O Produto e a Obra de Arte

Clássico é Clássico segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alô criançada, o Bozo chegou!.

Hoje vou falar de um dualismo que existe no mundo. E porque não, no mundo do cinema. A dicotomia entre a idéia produto (Proveniente do seio do capitalismo) e o que entendemos com arte. Ou seja, hoje é dia de ofender a “vanguarda”! How cool hã?

 Não zoa a gente, somos alternativos

Mas antes vamos as respostas do Panorama – Vilões Clássicos I.

1 – Roy (Blade Runner)
2 – Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes)
3 – Amon Goeth (Lista de Schindler)
4 – Chigurg (Onde os Fracos não tem vez)
5 – Lee Woo-jin (Old Boy)
6 – Stansfield (O Profissional)
7 – Sgt. Barnes (Platoon)
8 – Karl (Duro de Matar)
9 – Magneto (X-Men)
10 – Frank Booth (Veludo Azul)
11 – Asami Yamazaki (Audition)
12 – Hellraiser (Hellraiser)
13 – Coringa (O Cavaleiro das Trevas)
14 – Jigsaw (Jogos Mortais)
15 – Kyriama (Battle Royale)
16 – Leatherface (Massacre da Serra Elétrica)
17 – Biff Tannen (De Volta para o Futuro II)
18 – Darth Vader (Star Wars)
19 – HAL (2001)
20 – Patrick Bateman (Psicopata Americano)
21 – Khan (Star Trek)
22 – Alex (Laranja Mecânica)
23 – Sr. Potter (A Felicidade não se Compra)
24 – Terminator (Exterminador do Futuro I)
25 – Keyser Sooze (Os Suspeitos)
26 – Noah Cross (Chinatown)
27 – Annie Wilkes (Louca Obsessão)
28 – Norman Bates (Psicose)
29 – Predador (Predador)
30 – Angel Eyes (Três Homens em Conflito)
31 – Harry Powell (Mensageiro do Diabo)
32 – Tubarão (Tubarão)
33 – Pamela Voorhees (Sexta Feira 13)
34 – Jack Torrence (O Iluminado)
35 – Comodus (Gladiador)
36 – Feiticeira (Bela Adormecida)
37 – Alex Forrest (Atração Fatal)
38 – Max Cady (Cabo do Medo)
39 – Alien (Alien)
40 – Stg. Hartman (Nascido para Matar)
41 – Joan Crawford (Mamãezinha Querida)
42 – Szell (Maratona da Morte)
43 – Goldfinger (007 contra Goldfinger)
44 – Madrasta (Branca de Neve)
45 – Isabelle de Merteuil (Ligações Perigosas)
46 – Tommy (Os Bons Companheiros)
47 – Mickey Knox (Assassinos por Natureza)
48 – Hans Beckert (M)
49 – Calvera (Sete Homens e um Destino)
50 – Zod (Superman)
51 – Stuntman Mike (Death Proof)
52 – Capitão Bligh (O Grande Motim)
53 – Phylis (Pacto de Sangue)
54 – Rosa Klebb (Moscou contra 007)

Agora voltando ao tema da coluna: sabem qual é a coisa mais estúpida que já inventaram? A idéia de arte pela arte. Biologicamente, nosso senso artístico provém de uma capacidade básica de abstrair/dar significado a algo – essencial para nossa sobrevivência. Por isso somos capazes de formar opinião sobre tudo em poucos segundos (A conhecida “primeira impressão”) e a partir daí, nos sentirmos atráidos, indiferentes ou manifestando repulsa aquilo. Basicamente, se você, enquanto homem das cavernas, não tivesse medo de tigres e não fosse atraído por seres do sexo oposto, ou, sei lá, mangas, nossa espécie não estaria aqui para contar história. Somando isso a capacidade de abstração, surgiu o que chamamos de manifestação artística.

 Eu chamo de rabisco.

No decorrer dos séculos, a arte começou a representar o ser humano, deuses, cenas do cotidiano, enfim, uma forma de retratar a sociedade ou prestar reverência a seres míticos ou ao próprio ser humano. Mas o mundo contemporâneo não estava satisfeito com isso – porque não trazer outras possibilidades para a arte? Como chocar.

Mas isso é muito pouco. A arte pode ir além. Depois de provocar emoções como terror, alegria, dor, tristeza, felicidade, loucura, a arte quis dar um passo além. Ela quis ser autônoma. A idéia de arte pela arte. O que importa é o prazer estético, e nada além disso. Sem julgamentos morais, ideologias políticas ou levantamento de idéias. Os artistas passaram a querer que suas obras repousassem em uma esfera além da do homem. E é aí que eu quero chegar. Esse meme (Me utilizando da idéia de Richard Dawkins) impregnou todas as formas de artes, tendo desdobramentos principalmente no que chamamos de arte moderna. Mesmo a arte politicamente engajada, como foi o construtivismo russo, que buscava montar uma nova concepção de arte.

 Isso não são apenas formas geométricas. São formas geométricas demonstrando unicamente a supremacia da forma. Ok…

O portão estava aberto – esculturas abstratas feitas de lixo, pinturas sem nexo, filmes experimentais, arte perfomática com pessoas besuntadas, a arte finalmente adquiriu sua autonomia. Não importa mais o que as pessoas acham. Apenas o que a elite pseudo intelectual que usa cavanhaque e toma vinho pensa. E adivinha quem foi o maior herdeiro desse “movimento” no cinema? Quem pensou no cinema europeu ganhou um ponto. E é nesse momento da coluna que tudo começa a fazer sentido. Siga o raciocínio.

Arte pela arte. Arte somente apreciada por uma elite culta alternativa. Elite culta alternativa engajada em movimentos políticos de esquerda. Cof, cof, Godard. Movimentos políticos de esquerda em oposição ao capitalismo. Capitalismo cujo mote é a produção e venda. Produção e venda também da arte. A arte é vendida através da padronização dos gostos. Padronização dos gostos = Pop Art. Pop Art = Consumo de massas. Cof, cof, Michael Bay.

Arte pela Arte x Arte como Produto.
Filmes para uma “minoria intelectual” x Filmes acéfalos para a massa.
Filmes para pensar x Filmes para Entreter.
Socialismo x Capitalismo.
Jules e Jim x Rocky.

Entendem aonde quero chegar? De um lado temos críticas aos filmes europeus chatos e arrastados, que priorizam a construção de personagem hiper profundos e complexos, cujo mote são sempre pequenos eventos – um acidente de carro, um medo de traição, uma pedra no sapato. Do outro temos críticas aos filmes americanos que priorizam os eventos, resultando em uma grande gama de personagens rasos como um pires (Geralmente apelando para o maniqueísmo), cujo mote são sempre eventos gigantescos – um ataque terrorista, uma conspiração do governo, um meteoro que vai destruir a terra.

E isso é péssimo para o cinema. O cinema não deve ser tratado apenas como uma ferramenta político-filosófica. Assim como não deve ser tratado apenas como entretenimento acéfalo. A sétima arte (Assim como qualquer outra), deve saber equilibrar os papéis de instigar e entreter. A arte quando feita para deleite individual (Do próprio artista, ou de um pequeno grupo a que ele pertence), não tem valor. Assim como a arte também não tem valor, quando ela não adiciona (Ou subtrai) ao espectador após a sua apreciação. A oposição de arte é a indiferença.

Ser indiferente a arte, anula a própria arte. E existem dois níveis de indiferença.
Quando somos indiferentes a obra do “gênio incompreendido”, por não conseguimos assistí-la, já que ela se mostra incapaz de nos entreter ao ponto de que dediquemos uma parcela de nossas atenções.
E quando somos indiferentes a obra “produto industrial”. A qual consumimos (A embalagem é bonita), mas que após seu término, nada permanece. Apenas pedaços de milho de pipoca no dente.

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