Abstinência

Analfabetismo Funcional quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Escrever sobre drogas, com drogas ou sob efeito de drogas é algo interessante. Sua perspectiva do que está a sua volta fica beeeem distorcida, o monitor parece que vai e volta numa viagem bem locona, a luz parece que pisca nuns quatro tipos de tons diferentes e os sons? HÁ! Esses eu nem explico! Zumbidos, vozes que surgem do nada, gritos e berros, pareceu que um onibus cheio de vacas em chamas passou aqui do lado a pouco, dada a cacofonia enojante que dominava meus timpanos recém descobertos de graus de sons diferentes.

 Gira, desgraçado!

A dor faz com que tomemos medidas desesperadas, do estilo misturar tudo o que existe de analgésicos e remédios que tinha em casa, até mesmo aquele pote que tinha umas coisas brilhantes. Minha mulher dizia que era açúcar de baunilha, mas sei não, acho que era fermento.

Surgindo aos poucos, um pequeno cavalo se aloja no meu ombro esquerdo, tomando conta daquela área tão esquisita, que alguns de vocês chamam de saboneteira. HEI! O safado resolveu tomar um banho ali!

Sai daí, pônei maldito!

Minha esposa chega em casa, com meu filho e olha a situação que estou, só percebo a hora que ela vai embora, carregando ele e falando que não aguenta mais isso, essa era a ultima vez que me via assim. É, terei tempo pra fazer isso mais vezes, já que por mim, essa era a primeira vez.

Acho que me enganei.

Droga, vou aproveitar esse estado e ler algo. Droga por droga, vou catar o Paulo Coelho calçando a mesa. Só assim ele pode prestar para mim, já que sóbrio eu não consigo viajar tanto.

Tá, nem assim rolou de ler ele.

Carinha chato.

A dor começa a voltar, tomo outra dose, ou espero essa acabar. O chão parece ter sangue que escorreu do sofá, mas algo está errado, já que eu não tenho um sofá, o meu saiu pela janela com aquele pônei.

Ouço sirenes, duvido que sejam reais, assim como duvido que aquelas pessoas que minha televisão atacou sejam humanas. Não, não com aqueles olhos. Eles brilhavam no escuro. E eu podia os ver de longe, até antes de virar a esquina. E esses caras de marrom, pegando no meus braços? deve ser alucinação também.



. . .

É, aqui, nessa sala acolchoada, tudo parece melhor. O silêncio ganha de tudo e me dão drogas que fazem as dores pararem sem que eu tenha alucinações. Ainda tenho visitas, o que torna os dias menos solitários. Minha esposa vem uma vez por semana, com meu filho, me trazer balas de coco. Engraçado que, depois que ela vai embora, o pônei resolve aparecer também…

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Povo, isso é apenas um devaneio da minha cabeça, ok? Meu filho está bem, eu só tomei mais analgésico do que deveria e eu ainda tenho minha esposa e minha liberdade. Pelo menos por enquanto, nunca se sabe quando surgirá algum problema…

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