Gnomeu e Julieta (Gnomeo and Juliet)

Cinema quinta-feira, 03 de março de 2011

 Gnomeu é um gnomo de jardim, filho de Lady B, chefe do jardim azul. Logo após a cerca, está o jardim vermelho, onde vive Julieta, também filha do chefe do jardim. O lado azul e o lado vermelho nutrem uma rivalidade e um ódio sem igual, onde o único sentimento que eles compartilham é a raiva pelo outro lado da cerca. Até que Julieta e Gnomeu se conhecem e acabam se apaixonando. Eles decidem seguir com o amor às escondidas, mas quando este é descoberto, os dois deverão passar por muitas provações para se manterem juntos.

O filme já esteve sob a batuta da Disney lá em 2005, mas teve a produção cancelada logo no ano seguinte. Foi especulada a volta da pré-produção em 2006, sob os tetos da Miramax. Mas só em 2008 o projeto engrenou, agora com a Rocket Films. E realmente não havia essa necessidade de se fazer esse filme. O filme até tem uma ou duas grandes cenas, mas falha em não oferecer reais ou boas inovações para a já saturada história criada por William Shakespeare e perde em ritmo e graça.

Isso sem falar nos personagens coadjuvantes, sem brilho e que pouco inspiram simpatia; exceção feita apenas ao flamingo Featherstone. A sapa cuspidora de água, Nanette, até que surge promissora, mas é logo deixada de lado pelo roteiro, voltando apenas em esporádicas cenas, onde surge apagada e – novamente – deixada de lado.

 Não pergunte.

O flamingo de plástico Featherstone, dublado por Jim Cummings, é o coadjuvante que surge mais interessante, com seu passado triste e trágico e que, depois de um bom tempo sozinho, finalmente consegue companhia, já que ficou isolado exatamente no mesmo lugar em que Gnomeu e Julieta vão namorar escondidos. É um personagem trágico, interessante e tridimensional (o único do filme, devo dizer), que poderia estar antecipando o que o final – classicamente trágico – nos traria. Uma pena que os roteiristas foram covardes nesse ponto.

Filmar uma história como Romeu & Julieta, já usada dezenas de vezes no cinema, requer mudanças e inovações. Mas é bom lembrar que nem toda inovação é útil e bem-vinda, é preciso fazê-la com cuidado, para respeitar a obra original e realmente ter necessidade dessa mudança e não fazê-la por comodismo, que é o que acontece aqui. Aliás, o roteiro é bem mal-desenvolvido e recorre a soluções baratas e já manjadas. Ou até absurdas, de tão ofensivas à inteligência do público (Reparem como fica o estado dos jardins ao final do filme; completamente diferente de tudo o que o filme pintou durante toda sua extensão).

 Melhor personagem deveria ter tomado o filme pra ele, não só nessa cena.

A animação é boa e bem acabada e a escolha de manter os gnomos com sua aparência real – com pouca mobilidade – apenas ajuda, já que o orçamento do filme não é o mesmo das grandes produções de uma Pixar, por exemplo. E também merece aplausos o design de som do longa, que em momento algum se esquece de que material são feitos os gnomos de jardim e sempre imprimem organicamente os sons de batidas no chão ou em outro gnomo.

Outra cena que merece destaque é o primeiro encontro de Gnomeu com Julieta, bem fotografado sob a luz da lua e bem coreografado. A trilha sonora, embalada por grandes sucessos e novas músicas de Elton John se mostra acertada e tenta dar ritmo ao filme.

Em suma, o filme se perde em seus personagens rasos e não acerta nas mudanças da já contada e recontada história. E a covardia com o final nada ajuda. Poderia ter sido melhor. Poderia ter sido brilhante. Mas não foi, uma pena.

Gnomeu e Julieta

Gnomeo and Juliet (84 minutos – Animação)
Lançamento: EUA, 2011
Direção: Kelly Asbury
Roteiro: Kelly Asbury, Mark Burton, Kevin Cecil, Emily Cook, Kathy Greenberg, Andy Riley e Steve Hamilton Shaw, baseado em roteiro original de John R. Smith e Rob Sprackling e em peça teatral de William Shakespeare
Elenco de Dublagem: James McAvoy, Emily Blunt, Jim Cummings, Michael Caine, Maggie Smith, Jason Statham

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