HQ é coisa de criança?

HQs sexta-feira, 15 de julho de 2011

“Como você lê gibi, cara? Que coisa infantil…” – acho que essa é a frase que mais escuto quando falo sobre o meu gosto por histórias em quadrinhos (só perde para “o Batman é gay”). Quadrinhos é coisa de criança? Bom, é uma pergunta bem simples de responder, um simples “não” já resolve a situação e todos voltam para suas casas alegres e felizes sem se preocupar com gibis… Ou não… Ou você fica pensando nisso e resolver escrever uma coluna sobre isso.

Devo deixar claro que esse tipo de pergunta não me incomoda, o tipo de pessoa que pergunta isso é o infeliz que nunca leu um gibi, fala mal e depois sai do cinema dizendo que The Dark Knight é o melhor filme do mundo e que o Coringa é o melhor personagem de todos. Mas pera aí, se esse puto nunca leu gibi, como é que ele sai por ai dizendo que é coisa de criança? Bom, isso é o que iremos desvendar no episódio de hoje caros leitores (não troque de canal, voltamos já).

 Uau, um macaco detetive. Que adulto!

Acho que o maior problema das HQs não são necessariamente as HQs. Elas são boas e têm um conteúdo adulto (desde a narrativa ao traço dos desenhos). O problema é que o pessoal acha que HQs se resume à Turma da Mônica e personagens clássicos da DC e Marvel. Turma da Mônica é infantil e, como todo bom puto que leu isso na infância, tende-se a achar que é só isso que os gibis têm a oferecer, algo infantil e educativo para as crianças aprenderem coisas legais da vida. Da parte Marvel e DC não há nada infantil, como já disse, os gibis dessas duas editoras apresentam histórias e traços mais adultos. Há violência e um certo apelo sexual (só falta cerveja e bacon). Mas então por que diabos eles são vistos como infantis?

Os problemas dos gibis são as outras mídias: são os desenhos, os brinquedos, os filmes e jogos que fazem com esses personagens. Veja, criança adora super-herói, e todo mundo sabe que esses putinhos também adoram chorar na frente dos pais até conseguirem o que querem, logo, tem um baita mercado pra explorar ai. Só que você não vai conseguir vender um Coringa que deixa uma bibliotecária paraplégica. Você não vai conseguir vender um Batman que não sorri e que tem planos para derrotar todos seus “amigos” da Liga da Justiça. A solução pra isso é pegar esses personagens e criar uns desenhos para as crianças, onde eles são felizes, onde o Batman ri e o Coringa é apenas um “palhaço do crime”. E isso serve para vários heróis que tem desenho, brinquedos e videogames.

 TODOS SORRI

Isso não seria bem um problema se soubessem diferenciar que essas histórias não são a realidade do herói, mas as pessoas que assistem isso deduzem que o gibi também é assim, por isso há esse comentário sobre HQ ser algo infantil. Esse cenário meio que tá dando uma mudada com os últimos filmes lançados. Eles já são mais adultos, são mais fiéis, estão passando o que realmente está nos quadrinhos (tanto que já vi gente lendo quadrinho só porque gostou do filme). Os desenhos também estão dando uma mudada, a DC tá investindo bastante nessa mídia e agora vai ter até um Batman Year One em animação. E por último tem os videogames que já tão trabalhando algo mais adulto (principalmente o Batman).

Então, em um resumo geral, o problema das HQs é o que fazem com elas fora do papel. As outras mídias infantilizam os heróis e passam essa imagem pros quadrinhos, mas isso vai mudar com o tempo. Claro que ainda vai ter um puto comentando “é infantil mimimi cueca em cima da calça mimimi superpoderes”, só que se isso é argumento para qualificar essas histórias como infantis, então bruxos voadores, anéis mágicos e velhos jogando pragas no Egito também não fogem desse rótulo.

[Nota do editor: esse texto não prova nada, só prova que o Coringa é um filho da puta.]

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