Blade Runner – O Caçador de Andróides

Bogart é TANGA! terça-feira, 13 de julho de 2010

Uma das combinações pouquíssimas vezes exploradas no cinema e que quase sempre é mal interpretada é a de filosofia e ficção-científica. A Uiara, por causa de um de seus textos, me falou um pouco sobre a visão dela em relação ao tema. Após assistir nesse fim de semana o combo 2001, Uma Odisséia no Espaço + Blade Runner – O Caçador de Andróides, resolvi falar um pouco sobre esse último, um filme que se tornou cult devido à diversas influências, como o Noir, o movimento punk, e até mesmo a Metrópolis de Fritz Lang, já que a Uiara falou de 2001 no texto dela.

Sinopse: Em 2019, uma corporação desenvolve uma tecnologia para criar clones humanos, os replicantes, que são utilizados como escravos em outros planetas. Quando um grupo de replicantes se rebela na Terra, o ex-policial Deckard (Harrison Ford) é convocado para caçá-los e exterminá-los.

O ano em questão é 2019, e a cidade é Los Angeles. Logo na sequência inicial, que mostra uma visão panorâmica da cidade, já se percebe uma clara homenagem ao clássico de Fritz Lang, Metrópolis, na qual a sociedade era divida de maneira que os ricos moravam no alto de edifícios, enquanto a ralé morava no solo. Mas no universo criado por Ridley Scott em Blade Runner as coisas são um pouco diferentes: Agora quem mora no planeta Terra são os desabastados, enquanto a galera da bufunfa vazava para outros planetas. O planeta se tornou completamente influenciado pela cultura oriental, seja em anúncios comerciais ou na invasão do povo de olho puxado no resto do planeta. Quem também tomou conta da Terra foi a poluição. Em cada canto das ruas da cidade há amontoados de lixo.

 Clara homenagem a Metrópolis

Para ajudar na colonização de outros planetas, as empresas de tecnologia criaram robôs fortes e ágeis e que se equiparam em inteligência aos seus criadores, os denominados Replicantes. Para combater os andróides enquanto se rebelavam, foi criada uma espécie de polícia especial, os Blade Runners.

Em meio a todo esse contexto caótico, o ex-blade runner Rick Deckard tenta levar sua vidinha na boa, longe de toda a ação dos bons tempos. Até que as Empresas Tyrell lançam uma nova safra de andróides, a Nexus 6, a mais perfeita já criada. Os engenheiros da Tyrell concluem que devido a uma possível ameaça por conta da inteligência desses robôs é necessário colocar um prazo de validade nos seres artificiais, que eles estipulam ser de 4 anos.

Um grupo de seis dos mais inteligentes replicantes Nexus 6 se rebelam por causa do prazo de validade e planejam um encontro com o dono das empresas Tyrell, afim de conversarem sobre a possibilidade de sobre-vida. A notícia da morte de um executivo da empresa faz com que Deckard seja acionado para que investigue e cace os replicantes rebelados. O engraçado disso tudo é a forma com a qual se determina quem é ou não replicante ou humano: são apenas estímulos e reações causados por conta de uma série de perguntas, quase todas sobre o passado dos seres cibernéticos.

 Porra mano, pixaram meus olhos…

Deckard vai às empresas Tyrell para um teste, terá que dizer se uma das funcionárias da empresa pertence à classe do povo de lata replicantes ou não. Ele acaba se surpreendendo ao constatar que a replicante (Sean Young) responde relativamente bem as perguntas sobre seu passado, e que ela mesmo não sabe que é um robô. A partir daí começa a nutrir uma sentimento amoroso por ela e passa a contestar suas próprias convicções. Ele parte então para a caçada, enquanto em paralelo, Pris (Daryl Hannah), uma das replicantes do bando de Roy Batty (Rutger Hauer), é acolhida por um dos engenheiros da Tyrell, J.F Sebastian, que sofre de uma doença que o faz envelhecer muito rapidamente, e ela descobre aí possibilidade do encontro da cria com o criador.

 Deckard, Rick Deckard

Blade Runner é um filme bastante interessante pelo fato de quebrar o conceito de ficção + ação, lançado por George Lucas em Star Wars, já que a ficção é apenas um plano de fundo para os delicados questionamentos propostos na obra, como o homem criando a vida, fazendo papel de Deus, ou como os rumos que a tecnologia pode levar o planeta Terra, e como no caso de J.F Sebastian, a tecnologia pode ser usada para criar outros seres, mas não foi capaz de curar sua doença. Mas o que mais é exposto durante aproximadamente 2 horas é que “o ser” é quem define o carácter humano.

A trilha sonora é de autoria do grego Vangelis, que juntamente ao tempo do filme ser sempre noturno, (exceto na sequência final, que amanhece durante o genial diálogo entre Deckard e Roy) a ambientação suja dão ao filme um certo clima Noir. A caracterização de Los Angeles é feita com imensos anúncios em neón de empresas do ramo de tecnologia contrastando com o escuro da noite, assim como os edifícios citados no primeiro parágrafo. Outro ponto importante é a caracterização dos andróides, nitidamente mostrados como punks, movimento de forte influência nos anos 80.

 Tem certeza que é Los Angeles?

Por ter um roteiro futurista, com investigação, robôs e caçador de robôs, muita gente cria a imagem errônea de que Blade Runner é um filme de ação (embora a contenha em vários momentos), e quem for assistir o filme com esse propósito certamente poderá se decepcionar. Eu prefiro indicar como um bom filme para quem prefere gastar neurônio do que assistir à explosões.

Blade Runner – O Caçador de Andróides

Blade Runner (117 minutos – Ficção Científica)
Lançamento: EUA, 1982
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Philip K. Dick, Hampton Fancher, David Webb Peoples
Elenco: Harrison Ford, Sean Young, Daryl Hannah, Rutger Hauer, Edward James Olmos, Joanna Cassidy,

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