Tocando mais que a punheta

Música segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Como dita a Lei de Murphy e tantas outras leis universais secundárias, é quando você quer fazer alguma coisa que você não tem como fazê-la, e os motivos para isso mudam, sendo os principais a falta de tempo, batalhas intergaláticas entre dirigíveis espaciais, falta de recursos (Não só financeiros) e, claro, a falta de vergonha na cara, que eu já falei tantas vezes aqui antes. Podem relaxar, o texto não é sobre isso. Não, é sobre música.

Desde pequeno tive aulas de música. Na segunda série comecei com aulas na escola normal mesmo, a velha coisa da flauta doce. Não lembro se foi na primeira ou na segunda série (Tinha 5 anos em ambas) que comecei a tocar violino, que acabou sendo o que mais durou: Cinco anos. Quando descobri que era gente, quando descobri que garotas eram garotas e não só outras pessoas, quando descobri quem era o presidente do Brasil, e até mesmo quando descobri que minha família era gente também, e não simplesmente meus pais, avós, primos e tios… Durante esse tempo todo eu estudava violino.

Acabei tendo que tirar as amídalas aos seis anos, o que me serviu perfeitamente de desculpa para nunca mais tocar flauta doce: As primeiras semanas era de verdade, instrução da médica, depois eu simplesmente larguei. Nunca gostei do instrumento, sempre gostei mais de ficar com os xilofones, chocalhos, cocos cortados ao meio e quaisquer outros instrumentos. Acabei também parando com o violino aos 11: Quando comecei a tocar, a fazer as aulas, eu era criança, quase que totalmente sem noção das coisas (Já mencionei que só descobri quando era meu aniversário aos sete?), e aos 11 eu já estava de saco cheio do instrumento. Não me dedicava, não estudava… Sim, eu sabia tocar o que me era passado, mas levava muito mais tempo para aprender, e mais ainda para eu tocar sem nenhum erro. De forma bem simples, eu não tinha mais vontade de tocar aquilo, e todo o prazer que eu tinha por gostar do instrumento (Coisa que ainda gosto) era massacrado entre a aula e a “pressão” em casa pra tocar o troço… Foram três anos assim, até que não aguentei mais e parei.

Fiquei um tempo sem fazer nada, nem chegava perto do violino, muito menos da flauta. Até finalmente consegui fazer algo que sempre quis: Aprender gaita. É aquela coisa de criança: Desde pequeno eu dizia que queria tocar gaita, antes mesmo da flauta, do violino e de qualquer outra coisa. Tem gente que quer tocar guitarra, eu sempre quis tocar gaita… Já não falei que sou hipster? E eu sequer sou chegado em blues e jazz. Acontece que é algo difícil de se achar, aulas de gaita: Foi mais de uma década, mas achei. Fiz menos de dois anos, sendo que uma parte desse tempo foi divido entre a gaita e o saxofone: Quando comecei a tocar violino eram minhas opções, violino ou sax, e acabei indo pro primeiro, sem ter nenhuma ideia de que anos depois voltaria pro outro instrumento.

Diferentemente das aulas de violino, as de gaita e sax tiveram vários problemas, de ter que trocar horários várias vezes, repor aula, troca de professor, problemas com os instrumentos… Não foi suave. Acabou que eu aprendi sim a tocar o instrumento (Não com perfeição, é claro, bem longe disso), só nunca do jeito que eu quis aprender. Suponho que seja mais difícil depois de você já saber mais ou menos como o mundo funciona (Mesmo sendo um idiota).

 Caso não seja óbvio, isto não existe.

Enfim, parei também com a gaita já há anos e desde então não fiz mais nada. Não toquei nenhum deles desde que parei: Peguei um tempo atrás a flauta para tocar e a única coisa que me lembro é a posição das mãos. Do violino não sei praticamente mais nada, só o posicionamento e meia dúzia de notas, as que eu sempre era corrigido, por errar constantemente. Gaita é o que estou melhor, enferrujado sim, mas é só tocar alguns minutos para que a coisa toda volte naturalmente… Talvez por ser o mais recente, talvez por ser o que eu sempre quis.

Por que contei tudo isso? Porque estou com saudades. Já pensei em voltar a tocar violino, quero continuar aprendendo sax e gaita. Flauta pode ficar onde está mesmo, foda-se aquela porcaria. E sendo eu como sou, quero ver qualé que é a da gaita de fole. Talvez trompete, trombone, outros tipos de sax (Só toquei o alto) e bateria, mesmo minha coordenação sendo uma bosta. E, depois desses, violão e piano, que mesmo não sendo minhas primeiras opções são meio que as bases para tantos outros. E sempre gostei de harpa também, acho foda pra caralho, mesmo sabendo que não é pra mim.

A verdade é que me acostumei a isso, a sempre ter alguma coisa pra tocar, sempre ver uma partitura nova, e sempre esperar alguma apresentação no fim do ano (A parte mais sem graça se querem saber). Desde que comecei a tocar algum instrumento este é o maior intervalo que já tive sem fazer nada. Claro que posso (E poderia) ter continuado tocando por conta própria, mas sinceramente não dá, não aqui em casa, e não pra só tocar o que eu já sei (Ou relembrar o que já não toco mais). Não tenho pretensão nenhuma com isso, e não quero ter nenhuma cobrança também.

 Hello darkness, my old friend

Eu gosto dessas porcarias, não tem jeito, e já está mais que na hora de botar as coisas em ordem novamente… Só me falta tempo, dinheiro, recursos e um lugar tranquilo, preferencialmente desprovido de vida humana exceto a minha: Sinto falta de tocar alguma coisa, não de todo o resto. Sabe aquela coisa bem riponga de “música pela música”? Pois é, simples assim: Tocar quando der vontade, o que der vontade… Talvez eu devesse ouvir mais Los Hermanos. Ou talvez seja só a vergonha na cara mesmo.

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