Filmes definitivos

Cinema segunda-feira, 05 de dezembro de 2011

Então, uns dias atrás semana passada no meu último texto aqui no Bacon, eu falei que o Era Uma Vez no Oeste era o western definitivo. E isso me fez pensar, quais seriam os filmes definitivos de cada gênero? Quais aquelas obras que atingiram um nível de excelência tão alto no que se propuseram que o gênero poderia ter acabado ali, e tudo o que veio depois foi uma tentativa fracassada de imitá-las? Para responder essas questões, como cês já devem ter percebido, vem aí uma lista básica desses filmes.

Terror – O Bebê de Rosemary

Esqueçam os anos e anos de sustos baratos provocados por filmes que apostam em mortes bizarras, ângulos inusitados e… Eu já disse mortes bizarras? Enfim, não tem filme mais apavorante que O Bebê de Rosemary. A história de Rosemary, que se muda com o marido pra um prédio de reputação duvidosa, começa a se envolver com um casal de amistosos vizinhos idosos, passa a ter alucinações, engravida e descobre que os vizinhos não são tão amistosos assim, nem parece tudo isso. Assim como a de 99% dos filmes de terror, aliás. Mas o modo como ela é contada sim, é algo extraordinário. O filme começa lá em cima, tudo muito bom, tudo muito bem. Até que inicia uma gradual e dolorosa decida em espiral até o fundo do poço. E te abandona lá embaixo no final.

A direção do Roman Polanski consegue transformar uma gravidez num processo totalmente opressivo, claustrofóbico e asfixiante. Sentimentos que só são potencializados pelas grandes interpretações, principalmente da Ruth Gordon (Que chegou a ganhar um Oscar) como vizinha demoníaca. E sem esquecer da Mia Farrow, que conseguiu encarnar o desespero em pessoa. Provavelmente porque recebeu os papeis de divórcio do Frank Sinatra durante as filmagens.

Comédia – Monty Python em Busca do Cálice Sagrado

Eu quase, quase, preenchi esse espaço com um solitário NI!. Mas obviamente, muitos de vocês incultos não iam entender. Então vamos lá: O Em Busca do Cálice Sagrado é simplesmente o melhor dos filmes do Monty Python. Onde a jornada nonsense do Rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda resultou em uma hora e meia do melhor que o humor inglês (E consequentemente, o melhor que o humor) poderia oferecer. E como se não bastasse, o filme ainda te ensina uma coisa ou duas sobre andorinhas.

Ah, essa posição quase foi ocupada pelo Dr. Fantástico, mas esse filme transcende a mera classificação por gêneros. Fica aqui a menção honrosa. Além disso, a gente vai encontrar o Kubrick mais pra frente.

Ação – Dirty Harry, Perseguidor Implacável

É incrível como os anos 80 representam o pior da raça humana em todas as áreas, menos no que se refere à filmes de ação. Na verdade, parece que justamente o que quase arrastou a produção cultural da humanidade pra um buraco negro, também contribuiu pra o sucesso dos heróis de ação da década perdida. Vide John Rambo, John Matrix e John McClane. Mesmo assim, o protagonista do filme de ação definitivo não é um simples John, mas um… Harry. Harry Callahan. Ou melhor, Clint Eastwood. Tudo bem, o Rambo praticamente definiu o rumo do cinema de ação contemporâneo, que foi aperfeiçoado pelo Comando Para Matar e adequado ao ritmo dos anos 90 pelo Duro de Matar. Mas nada disso teria sido possível se o papel anti-herói sem tempo pra dilemas morais não tivesse sido firmado pelo Dirty Harry, o policial que salva San Francisco uma vez por mês e continua eternamente prestes a ser demitido. E o escolhido aqui não poderia deixar de ser o primeiro da série, um filme simples, direto, empolgante, e com o Clint Eastwood. Usando uma Magnum 44.

Aventura – Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida

Por mais que me doa escrever isso, a trilogia do Indiana Jones não deixa dúvidas de que o Steven Spielberg é um gênio. Tudo bem, o quarto filme quase pôs tudo a perder, mas eu sigo acreditando que foi tudo culpa do George Lucas. Pelo menos até a chegada do quinto… Mas enfim, por três filmes, o Harrison Ford encarnou o herói mais legal do mundo. Principalmente por causa de um grande diferencial: Por mais que ele represente o bem, que sempre triunfa contra o mal e tudo o mais, ele também sempre se fode no processo. E foi adicionando isso a medidas precisas de aventura, humor e romance, que o Spielberg concebeu a fórmula de entretenimento perfeita. E se ela começar a perder o efeito, é só adicionar o Sean Connery na equação e fica tudo certo.

Romance – Casablanca

Clichê, eu sei. Mas os romances mais marcantes do cinema são justamente aqueles que não dão certo. Com isso esclarecido, não tem como não pensar em Play it again, Sam, a citação que não existe mais famosa de todos os tempos. Ou ao menos em Humphrey Bogart e Ingrid Bergman se reencontrando numa cidadezinha efervescente do norte da África durante a Segunda Guerra Mundial. Mas voltando as citações, se Nós sempre teremos Paris não for a frase mais romântica do cinema, eu não entendo nada de romance. O que é bem provável.

Ficção Científica – 2001: Uma Odisseia no Espaço

O 2001 é um filme pretensioso pra caralho. E isso costuma ser o primeiro passo pra dar tudo errado. Mas nesse caso, nem toda a pretensão do mundo seria suficiente. Ok, eu não sei se isso fez sentido. Ok, eu tou enrolando. Mas cês entendem, é difícil escrever sobre um filme como o 2001. Principalmente em um parágrafo. Ele é grandioso demais. E nós dá uma bela visão de toda a história da humanidade, chegando a um ponto onde nós nem chegamos ainda, mas sem cometer o erro de conclui-la. Sem contar no absurdo que são a qualidade técnica e a direção do Kubrick. Eu diria que esse é o filme que veio pra acabar com todos os filmes. Pena que nós ainda não evoluímos o suficiente para compreende-lo em sua plenitude. Mas que ele seria melhor ainda se o Pink Floyd tivesse aceitado compor a trilha sonora, seria.

Drama – Um Estranho no Ninho

Eu não sei o que realmente se encaixa nesse gênero, mas essa categoria tem um espaço nas locadoras. E isso não me fez entender melhor essa classificação, então eu busquei a valiosa ajuda do IMDB e selecionei o melhor entre os exemplares classificados exclusivamente pela tag Drama. Felizmente, deu tudo certo, já que o vencedor foi o Um Estranho no Ninho.

Eu estava aqui, tentando definir os pontos altos do filme, mas é impossível. Tudo se encaixou perfeitamente quando um Jack Nicholson no auge interpretou um criminoso que alega insanidade pra fugir da prisão, acaba num manicômio e passa a tentar libertar os pacientes da tirania da enfermeira Ratched (Uma das personagens mais malignas da sétima arte). Com momentos tristes e alegres balanceados perfeitamente, que culminam num dos finais mais emblemáticos de Hollywood, temos possivelmente a maior ode à liberdade do cinema.

Musical – South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes

Ok, eu não sou um grande fã de musicais. E nada melhor o filme do South Park pra consertar isso. Mesmo que isso acabe de vez com a credibilidade dessa lista. Mas porra, tem o Saddam Hussein! E ele é gay! E tem um caso com o Satã!!1 Não tem como ficar melhor do que isso. Mas se tratando de South Park, é claro que fica. Como sempre, o roteiro (Muito bom, por sinal) é construído de forma a ofender o maior número de pessoas possíveis. E acabar de vez com o tal de politicamente correto. Ah, sim, e tem os momentos musicais. Ao mesmo tempo que cumprem o proposito de parodiar o gênero, elas também funcionam muito bem pra contar a história. Como no mais convencional dos musicais. E ainda são legais, olha só. De qualquer forma, o filme mereceria estar aqui apenas pela existência de uma música tratando dos problemas conjugais de Saddam e Satã, interpretada pelos próprios:

E nunca se esqueçam crianças, culpem o Canadá.

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