Não, não é só papel

Livros segunda-feira, 26 de abril de 2010

Devido à recente ameaça sofrida por mim no último post, deixarei de trollar o Egotista por agora. E é também devido aos comentários do último post (Clica alí no primeiro link) que me deparo com o tema do post de hoje:

É só um livro.

Para deixar claro desde agora: “É só um livro” O CARALHO!!!

Basicamente, o que compõe um livro é: Papel, tinta, cola e linha. Antigamente não era usada a cola, mas isso é um mero detalhe. De forma bem simples, uma das definições de “livro” é “algo que estraga fácil”. Papel se desmancha com água, tinta borra com um passar da mão, cola é facilmente removível e linha pode ser partida com um simples puxão. O fato é: estragar um livro é tão fácil quanto abominável.

 Eu sinceramente espero que você morra.

O livro, apesar de ser extremamente simples, é uma invenção genial. Lembre-se dos Flintstones por um momento, se livros já são pesados, imagine carregar placas de pedras por aí. Por outro lado, poderiam confundir o Anderssauro com Moisés… O que quero dizer é que ao mesmo tempo que é uma invenção genial, é uma invenção tosca.

Digo, livros podem ser cortados, queimados, explodidos, picotados, rasgados, amassados, arranhados, amarelados, traceados (Vem de “traças”, mas não me orgulho de ter criado essa palavra), rabiscados, esfarelados, fragmentados, riscados, dobrados, gozados (Tenta esconder suas Playboys agora, seu merda!), molhados, quebrados, colados, comprensados e xerocados. Tá, tantas outras coisas podem sofrer tais males, mas escrevo sobre livros, então livros são o foco. Isso, é claro, sem falar em todos os males que podem acontecer aos livros se eles forem emprestados.

 Você deixaria alguém fazer isso com seu mais novo livro?

Depois que um livro é estragado (Seja qual for o método usado para isso), vem a frase que motiva a existência deste post (E que foi muito bem lembrada pelos leitores e muito bem esquecida por mim): “É só um livro!”. Primeramente, vocês tem que ler esse post do Jorge, que fala, em linhas gerais, as sensações que uma livraria proporciona para os leitores. Sinceramente (E eu sei que vai parecer puxa-saquismo), eu não poderia ter escrito melhor sobre o assunto e dando uma de entrometido aqui, Jorge, fale também sobre as bibliotecas, sim?

Voltando ao tópico, o Jorge descreve o estímulo que um (Ou mais) livro nos proporciona. Quando compramos, pegamos na biblioteca, roubamos pegamos emprestado (Com todo o carinho possível, claro, pois bem como a Bruna lembrou, não devemos fazer com os outros o que não queremos que façam conosco) um livro, forma-se um típo de vínculo com o livro. Ainda mais se for um bom livro e for apenas nosso, mas o que importa é que essa ligação que é estabelecida nos faz cuidar de um livro como cuidaríamos de nossos cutuvelos.

De qualquer forma, quando tal laço é formado, adotamos instintivamente a posição “estragou-morreu”. Qualquer dano, por mínimo que seja, nos faz lembrar de certas cenas de Dexter ou Jackass, e se tal cena for reproduzida, a satisfação é enorme (Claro, depois é substituida pelo pânico de ser preso ou a emoção de fugir da polícia, mas isso são detalhes). Somos assim com as nossas coisas, não só com livros: Se quebram um enfeite que gostamos, se derrubam nosso video-game (E NÃO PAGAM A PORRA DO CONSERTO), se riscam a tela da nossa TV, enfim, com qualquer coisa, qualquer objeto que seja nosso.

Podemos entrar naquela conversa de “é só um bem material, você não vai levar nada daqui quando morrer”, mas é claro que isso é burrice. Se fosse assim, poderíamos matar alguém, carregar o corpo por aí como um “bichinho de pelúcia” e ninguém faria nada. Aliás, os japoneses se casariam com tais cadáveres (O que róla hoje em dia não é muito diferente… Bruna, você é a especialista aqui, ensine os pobres desinformados, se quiser, claro). Como a Vivien lembrou nos comentários, já que é só um livro, por que não me compra outro novo então?

 Na hora de desembolsar o dinheiro, ninguém tem né, seus merdas?!

Como já falei, um livro é papel, tinta, cola e linha: Coisas extremamente simples. Roupas são linhas, TVs são plástico, crucifixos são madeira, alianças são metal, pessoas são carbono, dinheiro é papel, sentimentos são sinapses, perfumes são essências, o Bacon são códigos, bacon é carne: Coisas extremamente simples. “Ahhh, mas TV num é só plastiku!!!”. Verdade, aliás, nada deste parágrafo foi definido de forma satisfatória, mas só os princiais complementos estão aqui exibidos. Se vocês quiserem igualdade, ótimo, livro é papel.

A matéria prima ou o que leva à algo, não influencia em nada em nossa relação com objetos. É aquela velha história de “valor sentimental”. Tem gente que ama um boneco de cerâmica que está matando um dragão (PECADO!) enquanto há pessoas que amam bonecos de plástico que fazem as mesmas poses de um programa de TV oriental. O que quero dizer é que não importa o quão idiota e simples um livro possa ser, ele vai ser (Ou não) importante para você do mesmo jeito, seja papel ou diamante.

 Eu sei que a piada foi ruim, nada de tochas e foices, ok?

O que quero dizer neste post todo é que se um livro é importante para uma pessoa, não importa o material ou a simplicidade do mesmo, o sentimento por tal objeto não muda. Proteção e conservação são itens obrigatórios nesta relação e é por isso que ficamos putos quando algum imbecil estraga o que é nosso. É o equivalente de matar o Théo: O Pizurk vai querer vingança, pois a relação entre eles estimula tal reação.

Experimente matar a mãe, quebrar uma xícara de chá, incendiar a casa, atropelar o cachorro, zoar o time, deletar os mp3 ou riscar os blu-ray de alguém e veja se a reação não será parecida. Sim, a motivação será diferente, mas a relação entre as “vítimas” e a reação das mesmas será muito parecida, se não igual, a de arrancar a folha de um livro.

O mais incrível nisso tudo é a postura por trás do “É só um livro”. Se matam tua mãe, essa mesma pessoa vêm cheia de pêsames (Reais ou não…), mas se ela estraga seu livro é um “Foda-se”. Claro, sua mãe é mais importante que um livro (Ou não…), mas isso não muda o fato de que você gosta do livro também. Seria como dizer “não tem problema se te roubaram 750 reais em notas, você ainda tem 1000 em moedas!”. Nem mesmo bancos e atendentes de caixas ficam felizes em trocar 1000 reais em moedas, por melhor que isso seja pra eles.

Como o post já está grande, vou para o final: “É só um livro” é um argumento completamente inválido, não só pelos motivos já expostos, mas também porque a pessoa que diz isso ou é muito burra ou nunca leu nada na vida (Porque não sabe) ou é uma tremenda duma hipócrita FDP. Entre na casa deste que se proclama um ser racional estragando toda a literatura alí presente e observe a reação, garanto que AGORA não é “só um livro”.

Como resumo, qualquer pessoa que usa tal argumento para justificar a depredação de um livro deveria morrer empalado e com gonorréia em estágio avançado, adicionado com 5 gramas de dengue e uma colher de sopa de hemorragia interna. O post em uma frase: 140 caracteres é só um tweet.

Leia mais em: ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito