Crises criativas

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 15 de setembro de 2008 – 4 comentários

Aqui estou eu mais uma semana para apresentar a vocês mais uma coluna, dessa vez sobre crises criativas, aqueles momentos em que seu cérebro fica completamente vazio de idéias e a sensação de vácuo completo é total.
Tudo começa com uma simples idéia. “Ei, isso é bom, pode render algo que presta dessa vez!”. Foi o que pensei ao começar a escrever algumas coisas. Bom, depois de algumas horas escrevendo, isso mudou, mas mais porque o final que eu pretendia parecia inatingível naquele momento. Mas minha pessoa não interessa muito hoje, esse fato só foi pra dar um exemplo de como que estão as coisas, servindo mais como uma justificativa para me perder no tema de hoje, seja lá qual for ele.
Enrolar é um tipo de maneira de driblar a crise criativa, pois serve de escape, uma maneira de conseguir ganhar tempo e prender a atenção do leitor até o próximo capítulo, página, parágrafo ou ao menos até o fim da frase. Além de prender a atenção do leitor com detalhes que são dispensáveis a história, isso é o que faz aqueles livros curtos e sem sentido parecerem ser tão longos e com linguagem difícil. Olha só a bíblia, se ela não tivesse tantas enrolações, poderia ter pouco mais de 600 páginas.
E já que falei sobre linguagens difíceis, isso também é um fator ganha-tempo. Forçar o leitor a buscar fontes de referência alheias ao volume que está em análise de leitura no momento e um fator deveras desagradável, acabando com a finitude ampliteidal do sentido do texto. E eu inventei uma dessas palavras, eu acho.
Usar elementos alheios ao processo de escrita podem servir de ajuda para fugir da crise criativa, mas a escolha deles tem que ser cuidadosa. Veja só o exemplo de William Burroughs, que se utilizava de alucinógenos para escrever seus textos. Ou o caso de Charles Bukowski e suas histórias cheias de álcool e pessoas bizarras. Imagine se eles escrevessem sobre o efeito de… sei lá, suco de ameixa. As obras deles não seriam nada do que são hoje. Nesses casos, escrever com a mente alterada pode servir de algo, o que não está sendo o meu caso esse momento.
Mas crises criativas tem seu lado positivo, por incrível que pareça. Podem durar semanas, tanto tempo que olhar para um papel em branco ou para o editor de textos do PC causa raiva, medo, ódio e outros tantos sentimentos negativos que tem seu ápice no momento em que ou você destrói seu PC ou perde seu tempo com outras coisas para nunca mais ter que olhar aquilo. Mas quando o bloqueio termina e as palavras saem de seus dedos com a fluidez necessária para fazer sentido ou para ter alguma utilidade, supera qualquer tempo que ficou sem escrever. E também, a vontade de compensar o tempo perdido faz com que as idéias saiam de sua cabeça a toda velocidade, que é capaz que você acabe esquecendo de alguma durante o processo de escrever as outras mais importantes.
Tudo isso serviu para umas coisas. Aprender que escrever bêbado nem sempre é um fator positivo, que as primeiras cosias que saem de seus dedos têm que ser editadas não importa o quão pareçam legais de primeira e que tentar escrever algo quando se está de saco cheio quase nunca será algo que irá te agradar quando você ler depois. Mas acredito que servirá de algo pra vocês. Até segunda que vem.

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