Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen) (2)

Cinema terça-feira, 28 de janeiro de 2014

 A caçula Anna (Kristen Bell/Gabi Porto) adora sua irmã Elsa (Idina Menzel/Taryn Szpilman), mas um acidente envolvendo os poderes especiais da mais velha, durante a infância, fez com que os pais as mantivessem afastadas. Após a morte deles, as duas cresceram isoladas no castelo da família, até o dia em que Elsa deveria assumir o reinado de Arendell. Com o reencontro das duas, um novo acidente acontece e ela decide partir para sempre e se isolar do mundo, deixando todos para trás e provocando o congelamento do reino. É quando Anna decide se aventurar pelas montanhas de gelo para encontrar a irmã e acabar com o frio.

Não, você não voltou ao passado comeu sua própria mãe fez merda e agora o tempo-espaço está se ajustando para criar uma nova e provavelmente pior linha temporal. O que aconteceu é que, entre assistir o Leonardo DiCaprio interpretando outro cara fodãozinho de terno e o Frankenstein Dan Brown preferi assistir a nova animação da Disney pelo motivo de foda-se a minha idade.

Talvez por não esperar grandes coisas desse filme eu tenha gostado mais do que gostaria normalmente… A história é simples: O Rei e a Rainha tem duas filhas, Elsa e Anna. Elsa, a mais velha, tem poderes mágicos, e acaba machucando a irmã durante uma brincadeira. Para salvá-la, ela é levada aos trolls, que apagam os poderes da irmã de sua memória. Elas então passam a viver separadas, por segurança de Anna. O Rei e a Rainha morrem num naufrágio e, anos depois, é chegado o momento da coroação de Elsa, e a primeira vez que as irmãs irão se ver desde crianças. Bem, dá umas merdas lá, a Elsa se descontrola e foge, e aí a Anna tem que ir resolver a porra toda, com a ajuda de uma galerinha da pesada.

Vou dizer que esperava um outro foco no filme: Ou praticamente todos os personagens são o personagem principal ou nenhum é. A maior parte do tempo o filme acompanha a Anna, mas o nome do mesmo (E o problema todo) é por causa da Elsa, e a história nunca aconteceria se não fosse pelo Kristoff (O loiro, na esquerda, alí no poster) e o Hans (O malandro no lado direito do pôster)… Voltarei neles mais para frente.

A rena, Sven, e o boneco de neve, Olaf, são os alívios cômicos do filme, o típico “personagem secundário mais legal que os principais”, mas aí que tá: Os dois são legais, mas nenhum tem o carisma necessário para se sobressair. A rena se comportanto, em alguns momentos, como cachorro é simplesmente irrelevante, e o boneco de neve, mesmo tendo boas piadas, varia entre a comédia “falada” e a corporal, e acaba por não ser muito bom em nenhuma. De novo: São personagens legais, você vai gostar deles, mas nenhum rouba a cena… Talvez isso seja uma boa coisa, não tenho certeza.

Cabe aqui uma observação a parte: Assisti o filme em 3D e dublado. Para Frozen o 3D não faz nada demais, e eu gostei da dublagem, mas para Hora de Viajar, o curta antes do filme, é tudo diferente. O curta, tal qual o próprio filme, também está concorrendo ao Oscar, e é uma comemoração dos 85 anos do Mickey. Ele começa no estilo clássico, de Steamboat Willie, mas mistura a animação 2D com a 3D, quebrando, de várias formas diferentes, tanto a terceira quanto a quarta barreira do cinema. Eu sinceramente não esperava nada do tipo, e mesmo tendo esperado mais do curta em si, como trabalho cinematográfico é foda. É aí que entra o 3D: A quebra das barreiras e a mudança do tipo de animação fazem um uso incrível do 3D, e tenho certeza que o curta perde um pouco da graça sem ele. Por outro lado, a dublagem é um problema: Como é uma homenagem ao Mickey, fizeram um trabalho de edição, usando a voz do próprio Walt Disney, que foi a primeira pessoa a dublar o troço, mas, obviamente, isso se perde na dublagem. Não estraga o curta, mas é um ponto principal dele que se perde.

Caso você seja burro e esteja se perguntando até agora o que eu quis dizer no primeiro parágrafo do texto, eis sua resposta. A Aline diz que o ritmo do filme é desequilibrado, e eu discordo concordando… Sim, esta é uma daquelas frases contraditórias safadas feitas só para introduzir uma explicação babaca: Frozen não é, no sentido correto, um musical, mas como todo filme da Disney ele é cheio de musiquinhas. A questão é que resolveram pegar um pouco mais pesado aqui, e há momentos em que há toda a cantoria num momento em que ela não precisa estar alí.

A questão não são as músicas, elas até que são legais, mas os momentos em que elas ocorrem: Quebra-se o andamento do filme, alguns em momentos bem importantes até, só para colocar uma música. Estas escolhas quebram o ritmo do filme, e as cenas durante as músicas (Não as músicas) são sim arrastadas, ao passo que o filme é bem… Corrido. Mesmo tendo quase duas horas de filme, a história toda se passa muito rápido. Se a cantoria tivesse sido bem administrada você terminaria de assistir e poderia reassistir logo em seguida (Se seu saco aguentasse).

É bem possível que eu mande alguns spoilers agora, então se você ainda não viu que o Tyrion mata o próprio pai e o Petyr Baelish é o responsável pela guerra entre os Lannister e os Starks, dê o fora. Bem, lembra que o filme passa rápido e que eu ainda ia falar de Kristoff e do Hans? Pois então, o filme começa, na verdade, mostrando a infância do Kristoff, que é um vendedor de gelo. O Hans é o décimo terceiro filho do rei de um dos parceiros comerciais de Arendelle (Sim, é o nome do lugar). Acaba que, obviamente o Kristoff é o mocinho, e o Hans um dos vilões, e o problema é que essa segunda parte aí surge do nada. Quero dizer, eu sei que era a ideia dele se passar por boa gente, mas no filme isso aparece apenas como um tapa buraco, já que Elsa, a Rainha da Neve, não é a vilã, tal qual ocorre no conto original no qual o filme é baseado (E em tantas outras obras em que a Rainha da Neve aparece).

No fim das contas, a necessidade de ter um contraponto para os mocinhos não é suprida, mas só remendada. O papel de Elsa como vilã é claramente muito mais fraco do que seria de se esperar, afinal, mesmo não sendo a personagem principal (Vide o terceiro parágrafo), ela ainda é o elemento que une a coisa toda e que faz a história andar, e claro que a Disney não iria fazê-la ser vilã. Essa alteração no Hans faz com que o Kristoff tenha de preencher o papel, que na real já era de se esperar desde o começo, mas que acaba também só por deixar ainda mais claro que a Elsa está com a função errada. Tal qual Olaf e Sven, nenhum deles é o personagem completo que poderia ser, e acabam ficando apenas na média entre suas utilidades.

 Ok, daqui pra frente já é seguro novamente.

Com essa necessidade de adequar os personagens em suas funções, a única que se salva é a Anna, que, basicamente, se deixa levar pelas situações do filme. Ainda que seja ela quem tenha que resolver os problemas criados por Elsa, ela, de todos os personagens, é a única que teve liberdade de ação, consequentemente a única que cumpre totalmente seu papel.

A Aline também comenta que tanto a Anna quanto a Elsa não são personagens genéricas, e bem, a Elsa é (Ou tenta ser… Ou fizeram com que tentasse lembrar que fosse…) A Rainha do Inverno, e a Rainha é um personagem clássico na literatura. Anna, Kristoff, Hans, Olaf e Sven não são genéricos, mas são clichês. É a Disney, o que você esperava? Não custa lembrar que clichê não é, necessariamente, algum ruim: Você não vai ver nada inédito, mas vai gostar dos personagens.

 Ok, isso é meio spoiler.

Lá nas gringas tem uma galera despirocando foda por causa desse filme, mas não é pra tanto: O visual do troço me agradou mais que Enrolados, a história e os personagens são legais e, em termos técnicos não há do que reclamar. O que atrapalha o filme realmente são algumas decisões ruins, que parecem ter sido tomadas depois que já botaram a coisa pra renderizar e mudaram assim mesmo… Esse filme poderia ser bem melhor: Culpem a diretora e roteirista, é o que eu digo.

Se puderem vejam em 3D (!!!!!!) e legendado (Sim, de novo o cinema aqui se negou a aceitar a existência de crianças que sabem ler), já que as músicas no original tendem a ser melhores e estas particularmente foram bem elogiadas fora do Brasil. Sinceramente duvido que Frozen ganhe o Oscar (E se Hora de Viajar levar, as chances são ainda menores), bem como duvido que será um futuro clássico Disney, mas é bom ver que as Princesas Disney vem mudando nos últimos tempos… Eu sou putinha dessa merda de empresa, fazer o quê?

Frozen – Uma Aventura Congelante

Frozen (108 minutos – Animação)
Lançamento: EUA, 2014
Direção: Chris Buck, Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell, Josh Gad, Idina Menzel, Alan Tudyk, Jonathan Groff, Eva Bella, Livvy Stubenrauch e Chris Williams

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