Mídias Desmerecidas

Nona Arte quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu sei o que você está pensando. Mais uma coluna em que eu, do alto de meu mau humor e ódio geral a tudo que possua um código genético, irei reclamar sobre a pouca atenção que HQs recebem. E, parcialmente, você está certo. Pela duomilésima vez nas últimas 36 horas, irei bater de novo nesta tecla. Mas, não se reprima preocupe, não vai ser como das outras vezes. Vai ser pior, pois falarei de outras mídias ignoradas que não os quadrinhos.

Comecemos pelo irmão mais velho das HQs: Os livros.

 Q

Sim, meus caros, os livros. Notem que estou falando da situação dos mesmos no Brasil, o que torna a minha afirmação um cântaro da verdade absoluta; pouca gente no Brasil lê porque gosta. Claro, eu leio, você lê, ele lê, nós lemos, vós leis, eles lêem; mas, notem, somos uma “elite”. Somos pessoas com um bom nível de educação, capazes de ler e interpretar um texto sem problemas. Claro, “apenas” 10% da população brasileira é analfabeta, mas a maioria daqueles que se dizem alfabetizados por aí não seria capaz de entender um parágrafo de qualquer texto daqui do bacon. A maioria sequer entenderia a piadinha quatro linhas acima.

O povo brasileiro, de modo geral, foge de qualquer forma de entretenimento que exija mais do que um par de olhos e ouvidos funcionais e umas dúzias de neurônios de segunda mão para poder assistir SuperPop, Ratinho, Casos de Família e [Noticiário povão, local ou não]. Para o brasileiro default, qualquer um que esteja com um livro é, automaticamente, um intelectual de incomparáveis garbo e porte, um futuro defunto de farda membro da ABL. Somos um povo que, ao seu modo, incentiva a ignorância. Por isso, qualquer tentativa de fuga da mediocridade é vista como arrogância, ou vontade de aparecer.

Então, temos os primos distantes: Mangás e animes. Eu sei que essa é a área do Sake com Sal, mas dane-se. Enquanto muitas pessoas desmerecem os admiradores da cultura japonesa – por “cultura japonesa”, leia-se: “Animes e mangás”-, eu, por outro lado, não tenho nada contra a mesma. Apesar de não ler mangás (Sim, eu sei lê-los), eventualmente, eu baixo e assisto algum anime por recomendação de algum amigo ou site em que confio. Foi assim que descobri pérolas como Ghost in the Shell, Akira, Paprika, Cowboy Bebop, Ergo Proxy e Full Metal Alchemist: Brotherhood, entre outros.

Além da dupla discriminação (Ser um tipo de HQ E ter de ser lido “de trás pra frente”), os mangás e, por consequência, os animes, tem uma grande desvantagem: A maioria vem da Terra do Sol Nascente, berço de vídeos como o seguinte:

[Este vídeo foi censurado pela Comissão de Ética e Moral do Bacon Frito. O autor receberá uma punição de 100 chicotadas e 5 horas de músicas de Justin Bieber, Luan Santana, Calypso e Restart; ainda temos um pouco de decência, acredite ou não]

Entendem meu argumento? Nós, membros supostamente esclarecidos da sociedade, mal conseguimos lidar com um nível tão absurdo de bizarrice como a do vídeo (E nem é dos piores, acredite), imagine o cidadão comum, cujo maior choque no mês vem na forma da conta de telefone. Se ele vê uma coisa dessas, enlouquece ou defende o bombardeamento de qualquer coisa com olhos puxados. Mangás, na visão comum, são HQs (Com todos os problemas e desvantagens que isso traz) com desenhos esquisitos e temas bizarros.

E as HQs? Orra, cês gostam de me ver reclamar, não? Vão procurar o que fazer, vagabundos.

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