Filmes sumidos e escondidos

Primeira Fila sexta-feira, 07 de março de 2008 – 2 comentários

Entra mês sai mês, me desespero com as atitudes de algumas distribuidoras (Europa Filmes, Warner e Sony, principalmente), que verdadeiramente ESCONDEM seus lançamentos no mínimo interessantes para exibirem filmes toscos e grotescos como o recente exemplo Os Espartalhões, enquanto filmes como Valente (drama policial com Jodie Foster, da Warner) ou á Prova de Morte (ação de Tarantino, filme co-irmão de Planeta do Terror, da Europa Filmes), acabam sendo lançados diretamente em dvd (Valente) ou “sabe-se lá quando!”, isto é, com um atraso inacreditável (á Prova de Morte).

Claro que a questão não é tão simples; alguns filmes na verdade não possuem distribuição acertada no Brasil. A compra de filmes estrangeiros por distribuidoras independentes (Europa, Imagem, PlayArte) se dá um feiras paralelas á grandes festivais de cinema, como Cannes, por exemplo. No entanto, no caso de filmes com distribuidora acertada, o mínimo que posso pensar é em estratégia equivocada, para não dizer burra.

Imaginem para os fãs de Donnie Darko (no qual eu me incluo), recente candidato a cult, saber que seu diretor, Richard Kelly, dirigiu e roteirizou um novo filme, Southland Tales, com uma trama tão absurda e complexa quanto á de seu filme anterior. Pois bem! Isto aconteceu ano passado nos Eua, depois de alguns adiamentos (parece que o estúdio viu que o filme era complicado demais para um público abrangente ou mesmo muito ruim). No entanto, a distribuidora brasileira, no caso, a própria americana Universal, achou melhor não perder seu rico tempo; muito menos seu rico dinheiro distribuindo os filmes nos cinemas. Seu lançamento será diretamente em dvd para maio (dia 14).

Para quem se interessou, a trama de Southland Tales – Fim do Universo é a seguinte: “Los Angeles, 2008. Durante comemoração do Dia da Independência, o prenúncio de um desatre social, econômico e ambiental cruza as vidas de três pessoas: um astro de filmes de ação com amnésia, uma atriz pornô prestes a estrelar seu próprio reality show e um policial que pode desvendar uma grande conspiração”. Se você achou isto pouco, dê uma lida no elenco E-C-L-É-T-I-C-O, para não dizer outra coisa: Sarah Michelle Gellar (a Buffy da série televisiva), Dwayne “The Rock” Jonhson (nem preciso comentar), Sean William Scott (o Stifler de American Pie), Justin Timberlake (cantor), Mandy Moore (cantora… e atriz), Cheri Oteri (comediante televisiva) e Miranda Richardson (execelente atriz veterana de filmes como A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça). Que mistura, hein?

Outro exemplo de filme que não se sabe por onde anda nem se possui distribuidora nacional é Half Nelson. Você dificilmente deve saber de que filme estou falando, mas o drama ganhou mídia graças á indicação de Ryan Gosling (visto recentemente em Um Crime de Mestre, um dos melhores atores de sua geração) ao Oscar no ano passado. Passado o burburinho do Oscar e seus indicados, se passou um ano e nada do filme. Lamento porque o filme, independente e de pequeno porte, conta uma história bastante interessante e bem defendida pela dupla de protagonistas. Na trama, um professor de História (Gosling) viciado em crack e uma aluna estabelecem uma inusitada amizade depois que esta o surpreende se drogando em um vestiário do colégio. Um fime simples mas bastante eficiente, uma pena que não tenha sido descoberto ou lançado por alguma distribuidora.

protagonistas de Half Nelson

Falando em filmes sumidos ou escondidos, este mais parece um caso de polícia: por onde anda a grande produção nacional Chatô, o Rei do Brasil? Que, na verdade, parece não ser um filme mas sim uma grande e espichada novela. De 1995 quando a produtora do ator e diretor do filme, Guilherme Fontes (visto em diversas novelas globais), conseguiu captar recursos PÚBLICOS para a realização do filme e até hoje (2008), o filme ainda não foi concluído.

Mês passado, a Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu a análise do processo instaurado pela Ancine (Agência Nacional de Cinema) apontando “irregularidade” nas contas. Assim, os produtores do filme vão ter de devolver os recursos públicos tomados para a realização do longa, que nunca estreou. A devolução terá de ser feita pelo ator Guilherme Fontes e sua mãe Yolanda Machado Medina Coeli, sócios da Firma Guilherme Fontes Filme Ltda. A CGU informa que os dois devem aos cofres públicos R$ 36.579.987,99 (valor atualizado até 28 de fevereiro de 2006). Bem feito! Bem feito! Bem feito!

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