Sexo em Quadrinhos I

HQs sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fã de quadrinhos que é realmente fã curte a nona arte em toda a plenitude, analisando o texto dos roteiristas e, muitas vezes, admirando traços e cores dignos de pinturas. E por essa razão irei abordar hoje uma vertente muito antiga na cultura humana: O sexo.

Quem acompanha as notícias do quadrinhos sabe que, após o reboot, a DC Comics meio que banalizou essa questão do sexo, principalmente nos títulos Mulher-Gato, onde a personagem título dá uma rapidinha com o Batman, e Capuz Vermelho e os Fora da Lei, onde temos uma Estelar um tanto “ninfomaníaca”, e isso inclusive virou polêmica, como o Ricardo apontou aqui.

 Só pra fechar a polêmica; o morcegão catou a gatinha de jeito.

Mas não vou ficar nesta polêmica, que já está batida. Eu vou abordar do sexo na forma geral, inclusive das HQs Eróticas. Calma ai punheteiro! Não vou ficar na putaria, vou só fazer uma espécie de levantamento histórico e abordar alguns artistas como Milo Manara, Carlos Zéfiro, Gilvan Lira, Guido Crepax, Giovana Cassoto, entre outros.

Pra começar, as HQs eróticas não são coisa nova, pois os primeiros registros datam do início do século XX, em 1907, nas tiras Mutt e Jeff que abordavam o sexo de forma “semi-camuflada” através de posições sacanas ou falando de “temas maliciosos” e frase de duplo sentido.

 Mutt e Jeff os primeiros quadrinhos eróticos publicados, já nos primeiros anos do século XX.

É claro que os desenhos eróticos, bem como histórias sexuais, não era coisas novas, porém ficavam restrita a poucas pessoas. Foi somente com a publicação das tirinhas criadas por Bud Fisher que elas se popularizaram. É claro que, devido ao fato dos jornais serem voltados principalmente para adultos, as tirinhas não foram “censuradas”, fato comprovado com tirinhas como Aline, de Adão Iturrusgarai, que segue até hoje.

 Aline, as tirinhas brasucas de sexo.

Mas, em razão da boa virtude familiar, os quadrinhos eróticos explícitos ficavam mesmo escondidos, circulando entre poucas mãos. Assim, nos Estados Unidos da década de 1920, surgiu a Tijuana Bibles (Bíblias de Tijuana), que mostravam paródias de personagens famosos da época como Popeye, a sensual Betty Bopp e vários outros em atos libidinosos e, por que não dizer, escandalosos.

 Bíblias religiosamente sacanas.

E quem pensa que essas “bíblias” eram desenhadas por amadores estão muito enganados, pois muitas de suas histórias foram ilustradas por Jerome Shuster, um dos criadores do ícone pop dos super-heróis, o Superman. O envolvimento de Shuster com esse tipo de arte alternativa foi retratada por Craig Yoe no livro Secret Identity: The Fetish Art of Superman’s co-creator Joe Shuster. Inclusive os direitos desta obra foram adquiridos por uma produtora que pretende adaptar o livro para o cinema.

 Até o criador do Superman trabalhou com HQs eróticas.

De acordo com Yoe, o co-criador do Homem de Aço teve que recorrer aos quadrinhos pornográficos na década de 50, quando estava falido, em função da tentativa falha de reconquistar os direitos sobre Superman e que o levou à exclusão da indústria de quadrinhos.

O material erótico de Shuster era publicado na revista Night Terror e as Bíblias de Tijuana eram vendidas clandestinamente, ou seja, não ficavam em exposição nas revistarias ou livrarias por ser moralmente reprovável ou mesmo ilegal. O livro de Yoe não só conta a história das ilustrações – que, segundo ele, mexeram profundamente com vários personagens reais da Nova York dos anos 50 e até serviram de inspiração para a caça aos quadrinhos de Fredric Wertham – como também republica todas.

Assim como ocorria nos Estados Unidos, no Brasil essa temática artística também ganhou força e como na terra do Tio Sam, tais histórias pornográficas ganharam um apelido religioso: Catecismos. E de certa forma, essa era a função das historinhas, catequizar os jovens que, escondidos, tentavam conhecer os segredos proibidos do sexo através de meros desenhos, já que, apesar de ser proibidos para menor, frequentemente esses eram os leitores de tais revistas.

 Algumas capas dos Catecismos brasileiros.

Esse apelido surgiu por causa dos próprios leitores, que chamavam as revistas (Desenhadas em bico de pena e impressa em papéis de péssima qualidade) de catecismos, pois o pouco de educação sexual que os jovens das décadas de 40, 50 e 60 tinham eram basicamente dessas histórias em quadrinhos, isso porque o sexo era um tabu familiar.

Porém, foi nesta época que o Brasil teve seus grandes nomes como Carlos Zéfiro, o qual tem mais de 500 hqs eróticas referida ao seu nome, Gilvan Lira, Claudio Seto, Fernando Ikoma, entre outros. É verdade que aqui o sexo e o erotismo não eram apresentados exclusivamente nos catecismos, já que nos quadrinhos de terror esse clima sensual era comum, inclusive com algumas personagens “pagando peitinhos”.

É importante ressaltar também que os quadrinhos desse período retratam o sexo com traços simples e sem cores. Além disso, os mesmos se diversificavam em vários temas abordando inclusive tabus como incestos e orgias. Somente na década de 80 que os quadrinhos eróticos ganharam um tom mais artístico pelas mãos do italiano Milo Manara, e de lá para cá o sexo passou a ter um papel meio secundário nas histórias.

Atualmente, com o advento da internet, esse tipo de publicação começou a ter um menor impacto, já que muitos internautas criam suas próprias histórias eróticas e distribuem pela net. É claro que alguns deixam a desejar quanto o traço e o roteiro. Ou seja, esse mundano mundo do sexo nas HQs é bem vasto, e a partir do próximo artigo vou abordá-lo um pouco mais a fundo, começando pelo nosso catequizador Alcides Aguiar Caminha, ou melhor, Carlos Zéfiro, como é mais conhecido.

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