Rubber

Filmes bons que passam batidos segunda-feira, 30 de maio de 2011

 Em pleno deserto californiano, um pneu com poderes telepáticos acorda subitamente e começa a assassinar todos os seres vivos que encontra pela frente. Enquanto os habitantes locais assistem incrédulos os crimes cometidos pelo emborrachado serial killer das rodovias, policiais dão início a uma caçada ao criminoso, que passa a nutrir misteriosa paixão por uma jovem. É ou não é a melhor sinopse de todos os tempos?

Então, um pneu. Assassino. Eu poderia parar por aqui, mas o Pizurk provavelmente não gostaria nada disso. E vocês devem estar esperando apenas um filme de terror padrão regado a sangue, tripas e um peitinho aqui ou acolá, certo? É, eu também pensava assim. Mas é claro que um filme onde o protagonista é um pneu não poderia parar por aí. Infelizmente.

Então olha só, a cena de introdução é a seguinte: Um carro vai se aproximando em ziguezague e derrubando todas as cadeiras espalhadas em uma estrada (?). O carro para e um policial sai do porta-malas segurando um copo d’água. Ele se aproxima da câmera e começa o discurso mais imbecil da história do cinema. Que basicamente fala sobre como tudo acontece sem razão alguma nos filmes de Hollywood, na vida em geral, e que o filme será uma homenagem a essa tal de falta de razão das coisas. O policial então calmamente vira o copo d’água, volta ao carro e vai embora. É tão idiota que é engraçado.

 MAS KD PNEU

Aí a câmera se afasta e percebemos que o tal policial não se dirigia (Apenas) a nós, mas a uma galera em pé na beira da estrada. Que imediatamente se vira para o horizonte e começa a observar o deserto com seus binóculos. Passamos a ver o que eles enxergam, e o filme dentro do filme começa.

Filme este que agora sim, consiste na odisseia do pneu (Que nos créditos descobrimos se chamar Robert), e começa a ficar interessante. Vemos o pneu enterrado na areia no meio do deserto, quando de repente, ele se move. A partir daí, acompanhamos seu desenvolvimento. Ele aprende a andar, descobre o prazer de esmagar coisas, a frustração de não conseguir esmagar algumas coisas, seus poderes telepáticos, e o prazer de explodir coisas. E sério, essas cenas ficaram muito legais. Tão legais que conseguem até humanizar um pneu, quem diria.

E tudo isso é intercalado pelos comentários dos espectadores, aqueles lá do começo. Mas felizmente, não por muito tempo. Finalmente, o pneu chega a civilização, se apaixona por uma garota e passa a assassinar todos que se metem no seu caminho. O que chama a atenção da polícia, que começa a investigar a situação. Liderada por Chad, aquele policial lá do começo. Então Chad manda seu contador (Não pergunte) matar o pessoal que tá assistindo tudo lá de longe, pra que o filme acabe e ele possa ir pra casa. Só que o plano não dá certo e ele precisa continuar a caçada ao nosso herói.

 Mãos ao alto!

O Rubber é a típica ideia que funciona muito bem na teoria, mas na prática é um desastre. A inserção do público dentro do filme, a quebra da quarta parede, e todas essas paradas que devem ter parecido geniais na cabeça do diretor só atrapalham um filme que deveria ser absurdamente divertido. Imagina um Piranha 3D cheio de questões filosóficas furadas por trás, seria a mesma coisa.

Mas conseguindo ignorar tudo isso, ainda vale a pena. Quer dizer, valer a pena não, mas cês entenderam. Apesar de pretensioso pra caralho, as partes que mostram a evolução e as motivações do pneu são sensacionais. E o pneu se mostrou um ator melhor que o Keanu Reeves.

Rubber

Rubber (82 minutos – Comédia, terror)
Lançamento: França, 2010
Direção: Quentin Dupieux
Roteiro: Quentin Dupieux
Elenco: Stephen Spinella, Roxane Mesquida, Jack Plotnick, Wings Hauser.

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