos em qual país vivemos: Não é novidade pra ninguém que diversos ótimos filmes chegam aqui direto em home video, quando poderiam ir tranquilamente aos cinemas (A Mentira), como há filmes que nem sequer dão as caras por aqui (Bronson). E isso acontece por vários fatores: Medo – justificável – das distribuidoras de apostar em algum filme; o gosto do público brasileiro, influenciado diretamente pela TV; e até a falta de salas. Esse filme, Trabalho Sujo, foi produzido nos EUA em 2008 e lançado nos cinemas em março de 2009, mas só agora, no dia 31 de dezembro de 2010, bem no fim do ano, é que o filme chega ao Brasil. E nos cinemas, o que é incomum, com toda essa demora. Depois desse tempo (21 meses), deveria ter ido direto pra home video. Se fosse pra ir ao circuito de cinemas, por que não lançaram antes?

Trabalho Sujo

Sunshine Cleaning (92 minutos – Comédia Dramática)
Lançamento: EUA, 2010
Direção: Christine Jeffs
Roteiro: Megan Holley
Elenco: Amy Adams, Emily Blunt, Alan Arkin, Jason Spevack, Steve Zahn

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