Queen; O Silêncio e o Palco

Música segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Era uma vez o cu do cabrito.

Se por um lado o Queen tem o John Deacon, que se aposentou rapidamente, por outro tem o Brian May, o rockeiro mais inteligente do mundo, e o Roger Taylor, que eu já disse em algum lugar que ficava maneiro de sainha e meia calça.

Quase 24 (heh) anos atrás Freddie Mercury morria, o Queen ia pro saco, e junto levou toda uma galera que curtia se fantasiar em cima do palco: O Queen é brega pra caralho. Brega demais pros anos 90, diga-se de passagem. Mas o mundo precisa de herois, e é ainda melhor quando estes herois são, na verdade, mártires.

Não quero entrar nessas questões… Na verdade só quero reclamar, sem ter que dar motivos pra isso, porque do contrário eu teria que tirar uns meses da minha vida só pra isso.

O Queen teve sua cara pública tirada de si, e portanto teve que pensar num novo jeito de continuar em cima dos palcos. Homenagens, reuniões, músicos convidados. Já passou gente pra caralho no Queen: David Bowie, Annie Lenox, George Michael, Elton John, Robbie Williams, Lady Gaga. Tem um padrão aí; a palavra que gostam de usar em inglês é “flamboyant“: Extravagante, flamejante, brilhante. Esses são só os nomes conhecidos, gente que veio pra ser a cara do Queen por um tempo.

O que começou com o relançamento de álbuns e canções hoje continua com a adição desses outros nomes, não sem antes ter passado por uma das grandes desgraças da indústria: A reutilização de trabalhos descartados e/ou inacabados (Se eu bater as botas enquanto o Bacon existir, favor deletar todos os meus rascunhos, Pizurk). Até que então surgiu o Queen +. Dessa saga, o grande nome talvez seja o Paul Rodgers. Faz sentido, se você parar pra pensar. É um cara que tem tempo de estrada, aproximadamente a mesma idade dos membros do Queen, alguém que foi influência pra muita gente: É alguém que fazia música relevante (E de sucesso) enquanto o Queen fazia o mesmo.

Mas em algum momento no tempo Queen + Paul Rodgers acabou. Em algum momento no tempo o Queen passou da maior banda do planeta pra uma banda utilizada como música-audição na indústria musical. Você sabe o que eu quero dizer, o tipo de música que alguém atrás duma mesa vai apertar um botão e falar pro músico alí na frente cantar, como uma avaliação. O Queen não influenciou toda uma geração de músicos, o Queen virou uma coletânea de melismas, acidentes musicais, efeitos, gritinhos e finais de frase alongados: É exibição, pura exibição.

Com o Freddie Mercury, mas mais importante ainda, em cima do palco, funcionava. Mas através da TV, enquanto o telespectador liga pra votar em qual participante deve ser eliminado, não.

Acontece que tem público, e parte da parte restante do Queen percebeu isso e correu pra não perder essa oportunidade. Programa após programa, audição após audição, hoje o Queen virou Malhação: Uma plataforma para novos artistas. Dá certo, falando em termos práticos, porque todos eles já tiveram que cantar aquelas músicas (Que tem, no mínimo 20 anos cada) várias vezes. Isto não é um ataque pessoal direto à nenhum desses músicos, é só frustração.

“Eu toquei com o Queen”. Não, não tocou. O Queen não toca ao vivo há 29 anos. Porque enquanto tantas outras bandas conseguiram se recuperar, ou mais ainda, passar a viver em grande estilo, o Queen não conseguiu.

Tem algo de muito nobre em sair de cena enquanto se está por cima. Algo que eu admiro, mas admito que dificilmente conseguiria fazer: Só se pode especular, mas a aposentadoria de John Deacon pode ser tida, talvez inocentemente demais, como uma forma de dizer que se não há mais nada de relevante ou novo pra você fazer, é melhor não fazer nada. Gosto da ideia, apesar de não ser bobo o suficiente para acreditar nela… Até porque financeiramente ele ainda está por dentro do que o Queen faz. Por outro lado, Queen + Adam Lambert tem datas até setembro de 2015, terminando em Santiago, no Chile, não sem antes passar por São Paulo, Rio e Porto Alegre. Algum novo trabalho? Nenhum.

Em algum momento deste sábado, dia 19, peguei um trecho de uma entrevista na Globo: “A gente não curte nada que tem hoje”, anunciou uma garota, ao lado de sua mãe, “a gente só tá aqui pra curtir a Cidade do Rock“.

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