“TOP 100 FILMES BACON FRITO” 10 – 06

Cinema segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

10) Amadeus

(Milos Forman, 1984)

Pedro: Imagina o quanto soa presunçoso afirmar que Amadeus está à altura da obra de Mozart? E está mesmo. Locações maravilhosas, roteiro extraordinário, atuações marcantes (e que por ironia, quem se destaca é F. Murray Abraham, fazendo Salieri) e alguns dos figurinos mais extraordinários já produzidos para um filme. Pra não falar da parte musical. É o tipo do filme que você assiste e sabe que mereceu cada um dos milhares de prêmios que levou (inclusive 8 Oscars e 4 Globos de Ouro).

Uiara: Amadeus. O homem. A música. A magia. A loucura. O assassinato. O mistério. O gênio. O fanfarrão. A inveja. As bodas. O Fígaro. A flauta. O serralho. O número 5. O número 25. As perucas. As máscaras. O pai. A loucura. A loucura. A loucura. O mestre. O diretor. O filme.

Veredito Final:
PA diz:
Épico chega a ser xingamento para esse filme. Talvez “monumental” expresse melhor o tamanho da cenografia, do figurino, do roteiro, da direção e das atuações.
Uiara diz:
até monumental é pouco. Talvez tenham que inventar uma palavra nova
dizer que a trilha sonora é fenomenal é chover no molhado, claro

PA diz:
Eu não sei como o Milos Forman não parou de fazer cinema depois disso. O patamar que ele atingiu foi tão alto – que todos os outros filmes parecem ficar menores.
Um pena que tanto o Abraham (Salieri) e Hulce (Mozart) foram sumindo gradualmente depois disso.
Não me lembro de nenhum filme com dois PROTAGONISTAS tão bons. É quase um duelo de titãs particular que se tem no filme. Mesmo com aquela risadinha irritante do Mozart.

Uiara diz:
o Mozart do filme é irritante em tudo. Essa é a beleza da coisa
PA diz:
Sim, ficamos ao lado de Salieri (um homem sério e dedicado, e compositor genial) olhando atônitos para aquela criança fanfarrona que é Mozart – e que consegue alcançar o status de deus. Sem fazer esforço.

09) Cidadão Kane

(Orson Welles, 1941)

Pedro: O tão cultuado “melhor filme da história” não poderia deixar de figurar em nosso top 10. E não é apenas por fama – não há como negar o peso e talento contido na obra do então estreante Orson Welles. Se utilizando de técnicas revolucionárias, que estariam presentes em todos os filmes a partir daí, e uma atuação magistral do próprio Welles, Cidadão Kane funcionou como um divisor de águas para o cinema. E um excelente filme.

Uiara: Esse filme, que teve sua estreia brasileira precisamente 46 anos antes do meu nascimento, é votado em diversas listas (inclusive a da AFI – Instituto de Filmes Americanos) como o melhor de todos os tempos. É uma história inteiramente baseada em uma única palavra, a última dita por Kane antes de morrer: Rosebud. De suposições do quer dizer na realidade – já que a história foi maldosamente inspirada na vida de um tal William Randolph Hearst – a gafes assumidas depois de minutos pensando ao ser questionado por um repórter (sobre como alguém ouviu o homem dizendo “Rosebud” se ele estava sozinho no quarto), o que interessa é que essa palavra moveu o filme que mudou completamente a forma de se fazer cinema.

Veredito Final:
PA diz:
Nenhum filme é considerado o “melhor da história” a toa – e se Cidadão Kane não está em primeiro na nossa lista, é muito mais por mérito dos outros que qualquer coisa.
Seja pela atuação convincente de Welles, o roteiro inédito misturando vários pontos de vistas ou a revolução da linguagem e técnica cinematográfica que o filme representou – é um filme que foi perfeito em tudo que propôs.

Uiara diz:
ao contrário do que pode parecer, não é um “filme pra diretor” como já li em algum lugar. Tudo bem, aquilo é mesmo uma aula de direção, não tem como discutir. Além disso, é uma história envolvente como poucas, que te faz ficar doido pra descobrir, afinal, WHAT THE FUCK é “rosebud”

08) O Grande Ditador

(Charles Chaplin, 1940)

Pedro: Quem diria que o homem, sinônimo de cinema mudo, faria seu melhor filme se utilizando de palavras? E que palavras. As cenas circenses que fizeram a fama de Chaplin estão lá, mas também estão cenas em que a mensagem (de tão genial) consegue ficar a altura do humor – como aquela em que o ditador brinca com o globo terrestre. E o discurso final é coisa de ficar de joelho e reverenciar ao deus Chaplin.

Uiara: Eu não consigo decidir o que é mais incrível nesse filme. O fato de ele ter sido produzido enquanto o nazismo ainda estava em alta? Foi por ter sido banido em diversos países? Foi por ouvir pela primeira vez a voz do homem dos melhores filmes mudos? Foi pela figura de Adenoid Hynkel brincando com o globo terrestre? Foi pelo alemão cheio de “cheese und crackers” de Chaplin? Ou por suas traduções ainda mais absurdas? Ou terá sido por aquele discurso final que dá MESMO vontade de ajoelhar na frente da TV? Não. O mais incrível é a prova final e contundente de que a academia é louca. Nenhum. Oscar.

Veredito Final:
PA diz:
E o que acontece quando o ator/diretor mais celebrado do cinema mudo abre a boca? Ele simplesmente faz o maior manifesto anti-guerra que o cinema já presenciou. Isso para não falar das cenas hilárias que estão EM TODA a película – o filme não perde o fôlego em nenhum momento.
Uiara diz:
poucas vezes na vida eu ri tanto de algo tão simples como o Chaplin falando “alemão”
e mais ainda das traduções

PA diz:
E o que falar da genialidade da cena em que ele brinca com o mundo? Ou naquela que ele fica tentando ficar mais alto que Mussolini?
Uiara diz:
essa do Mussolini me fez rir agora só de lembrar
Chaplin é O homem. Pena que os leitores do bacon não tem capacidade de admirar

PA diz:
Sério. Não esqueçam de morrer depois que esse top 100 acabar.

07) Beleza Americana

(Sam Mendes, 1999)

Pedro: Quando Beleza Americana saiu choveu de críticos comparando Sam Mendes a Orson Welles e seu Cidadão Kane, uma vez que também era o primeiro filme do diretor. E o filme merece todo esse entusiasmo. Direção, roteiro e atuações sensacionais. Peraí… eu falei de atuações? Kevin Spacey dá uma aula. Ou melhor um curso inteiro. Ah… e ainda preciso falar das mensagens e cenas geniais contidas na obra, né? Mas não vou falar. Tratem de levantar suas bundas e irem assistir – e sem desculpas: é um filme recente, colorido E movimentado.

Uiara: Assisti a esse filme no cinema, com 11 anos. Desnecessário dizer que achei um porre nonsense. Até aí tudo bem. O vergonhoso é que mantive esse conceito dele sem me dar a chance de revê-lo depois de ter envergadura moral pra poder julgar qualquer coisa. A sorte foi que, apesar de gostar do Tarantino, o Pedro tem lá algum bom gosto e fui obrigada a rever pra julgar a entrada dele aqui. O filme é uma lição de vida. O cara morre no começo, o que já é algo totalmente torto. Ele… ele… bom, vejam a bagaça de uma vez.

Veredito Final:
PA diz:
É difícil definir esse filme. Poderia dizer que é a história de um quarentão (que já começa o filme morto) contando como no último ano de sua vida ele deixou de ser um pau mandado e reencontrou suas bolas.
Mas também podia falar que a história de uma garota que quer matar o pai. Ou de um garoto que fica hipnotizado com uma gravação de um saco voando. Ou de uma corretora imobiliária cujo aspecto de “dominadora” é feito para extravasar suas frustrações.
Ou de um veterano de guerra cujo aspecto de durão é para esconder sua fraqueza emocional. Ou de uma garota que tem um motivo para querer seduzir todos os homens que vê pela frente.

Uiara diz:
só me resta dizer pra assistirem. Duas vezes, inclusive, pro caso de você entrar em coma e não perceber na primeira vez, como eu.

06) O Poderoso Chefão

(Francis Ford Coppola, 1972)

Pedro: Máfia. Cabeças de cavalo. Laranjas. Tiroteios. Briga entre famílias. Don Corleone. São tantos aspectos épicos que cercam O Poderoso Chefão, que fica até difícil de eleger uma para me aprofundar. Basta dizer que nenhum filme, até hoje, conseguiu elevar tanto seus teores de densidade dramática e testosterona, e de forma tão equilibrada quanto a obra prima de Coppola.

Uiara: Do “Eu acredito na América” no início ao “Don Corleone” no final, O Poderoso Chefão é o melhor filme de máfia, de famílias italianas e de colhões já feitos no cinema. A casa de algumas das melhores e mais famosas citações – muitas das quais algumas pessoas nem sabem que é dali que saíram – é o produto da teimosia obstinação de Coppola, que fez da trilogia Godfather praticamente uma matéria a parte a ser estudada em escolas de cinema e, com certeza, um filme obrigatório pra cinéfilos, não-cinéfilos e tudo que está entre os dois extremos. A quem interessar, aqui estão minhas resenhas do primeiro, do segundo e do terceiro.

Veredito Final:
Uiara diz:
bom, vocês já devem estar cansados de me ouvir falar do Poderoso chefão. Primeiro porque eu escrevi textos gigantescos sobre as três partes. Segundo porque eu vivo falando do Pacino. E falar do homem da minha vida sem falar do Poderoso Chefão seria um pecado mortal.
PA diz:
Possivelmente o filme com maior teor de testosterona da história do cinema. Perto da Don Corleone o Rambo parece a Barbie.
E mais do que isso – o filme mesmo em sua maior parte em ambientes fechados, é um primor estético.
Você realmente se sente “no ninho” da máfia

Uiara diz:
e novela da globo my ass, só poderoso chefão te dá uma noção real de como é uma família italiana

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