“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 45 – 41

Cinema sexta-feira, 08 de janeiro de 2010

45) A General

(Buster Keaton/Clyde Buckman, 1926)

Uiara: Antes de qualquer coisa… Eu prefiro Chaplin. Afinal, essa parece ser a questão que define um cinéfilo pra muitos (mas não pra mim). Na minha opinião, Chaplin é um dedo mais engraçado que Keaton, o que, de forma alguma, quer dizer que Keaton não seja genial também. E se Chaplin puxava mais pro humor circense, Keaton conseguia fazer multidões cair na gargalhada só com o olhar e ISSO é algo que me faz tirar o chapéu. Na época do cinema mudo pessoas como ele faziam toda a diferença. Esse filme, que é o favorito de Keaton, foi inspirado por um episódio real da guerra civil, onde um cara tinha verdadeira devoção por uma locomotiva.

Pedro: Meu filme mudo favorito. Os defensores de Chaplin podem ficar de mimimi, mas na era do “sem som” Keaton era superior. Ao contrário de seu “rival” (eram amigos na verdade), Buster fazia personagens “normais”, porém desajeitados, fazendo com que as trapalhadas não soassem como o produto final e o humor fosse gerado quase sem querer. No filme em questão, sua obra prima, ele leva isso ao limite, fazendo o papel de um homem apaixonado em plena guerra, atrás de seus dois amores – sua mulher e sua locomotiva que dá nome ao título.

Veredito Final:
Uiara diz:
Buster Keaton é a única pessoa que faz rir sem abrir nem um sorrisinho
PA diz:
E Buster Keaton era um – senão O nome do cinema mudo cômico. E assim como Chaplin, dirigia e protagonizava (e mais, fazia todas as cenas arriscadas, sem dublê).
Bem colocado. E em A General, ele não só faz rir, como mostra que para ele isso era coisa séria. O filme inclusive tem a cena mais cara da história do cinema mudo (quando uma locomotiva cai da ponte).
Fora que o cara queria usar a “A General” verdadeira (uma vez que o filme é baseado em fatos reais) nas filmagens.

44) O Sucesso a Qualquer Preço

(James Foley, 1992)

Uiara: É um filme passado em somente três ou quatro locações, num curto espaço de tempo, sem muita ação física e lotada de diálogos e ainda assim incrivelmente brilhante. Pode ser pelo texto de David Mamet (que veio do teatro, acho, e se não veio deveria ir), ou pela quantidade exorbitante de grandes astros dando aula de atuação reunidos na tela. É o tipo de filme que até hoje não entendo porque não foi divulgado corretamente.

Pedro: Antes de mais nada, Glengarry Glen Ross (no original) é um filme de escritório que se passa durante uma noite e a manhã do dia seguinte. Então não espere um filme com cenas de tirar o fôlego ou nada parecido. Outra coisa que vocês precisam saber é que o filme retrata uma imobiliária de Chicago, então espere diálogos nada rebuscados e lotados de xingamentos. Ah… quem profere esses xingamentos? Bem… Al Pacino, Jack Lemon, Alec Baldwin, Alan Arkin, Ed Harris e Kevin Spacey. Preciso dizer mais alguma coisa?

Veredito Final:
Uiara diz:
é o filme com mais astros hollywoodianos juntos da história do cinema. E todos eles com atuações excelentes, respeitando o espaço um do outro. E ainda que o filme fale de uma indústria onde colegas venderiam até a mãe.
primeiro filme que vi que o Pacino, razão da minha existência, tem olhos castanhos esverdeados *suspira*

PA diz:
E ao contrário de outros filmes do gênero – apesar de ter uma trama definida, o filme não fica restrito a ela: cada personagem tem vida própria, independente dos acontecimentos – e isso tudo demonstrado em apenas uma noite e sua manhã seguinte

43) Apocalypse Now

(Francis Ford Coppola, 1979)

Uiara: Assista porque é do Coppola. Assista pra ver a decadência de Marlon Brando. Assista pelas Valkírias. Assista pra ver pessoas surfando no meio de um bombardeio. Assista pra ver como o conceito de “normalidade” só depende da moda. Assista pra se ver ficando tão louco quanto as pessoas na tela. Assista pelo cheiro de Napalm pela manhã. Quem sabe você não consegue sentir o cheiro de vitória pela televisão.

Pedro: Sabe o que faz esse ser o filme de guerra mais prestigiado de todos os tempos? Não são só as tomadas épicas (como a eterna cena da Marcha das Valquírias) ou as frases geniais (como a icônica I love the smell of napalm in the morning), mas isso somado a um dos mais perturbadores dramas psicológicos já feitos. Você sente a loucura da guerra e não fica apenas assistindo. Infelizmente, eu sou da opinião que o filme perde um pouco do fôlego quando ele deixa a guerra (em si) de lado e parte para a busca do enlouquecido General Kilgore (Marlon Brando já fisicamente acabado) em seu ato final. Ainda assim um filmaço – cujos todos os problemas que cercaram as filmagens (envolvendo furacões destruindo os sets, enfarto do protagonista e ameaças de suicídio do diretor, fizeram com que estas ao invés de durarem 6 semanas, durassem 16 meses) só aumentaram a grandiosidade da obra.

Veredito Final:
PA diz:
Deveriam inventar uma categoria “Estudo psicológico da guerra” para encaixar Apocalipse Now
O filme não é sobre como morre gente na guerra ou sobre o evento histórico. E sim sobre como as pessoas, literalmente, enlouquecem em condições extremas – como foi a guerra do Vietnã.

Uiara diz:
e no meio da loucura dizem coisas com tanto conhecimento de causa que acabam por atrair outros loucos. E desse jeito mudam o padrão da normalidade e quem se torna “louco” é quem não entra na dança
eu fiquei tonta só de escrever isso

PA diz:
ai você entende um dos maiores problemas dos EUA
imagina como é ter, geração após geração, pessoas completamente loucas retornando da guerra – e sem um auxílio psicológico para ajudar no reingresso

Uiara diz:
ainda bem que eu só vou aos Estados Unidos em lugares onde os loucos são divertidos, não perigosos: Orlando e LA

42) Um Dia de Cão

(Sidney Lumet, 1975)

Uiara: Eu não saberia em que prateleira colocar esse filme. É muito engraçado pra ser um drama. É muito dark pra ser uma comédia. Os policiais dividem seu tempo sendo vilões e palhaços, e os ladrões da trama têm histórias confusas demais pra ser qualquer coisa. No fim, tudo vira um Big Brother do crime. Com direito a pessoas torcendo pelos “vilões”, ladrões desistindo no meio do roubo, uma bigamia bissexual e câmeras devidamente posicionadas. Pior é pensar que isso aconteceu mesmo. Por sinal, BEIJO BIAL o/

Pedro: Lembra quando chamamos de Fargo como a obra prima do humor negro? Então… Um Dia de Cão é um dos filmes que mais perto chegaram de roubar sua vaga. É até deveria. Por um simples motivo: ele é baseado em fatos reais. Imaginem um assalto a banco por três “ladrões de galinha” (sendo que um desiste em pleno roubo) e que tudo que pode dar errado, dá. Mas o filme não se deixa ficar preso a simples “dramédia” – e nos deixa com uma pergunta na cabeça: no final quem é o vilão? Os ladrões? A polícia? A mídia? O governo? Ou todas as alternativas?

Veredito Final:
Uiara diz:
quem colocou tanto Pacino nesse top 100?
PA diz:
Você deve ter me influenciado por osmose
Uiara diz:
sempre soube que devia ser publicitária
bom, um dia de cão é um filme onde coisas acontecem e você tem que apertar o rewind pra ver se ouviu mesmo certo.
como ladrões desistindo do assalto no meio do negócio, o público ovacionando um sequestrador e o Pacinão com duas esposas, uma de cada sexo

PA diz:
E um ladrão conseguindo fazer toda uma população ficar contra os policiais, e emissoras de TV transformando isso em um reality show
E o pior de tudo é saber que isso é uma história real.

41) Um Estranho no Ninho

(Milos Forman, 1975)

Uiara: Jack Nicholson nasceu em Netuno. Não tem como um cara assim ser normal. Obviamente papéis de pessoas perturbadas caem como uma luva pro homem e R. P. McMurphy não é exceção. Ele é um cara esperto que consegue convencer um juiz que está louco pra não ter que ir pra cadeia. Só não contava que o manicômio fosse comandado por uma Hitler de saia e os loucos fossem tão bizarros. Se você, como eu, não entendeu o que quer dizer a lobotomia da música dos Ramones nem olhando no dicionário, nesse filme você vai VER o que é.

Pedro: Poucos filmes conseguiram ser tão competentes no “conjunto da obra” quanto Um Estranho no Ninho. Não foi a toa que foi premiado pelo Oscar Grand Slam. Um protagonista (Jack Nicholson) que sabe como ninguém se fazer de maluco (que por acaso é exatamente o que o personagem do filme faz), uma antagonista sutil que faz jus a expressão “um lobo em pele de cordeiro” e um roteiro e direção que conseguem alternar momentos tocantes com cômicos sem perder a mão – resultando em um dos finais mais marcantes de Hollywood.

Veredito Final:
PA diz:
Jack Nicholson fazendo… ele mesmo. Um cara se fingindo de maluco.
Uiara diz:
um cara muito, mas MUITO esperto se fingindo de maluco
PA diz:
E todo mundo que assistiu O Iluminado, ou Batman ou até mesmo Laços de Ternura, sabe que o cara é PRÓ nisso. E aqui ele não deixa por menos.
Uiara diz:
fora que tem uma das melhores vilãs de todos os tempos, mesmo com um rostinho de princesa da Disney
a mulher é uma sádica de primeira linha
e o final é desses que te faz encarar o crédito subindo, de queixo no chão, até o final

Este texto faz parte de um TOP 100. Veja o índice aqui.

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