Editoras próprias

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 09 de junho de 2008 – 7 comentários

Sabe, isso é uma das únicas coisas que me confundem no mundo da literatura. Antes de tudo, vou apresentar uns fatos, pra que depois tudo não fique complicado.
Um autor vai lá e escreve um livro. Depois disso, começa a luta para que ele saia do rascunho e finalmente chegue até as livrarias ou algo que valha. De editora em editora, ele vai pulando, recebendo “não” em cada uma delas, até que depois de receber notícias negativas de TODAS, ele só tem duas opções: Ou desiste, deixando que aquela publicação tão importante para ele e que tomou tanto tempo para ser escrita seja esquecida PARA TODO O SEMPRE MWAHWAHWAHWA!!!
Opa, me empolguei.
Bem, a outra opção é ele próprio bancar a publicação de seu livro, o que leva ele a criar sua própria editora ou usar a de algum autor que resolveu seguir o mesmo caminho. Publicar seu próprio livro não é algo fácil, mas esses caras tentam mesmo assim. Mas não pretendo me adentrar muito nesse assunto aqui, pelo menos não agora, afinal, só estou começando a correr atrás disso agora.
Então voltarei ao início, sobre os livros publicados pelos próprios autores. Tenho em meu PODER (MWAHWA…) vários livros de autores próprios. A maioria são comprados em sebos mais pelo motivo de que eu me interessei pelos assuntos deles ou porque são idiotas ao extremo. “E daí?”. são esses livros que menos ficam comigo, pois sempre que conto algo sobre eles pra alguém, todo mundo quer ler. Como nunca encontram em lugar nenhum, a única maneira de ler esse livro é pedindo a minha cópia emprestada. Esses eu faço questão que devolvam, sob pena de multa e possível assassinato. Mas é claro isso AINDA não aconteceu.
O principal problema com esses livros é os lugares onde você pode encontrar eles. Como disse, sempre compro esses em sebos e normalmente já são de segunda mão, ao menos é nisso que eu acredito, então não dá pra saber muito sobre o histórico dele, de onde ele realmente saiu.
Existe uma pequena coisa que se colocam em livros, chamada ISBN, que é uma sigla que significa International Standard Book Number. Isso é obrigatório ter em todas a publicações e a falta disso causa muitos problemas. Nisso há todas as informações básicas sobre o livro, que muitas vezes pode ajudar a traçar a origem dele, como autor, editora e local da edição, seja lá o que isso signifique.
Só que acontece que esses mesmos malditos livros não tem uma informação útil que seja nesse tal de ISBN, o que acaba por confundir mais ainda quem quer saber mais sobre a publicação. Estou falando tudo isso porque finalmente depois de 3 anos com centenas de pedidos de empréstimo, resolvi fazer uma cruzada atrás de UM livro desses próprios, o que é mais emprestado de mim. O nome desse livro é A vida é besta (Mas é legal).
No próprio livro existem várias citações, maneira de entrar em contato com o autor por e-mail, páginas na internet e tudo mais, mas o problema é que NENHUM desses funciona. A pesquisa do ISBN dele só faz com que eu chegue a outras informações, mas nenhuma delas útil, pelo menos a princípio. Acredito que se um autor, mesmo um que publicou seu próprio livro, deveria ter maneiras de entrarem em contato com ele, caso contrário, ser conhecido se torna uma coisa impossível, como é o caso desse autor, que na capa do livro diz se chamar Joshua.
Mas acho que já entrei demais nesse assunto hoje. Quem sabe de uma próxima vez eu volte a falar disso. Ah sim, aproveitando o público que lê essa coluna (umas 10 pessoas) quero saber se por acaso algum de vocês já ouviu falar desse livro, porque no momento estou perdido por causa disso. Até semana que vem, se conseguir eliminar os mafagafos de minha prateleira…

Vendedores de rua

Analfabetismo Funcional quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008 – 6 comentários

É normal (aqui em Curitiba ao menos) encontrar essas pessoas vendendo “livros” de poesia na rua. Perceba que livros está entre aspas, porque eles conseguem ser menores que alguns folhetos que distribuem por aí. Com a abordagem típica (que descreverei logo a frente) eles assombram a entrada de galerias e esquinas:
Andando todo sossegado pelas ruas, com os problemas na cabeça, de repente do nada, a sua frente pula, mais exatamente se MATERIALIZA um cara barbado, com um pequeno livro em mão, e o oferece com uma simples frase:
-Gostas de poesia?
Assim mesmo, ele fala “gostas”. Se você pega o livro, acaba de cair na armadilha deles. Enquanto o segura e folheia as pouco mais de 12 páginas quer compõem o livreto, ele começa a contar a história de sua vida, o que dura se você der sorte pouco mais de 15 segundos. A maneira mais fácil de se livrar deles é perguntar quanto que é, o que é um outro erro, mas é a única maneira de se libertar:
-Não é nada.- Nessa hora, você vai colocando o livro no bolso, mochila, sacola ou seja lá o que for- a gente só pedimos uma contribuição espontânea.
É, ele fala “pedimos”. O livro já está quase dentro da sua bolsa. Ficaria muito feio devolver pra ele agora e dizer que não gosta de poesia. Caso faça isso, ele fala que seu nome é Fulano de tal, e que ele escreveu os poemas da página tal e tal. Se você oferece menos de 1 real, eles falam que o gasto de cada livro é 1,50 o que deixa você numa sinuca de bico muito foda. Nessa hora, você tem duas escolhas: manda ele tomar no cu e sai sem ligar pro que ele diz, ou dá pra ele 2 reais, ouvindo as costas que ele espera um e-mail seu, falando qual você mais gostou.
isso aconteceu comigo a algumas semanas, e desde esse dia me especializei em me livrar desses caras.. e garanto que esse cara irá receber um e-mail muito ofensivo e com mais palavras do que aqueles poemas mequetrefes e simplórios. Ou eu que sou inculto o suficiente, e não consigo diferenciar o que é bom ou ruim.
Mas esse não é o assunto dessa coluna, vamos a ele. Eu poderia citar técnicas de como se livrar deles, mas não o farei. As vezes, você pode dar sorte, e se esbarrar com esses caras na rua que tem algo interessante pra vender, como crônicas e contos ou quadrinhos, o que é mais fácil de se encontrar perto de feiras e igrejas. Como eles são pessoas aleatórias, a chance de você ver ele na rua de novo beira o ZERO, é bom ter velocidade pra avaliar se ele escreve algo que presta em poucos segundos, e ter dinheiro já separado no bolso pra esses casos. Já encontrei por aí pessoas que escreviam contos, e os vendiam em frente a bancos, com a vantagem de ter na capa estampado o preço, o que diminui a briga pelo preço que citei logo acima, e é algo pra se fazer enquanto fica naquelas filas quilométricas, que parecem uma visão do inferno se você não é acostumado a elas.
Mas o mais importante de tudo é que isso é a maneira de autores novatos divulgarem seus trabalhos, e de terem opiniões diferentes de pessoas desconhecidas. Melhor do que jogar a história em uma página da net, é ir vendendo ela na rua a preços módicos sendo pra alguns um tormento, atrapalhando o caminho de gente que não tá nem aí pro que você pensa, mas mesmo assim tentar.
E se possível, mandar um e-mail pro autor, dizendo o que você achou. O que é bom pra ele, se você irá elogiar, mas garanto que não irão receber minha mensagem de maneira positiva, se eu for realmente escrever tudo o que penso dos poemas deles.

Os 7 Livros Mais Prejudiciais a Sua Mente – 1. Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro (Daniel Clowes)

Livros quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008 – 2 comentários

Este texto faz parte de uma lista que, definitivamente, não é um top 10. Veja o índice aqui.

Eu menti para vocês.
Menti quando disse que seriam sete livros. Essa obra maravilhosa, meus amigos, é uma revista em quadrinhos. Isso mesmo, eu vou falar de uma “Graphic Novel” no Primeiro Lugar dessa lista. E, podem apostar, esse negócio Merece.

Já falei aqui anteriormente sobre o que penso de quadrinhos e como os considero Literatura também. Não só isso, trata-se de uma nova possibilidade de literatura, já que trabalha as imagens em conjunto com a Palavra. Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro não é diferente. É uma incrível demonstração do poder artístico dos Quadrinhos e, podem acreditar, é a obra perfeita para nosso Primeiro Lugar.

Clay é um fracassado. Desde que sua última namorada o deixou sem nenhuma explicação, ele fica se arrastando por aí como um depressivo babaca. Resolve até ir num daqueles Cinemas de Filme Pornô (se você mora em São Paulo e já passou pelo centro, sabe exatamente que tipo de cinema é). Entre os vários curtas nojentos e mal-feitos que são exibidos, um deles chama sua atenção: “Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro”. Não há sexo, não há nudez. Há somente uma mulher com roupa e máscara de couro, espancando um homem, e dois outros velhos Bizarros. No fim do curta a cabeça dos velhos surge decepada em cima de um tapete e a mulher tira a máscara de couro. Para surpresa de Clay, é sua ex-namorada.

A partir daí você pode esquecer a realidade. Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro é quase um totem de Adoração ao Caos e ao Non Sense. Daniel Clowes mistura Lendas Urbanas americanas, partes da filosofia do serial killer Charles Manson e mais uma porrada de Imagens Chocantes vindas de sua Mente Doentia. Enquanto Clay viaja para a cidadezinha de Gooseneck Hollow (após ter se consultado com um guru que atende dentro do banheiro do cinema pornô e pedido o carro emprestado ao seu amigo, que agora possui lagostas no lugar dos olhos), em busca de pistas sobre a produtora do filme e o paradeiro de sua ex-namorada, ele passará por: Cães sem Orifícios; Putas com Três Olhos; Teorias da Conspiração envolvendo carismáticos bonequinhos de chapéu e narigão; Policiais Corruptos que espancam seus prisioneiros e lhes tatuam, com um canivete, a silhueta do mesmo bonequinho estranho; Seitas Terroristas de religiosos fanáticos; Deficientes Físicos no formato de Batatas Gigantes; e, pode acreditar, coisas bem piores…

Escrito e desenhado pelo promissor Daniel Clowes em 2000, Como uma Luva… impressiona em todos os aspectos. Cada frase, cada diálogo, cada quadro, tudo é feito de modo a esconder uma referência, um ironia ou uma brincadeira nas entrelinhas. Daniel Clowes, através de um verdadeiro Pesadelo em Quadrinhos, traduz todo o vazio existencial do final do século XX, começo do século XXI.
Caótico, Brilhante, Doentio, Surreal e Amedrontador, foi trazido ao Brasil pela Conrad em 2002 e ainda pode ser encontrado nas melhores livrarias.

Como uma Luva de Veludo moldada em Ferro

Título original Like a Velvet Glove Cast in Iron
Ano de Edição: 2002
Arte: Daniel Clowes
Roteiro: Daniel Clowes
Número de Páginas: 144
Editora:Conrad

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