As Viagens de Gulliver (Gulliver’s Travels)
Lemuel Gulliver é só mais um nerd fracassado, que trabalha na distribuição de correspondências na redação de um jornal e é apaixonado por uma das editoras, Darcy Silverman. Para não deixar transparecer seu lado fracassado, Gulliver acaba dizendo à ela que adora viajar e escrever matérias sobre as viagens e Darcy dá a ele uma matéria para fazer no folclórico Triângulo das Bermudas. Para manter a faceta, Gulliver aceita. Mas misteriosos problemas acontecem durante a viagem e ele vai parar no reino de Lilliput, onde as pessoas são minúsculas e ele, gigante. Sentindo-se grande pela primeira vez na vida, Gulliver inventa várias histórias para conquistar a admiração dos moradores do pequeno reino, o que não conseguiria back in home. Mas aprenderá que a mentira tem perna curta e nunca é o melhor caminho.
Eu poderia dizer que “para as crianças, é uma história de aventuras, cheia de criaturas fantásticas e de humor escatológico e, para os adultos, é o olhar implacável sobre o homem, suas instituições e seu apego irracional ao poder e ao ouro”, mas aí eu estaria copiando a contra-capa do livro que inspirou o filme e mentindo sobre o longa em si, que é uma bobagem sem tamanho. E já passou do tempo em que seria coerente dizer que Jack Black poderia salvar um filme sozinho.
Sim, já passou do tempo. Olhemos os últimos filmes dele: Os que se salvam, o fazem não por tê-lo no elenco, mas por diversos outros motivos. Exemplos: King Kong, que o título já diz o que mais vale no filme, isso sem contar as boas atuações de Naomi Watts e Adrien Brody; Escola de Rock, que se vale mais do excelente repertório musical do que do protagonista; e Trovão Tropical, que, apesar do bom desempenho de Black, tem sua força no roteiro, na direção e atuação de Ben Stiller e, claro, em Robert Downey Jr. Como se vê, Black não é exatamente um Jim Carrey ou um Steve Carrell. Eddie Murphy, talvez.
Jack Black normal já é chato, imagina um giganteAs Viagens de Gulliver é um festival de escolhas erradas, de vergonha alheia total. E com gags de gosto duvidoso, que, mesmo para os apreciadores do humor escatológico, não devem provocar riso algum. Talvez alguém na sala dará uma risada breve, discreta e forçada, apenas por se sentir obrigado, já que o cartaz diz “comédia”. Destaco dois momentos em que a minha vontade era apenas de me esconder em algum lugar entre as cadeiras e fugir do filme: O momento, logo após Gulliver ser capturado, em que um personagem diz “Unlucky” e algo cai sobre ele e quando tem um incêndio no castelo e Gulliver é chamado para resolver o problema. Sim, desse jeito mesmo que você pensou.
Há dois pontos positivos no filme, que não o salvam e nem o tornam digno: O teatro que Gulliver monta em Lilliput e as encenações lá feitas; e Jason Segel, o Marshall de How I Met Your Mother, que sempre surge bem em cena, provando ser um dos grandes atores cômicos da atualidade e conseguindo fazer rir mesmo em um filme como esse. Do restante do elenco, ninguém se salva. Atenção apenas para Emily Blunt, a princesa do reino, que não leva o filme a sério e brinca com sua personagem, declamando suas falas, enquanto quase dança, tal qual fez Anne Hathaway em Alice no País das Maravilhas.
“Olha, um pateta gigante!”O 3D não oferece nada de novo e é descartável, como na maioria dos filmes. Nada de novo, roteiro formulaico, diálogos horríveis, direção fraca, atuações fracas… Não tem como não classificar As Viagens de Gulliver como o pior filme desse início de 2011 – e olha que temos Desenrola, hein. Mas há quem goste, na sessão em que eu assisti ao filme, havia uma mulher na fileira da frente que ria a quase todo o instante. Fazer o quê, né? Ao menos é curto, apenas 85 minutos.
Antes do filme começar, há o novo curta de Scrat, de A Era do Gelo. Engraçado, mas nada de especial, já que segue a fórmula de todos os outros três curtas do personagem.
As Viagens de Gulliver
Gulliver’s Travels (85 minutos – Comédia)
Lançamento: EUA, 2011
Direção: Rob Letterman
Roteiro: Joe Stillman e Nicholas Stoller, baseados no livro de Jonathan Swift
Elenco: Jack Black, Jason Segel, Emily Blunt, Amanda Peet, Billy Connolly
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011 
