Minha Idéia De Diversão (Will Self)

Antípodas da Mente sexta-feira, 19 de junho de 2009 – 1 comentário

Eu já li algumas coisas muito estranhas. Estranhas mesmo. Se vocês acompanham isso, devem se lembrar de algumas.
Alguém se esqueceu do Crash, que contava sobre um grupo de pervertidos, sexualmente atraídos por batidas de carro?
Coisas desse tipo sempre fizeram parte da minha predileção literária.

No entanto, Minha Idéia De Diversão é um tanto quanto diferente. Talvez seja a primeira vez em anos em que eu me sinto verdadeiramente incomodado com as cenas que tenho lido nesse livro. Talvez pela riqueza de detalhes – Will Self tem uma incrível linguagem descritiva, rica em metáforas e comparações -, talvez seja porque a história é Realmente estranha, e até agora eu não sei exatamente se eu realmente entendi tudo. continue lendo »

Aliste-se!

Antípodas da Mente sexta-feira, 05 de junho de 2009 – 3 comentários

Imagine um distinto cidadão. Seu nome poderia ser algo entre Arnaldo e Jair.
Como todo distinto cidadão, ele tem um bom emprego burocrático numa boa firma burocrática, uma boa mulher dona de casa e dois bons filhos com boa educação em um bom colégio particular.
Sua idade pode ser, caso vocês queiram, por volta dos 28 e 34 anos.
Facilitando, o proclamo com 31 anos, casado há 12 e pai há 9.
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Desespero (Stephen King)

Livros sexta-feira, 13 de junho de 2008 – 10 comentários

Stephen King.
Só esse nome já lhe causa arrepios e faz suas bolas ficarem do tamanho de ervilhas. Autor consagrado como o McDonalds da literatura (é lixo puro sem nenhum conteúdo saudável, porém delicioso e irresistível) e autor de clássicos do terror, como O Iluminado, Carrie – A Estranha, Christine, Cujo e Cemitério Maldito, cujas adaptações para o cinema preenchiam minhas tardes pré-adolescentes ao assistir o Cine Trash da Band.
Ele não é genial, ele não é subjetivo, ele não é lírico, ele não é um artista das palavras, mas vai saber narrar gostoso assim lá na PQP. Eu sou uma leitora cujos olhos brilham para clássicos como Madame Bovary, O Vermelho e o Negro e A Divina Comédia, mas eu seria hipócrita se não admitisse que devoro todos os livros do King que caem em minhas mãos.
Como eu disse, você NUNCA vai encontrar um escritor com uma habilidade narrativa tão afiada como a dele. Não é reflexivo, nem crítico e muito menos bonito, mas acredite: você vai curtir. Eu não poderia escolher outro autor para resenhar nessa sexta-feira 13.

Tendo confessado meu affair com Mr. King, posso começar a falar sobre Desespero sem parecer uma admiradora sem cérebro. Aliás, antes de começar a resenhar o livro em si, quero dizer que existe uma adaptação cinematográfica desta obra. Quer uma dica? Não assista. Os livros do Stephen King são uma uva se lidos e uma merda se assistidos. As excessões disso são á Espera de Um Milagre; que não é uma estória de horror, apesar de um forte elemento sobrenatural na trama e 1408, adaptação muito bem feita de um conto. Cemitério Maldito e Carrie (os filmes) eu adoro de paixão mas não são bons, eu é que sou trash.
Enfim, vamos ao Desespero:

Xerife:Você tem o direito de permanecer calado. Qualquer coisa que você disser poderá ser usada contra você no tribunal. Você tem o direito de ter um advogado presente durante qualquer interrogatório. Eu vou matar vocês. Se você não puder pagar um advogado, um defensor lhe será indicado. Você compreende seus direitos?

(Foi nessa parte do livro, bem no comecinho da narrativa, que os cabelinhos do meu braço se arrepiaram pela primeira vez. Eu também não entendi, só sei que gostei demais da sutil mensagem camuflada na Lei Miranda).

Desespero é uma pequena e abandonada cidade em Nevada, para onde um grupo de pessoas aleatórias – um escritor de meia-idade rebelde, uma família de pai, mãe e dois filhos pequenos, um casal moderninho de Nova Iorque etc. – são levadas após serem paradas na estrada pelo xerife Collie Entragian. Existem uns três personagens fortemente carismáticos nesse livro, o que acaba se tornando um dos grandes trunfos da obra. Dá até dó de saber que eles possivelmente morrerão (eu disse possivelmente). Maldito King sádico e sem coração!
Os viajantes logo percebem o comportamento bizarro e esquisito do xerife. O detalhe sórdido é que a cidade está literalmente abandonada porque o xerife Entragian… ah, não, não dá. Não vou contar a trama para vocês, vai estragar grande parte do prazer de acompanhar a narrativa. Só sei que tudo converge para uma apocalíptica batalha entre o bem e o mal, que falando assim parece tosca e nonsense, mas vale muito á pena você ver como as coisas caminham para esse rumo.

Essa é uma obra que contém imagens perturbadoras, do tipo que chegaram a invadir meus sonhos. Acredite se quiser: enquanto eu lia esse livro, tive dois pesadelos pavorosos envolvendo um ou mais elementos da trama. A minha sorte é que eu gosto de pesadelos e ok, admito que sou uma pessoa facilmente impressionável.
Stephen King é perito em descrever cenas, sentimentos, sensações e reações, geralmente ignorando a minha avidez pelos próximos movimentos das personagens, causando assim sensações fortes no leitor (inclusive fazendo meu braço arrepiar mais de uma vez). O livro peca, como toda obra de King, por parecer meio estúpido se descontextualizado e analisado á luz da lógica. Mas eu te garanto longas horas de prazer com Desespero. Uau, que frase sádica mais sexy…
Enfim, recomendo que você se arme com seus colhões e vá ler esse livro AGORA.

Desespero

Desperation
Ano de Edição: 1996
Autor: Stephen King
Número de Páginas: 540
Editora: Objetiva

Novidades sobre a obra de Jorge Amado

Livros terça-feira, 11 de março de 2008 – 0 comentários

Pois é, meus caros, essa é quentíssima.
A obra de Jorge Amado, que vinha até então sendo publicada pela Editora Record, está sendo relançada (neste exato momento, aliás) pela Companhia das Letras.
Os livros terão direito a todo um novo projeto gráfico e posfácios escritos por críticos e escritores da atualidade. Fazendo parte do time, conta-se com a ajuda de Milton Hatoum, escritor brasileiro do momento e também publicado pela Companhia das Letras.
O autor “posfaciou” nada mais nada menos que uma das obras mais famosas de Amado: Capitães da Areia.

As novas edições estão sendo Agora (sim, Agora) mesmo distribuídas e enviadas ao mercado das Livrarias. Além disso, para comemorar a aquisição dos direitos, a Cia das Letras realizou hoje uma aula-apresentação ao lançamento, tendo como tema a pequena novela A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, do autor em questão. Quem administrou a aula? Novamente nosso caro amazonense Hatoum.
Regado a café, chocolate quente, sucos de abacaxi e acerola, sanduíches de metro e docinhos em geral, o encontro ainda apresentou aos convidados representantes do mercado varejista paulista parte dos novos projetos da editora, além de os presentear com um exemplar de órfãos do Eldorado, novo livro de Milton Hatoum, lançado dia 03 de março. É…esses malditos vendedores de livros foram mimados hoje.

Apesar de uma reedição não significar muita coisa, ao menos estão dando mais atenção a um autor tão rico quanto Jorge Amado. Um autor que, infelizmente, acabou sendo Desprezado pelo cânone crítico do eixo USP, sendo reduzido á injusta posição de escritor menor.

Foda-se a crítica. Viva a Literatura.

Literatura seriada

Analfabetismo Funcional quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008 – 1 comentário

Publicar histórias em capítulos seriados, como se fosse uma novela, pode parecer algo antigo, mas é um formato que ainda é muito utilizado hoje em dia em varias mídias. Não gosto de ler muitos clássicos da literatura, mas admito que na época original em que foram lançados, não havia melhor maneira de o fazer, pois era a única maneira de prender a atenção ate o fim de cada página.
A cada fim de capítulo era como se fosse marcado um encontro pra próxima semana, um convite para que o leitor continuasse acompanhando a história.
Pra citar um, e apenas UM, vou falar de Memórias de um Sargento de Milícias, aquele que é chato pra cacete, tem uma linguagem estranha pros dias atuais, e foi publicado dessa maneira. Se for analisar esse livro, que acredito que você deva ter um (é mais fácil comprar um do que renovar sempre na biblioteca) pode ver que a maneira que os capítulos foram escritos, algo sempre acontecia no final de cada um, algo que prendia a atenção do leitor o instigando a continuar a leitura na próxima semana, ou mais tarde, quem sabe. Era como se fosse um bom episódio de 24 Horas, da época que fazia você continuar a assistir episódio atrás de episódio, e sempre ficava surpreso de como acontecia tanta merda com Jack Bauer.
Pois bem, esse formato de publicação hoje em dia não é mais tão usado, pois a tarefa de escrever um livro não é tão ingrata quanto antes. Um autor, se estiver motivado, pode escrever vários livros por ano, mesmo eles sendo uma porcaria. Mas mesmo assim, apesar de não ser muito utilizado hoje em dia em MÍDIA IMPRESSA, ele continua a ser muito utilizado em diversos sites por aí. As fanfics, das quais cheguei a falar algum tempo atrás, nem sempre são publicadas completamente no site pelos autores. Normalmente são publicadas depois de pedidos por comentários, mendicância total, massagens no ego, com gente comentando por comentar, até liberarem o próximo capitulo. Diversas dessas histórias, as quais o autor acha que ninguém lê, ficam por lá mofando, incompletas, sem seu desfecho, uma grande sacanagem com o publico que a acompanhava. Mas isso é em relação a fanfics. Há autores que levam a sério o que escrevem, e estão pouco ligando se há comentários ou não: continuam a escrever somente para finalizar. Se alguém acompanha, isso é detalhe.
Mas voltemos aos livros, porque fanfics assim me deprimem.
Stephen King, autor de The Green Mile, lançado no Brasil com o nome de A Espera de um Milagre, publicou esse livro em fascículos, episódios separados, que saíam a cada 2 meses e que algum tempo depois da publicação foram juntados em apenas um volume. Mesmo sendo um formato de publicação defasado, antigo até, autores famosos o utilizam. Afinal, tendo fama, todo mundo irá ler e esperar pela próxima parte, pagando o quanto for por ela como aconteceu com esse livro. Se fossem somados os preços dos 6 volumes, o valor supera de longe o preço do volume único.
Resumindo bem, não importa que seja um formato de publicação antigo: ele ainda funciona hoje em dia. Porém, depende muito do autor que o utiliza saber quando é a hora de terminar. É algo que pode não ter fim, se ficar enrolando demais entre cada uma das partes publicadas. Fica a cargo da consciência de cada autor – ou da fome de dinheiro de cada editor, vai saber.

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