Referência

Nona Arte quarta-feira, 08 de abril de 2009

É sábado de tarde. Você, amado leitor, está no meio de duas decisões de grande importância: se chatear assistindo o programa do Luciano Huck ou mergulhar de cabeça no tédio quase tangível que está o fim de semana. Você não tem grana para preencher sua face de etanol, ir pra uma churrascaria rodízio/festa ou praticar tiro ao alvo em vegetarianos bebês. Todo o dinheiro que você tem, incluindo as moedas perdidas no sofá, dá exatamente o preço de uma entrada de cinema. Então, com a esperança à sua frente, você vai ao cinema e vê que, sei lá, [Filme de cavaleiros genérico/aleatório] está em cartaz. Você compra a entrada, entra na sala de projeção e assiste o filme. Mais na frente, no entanto, durante uma cena de luta, você vê que no desenrolar da ação aparece no fundo da imagem, por alguns poucos segundos, uma mão saindo da água com uma espada, e um jovem cavaleiro recebendo-a. É nessa hora que seu cérebro explode e o pensamento voa: RÁÁÁÁÁÁ!PEGADINHA DO MALANDRO! Isso foi uma referência à história do Rei Arthur! Meia hora depois, aparece um cavaleiro, e, diante de uma proposta que ofende seu código de honra, ele solta um Ni! E a torcida vai à loucura com a referência a Monty Python e o Cálice Sagrado!

Não sei vocês, mas eu enlouqueço quando estou lendo/assistindo/ouvindo/verbonogerúndiorelacionadoamídia algo e noto uma referência a alguma outra obra. Aliás, gosto tanto que vivo colocando-as nos meus textos, mesmo que a maioria não perceba. Referências a Monty Python, Nerdcast, livros, filmes, mitologia, lendas urbanas, conspirações e celebridades cibernéticas, desenhos… enfim, uma infinidade de assuntos.

Não sei a razão de tanta gente (ou tantos nerds -afinal, é a classe com que eu mais convivo, apesar do ululante desrespeito conosco. Não tem mais respeito, nhac nhac nhac) gostar de referências, mas eu tenho uma teoria: referências nos fazem nos sentir mais espertos, mais cultos. Notem a ênfase em “nos sentir”. Não estou dizendo que eu sou um classista burguês com síndrome de underground que se acha mais culto que 90% da população, mas que referências que só nós captamos nos dão uma temporária sensação de superioridade. Imagine você saindo do cinema depois de assistir um filme de terror qualquer e, comentando com seu amigo, você diz que quase chora de rir com a referência aos Ghostbusters no confronto final. Seu amigo para, arregala os olhos e pergunta: que referência aos Ghostbusters? Aí você fala da placa com o logo deles que aparece por cinco segundos no armazém abandonado onde ocorre a conclusão do filme.

 Who ya gonna call? Ghostbusters!

Sim, eu estou falando sério. Isso nos faz nos sentir superiores, afinal, numa sala de cinema com 150, só uma pegar aquela rápida alusão feita a John Constantine no filme do Pe. Marcelo Rossi (ok, esse exemplo foi um muito forçado, mas vocês entenderam), nos diz que, pelo menos em relação ao pessoal que tava na sala do filme, só uma possuía algum conhecimento sobre Hellblazer. There can be only one!…Not.

E, claro, as melhores referências são as sutis. Colocar no filme do 24 Horas o Jack Bauer citando o Ozymandias (A world in peace- there had to be sacrifice) depois de matar 369 terroristas seria assaz foda (antes do filme Watchmen ser lançado, claro). Colocar o Punisher em seu novo filme parafraseando o House (Everybody lies, antes ou no meio de uma sessão aterrorizante de tortura, por exemplo) ficaria meio chato, já que metade do mundo conhece o Dr. G.

Mas, estou me alongando demais, minha mente está devaneando muito hoje. Até a próxima e uma vida longa e próspera a todos vocês.

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