Cinema Mudo – Parte 3

Cinema quarta-feira, 09 de maio de 2012

Terminando a saga que começou aqui e na semana passada continuou aqui, chegou no momento de falar sobre a história do cinema mudo feito em terras européias.

Como foi dito, logo após a invenção do cinematógrafo pelos franceses Irmãos Lumiére em 1895, esses mesmos começaram a filmar suas primeiras películas, quase todas cenas curtas comuns do cotidiano, como Alimentando o Bebê, Jogo de Cartas, a Saída dos Funcionários da Fábrica Lumière, e de brinde para vocês, o primeiro filme do mundo, A Chegada de Um Trem à Estação da Cidade:

Alguns anos depois, outro francês, um ator de teatro e mágico chamado Georges Meliès, deu novo folêgo ao cinema. Meliès levou a experiência dos palcos e as técnicas de mágica para os celulóides, criando filmes com roteiros adaptados, efeitos especiais e uma duração bem maior que os filmes antecessores, como Baile a Meia Noite, O Impressionante Fim do Século, Joana D’Arc, e o emblemático e poético Viagem à Lua. Um pouco da história de Meliès foi contada recentemente, no filme de Martin Scorsese, A Invenção de Hugo Cabret.

Anos mais tarde, o cinema já influia no restante da vida cultural do continente, e movimentos como o Expressionismo Alemão, O Experimentalismo Russo e o Surrealismo Espanhol se consolidariam nos anos posteriores. Ainda na França, Jean Renoir viria a se tornar um dos maiores diretores da era muda do cinema.

A escola alemã se caracterizava por transmitir a tensão social que vivia o país nos anos pós-primeira guerra. Esse período, que nos presenteou com alguns dos melhores clássicos do terror de todos os tempos, como O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene; Nosferatu e Fausto, de F.W. Murnau; Metrópolis, de Fritz Lang; e A Múmia, de Ernst Lubistch. Cénarios sombrios, ângulos oblíquos e deformados e maquiagem pesada são marcas registradas desses filmes.

Já na União Soviética, o movimento cinematográfico se caracterizou por ser amplamente teorizado por estudiosos como Sergei Eiseinstein e Dziga Vertov. Eisenstein sustentava que a inserção do som banalizaria a imagem, criando um tipo de “pleonasmo”. Foi o que realmente pudemos atestar com Encouraçado Pomtekin.
Vertov defendeu, com o pai do documentário, O Homem com a Câmera, que imagens “criadas” por máquinas contariam melhor algumas histórias do que pessoas, já que máquinas são imparciais e não tendenciosas. O Experimentalismo Russo já foi discutido anteriormente aqui no Bacon.

 Clássicos de uma era que não volta mais.

Para finalizar, resta falar sobre o dinamarquês Carl Theodore Dreyer, que desce macio e reanima é de grande importância por ter nos presenteado com O Martírio de Joana D’Arc, no qual a atriz Maria Falconetti é filmada com imensa habilidade, sempre em closes que transmitiam ao espectador todas as emoções sentidas pela protagonista. Dizem que Dreyer é o pai da novela brasileira, porque vou te contar, vai gostar de close (Puts, essa foi horrível). Nota do editor: Só essa?

O espanhol Luis Buñuel também viveu sua fase durante o cinema mudo. Curta, é verdade, mas o suficiente para deixar de legado a obra-prima Um Cão Andaluz.

Mesmo com alguns resistentes mais cabeça dura, como Chaplin e Eiseinstein, após o lançamento de O Cantor de Jazz em 1924, primeiro filme com som da história, o cinema mudo perdeu força e praticamente desapareceu. Esperamos que agora com O Artista, isso não se confirme.

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