Recomendo: O Jogador (Fiódor Mikhailovich Dostoiévski)

Analfabetismo Funcional terça-feira, 25 de maio de 2010

Como adiantei num comentário no artigo passado, O que você está lendo? (A propósito, você comentou lá? Nunca é tarde para comentar!), o Recomendo dessa semana é para O Jogador, do mestre russo Fiódor Mikhailovich Dostoiévski. Destaco que, diferentemente das obras mais famosas do escritor (Os Irmãos Karamazov e Crime e Castigo), esse livro não é um calhamaço e pode ser lido até de uma vez, a depender da disposição, e não deixa de ser uma fabulosa obra sobre a condição humana e suas vicissitudes.

Seguindo minha política de evitar fazer spoiler vamos, às linhas gerais do enredo. Boa parte da história se passa numa cidadezinha alemã, onde um falido general da reserva posa de importante, cheio de criados e bocas a sustentar, todos hospedados num hotel. O detalhe é que o general espera a morte e, consequentemente, a herança da babuschka (Avó, em russo). A chegada de tal dinheiro traria diversas conseqüências positivas à vida do general e dos que lhe tem alguma ligação, mas a velha é dura na queda.

O protagonista, Alieksei Ivanovich, é o preceptor dos filhos do general. Sua ligação com o general e sua comitiva também é fortalecida pelo amor dilacerante e doentio que sente pela sua enteada, Paulina Alexandrovna, que passa a aproveitar-se de tal situação, fazendo-o jogar na roleta em seu favor. É impressionante como Dostoiévski consegue retratar a atmosfera dos cassinos e seus jogadores, tanto no aspecto físico do local, quanto nos conflitos internos pelos quais passam os jogadores. A precisão é explicada pelo fato de que o autor também ter sido viciado em jogo, especialmente na roleta, e, em vários momentos de sua vida, foi à falência, o que dá um tom auto-biográfico a esse livro.

Quem tiver algum interesse em conhecer a literatura russa, não se arrependerá em começar lendo essa obra. Basta estar disposto a enfrentar as primeiras páginas do livro, que são um tanto enfadonhas, o que é piorado pela quantidade de nomes estranhos para nossa língua. Porém, depois que história engrena, fica gostoso de ler. Na verdade, é um belo mini-tratado sobre o amor doentio e incondicional e sobre o vício no jogo e todas suas nuances.

O Jogador


Igrok
Ano de Edição: 2010
Autor: Fiódor Mikhailovich Dostoiévski
Número de Páginas: 165
Editora: Martin Claret

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