Um texto incompleto, descoberto no gelo da criatividade.

Antípodas da Mente sexta-feira, 30 de outubro de 2009 – 2 comentários

Perdi o último trem da noite. Desci correndo as escadas da estação e ele já acelerava e guinchava pelos trilhos de ferro.
De repente senti Medo. As luzes frias piscavam, a estação tremia com o movimento do trem se afastando.

Por algum motivo eu não gritei. Sentia vontade de passar por aquela pequena porta eletrônica, com metade da minha altura, que dava acesso aos trilhos. Biquei a trava e engatinhei pela passagem, entrando num pequeno corredor de concreto, medindo uns dois metros de altura e vinte de comprimento. No final, podia ver uma porta de madeira gasta, uma placa de aço na porta, como a indicação de algum gabinete.
Me aproximei. “Fevereiro”. Girei a maçaneta antiga de trinco e entrei.

Um amplo corredor, as mesmas luzes frias, em menor quantidade, piscavam, impedindo que eu visse o comprimento do lugar. Nas paredes laterais, altas prateleiras, com uma infinidade de pequenas caixas estreitas, coloridas. Conseguia ouvir pequenos guinchos de ferro ecoando.
Andei, imaginando haver alguma passagem no final do corredor.
Ao fim das prateleiras, encontrei uma bifurcação.

Sempre estive vivendo no Agora. Numa era de velocidade crescente, a única presença do futuro é a Aposentadoria Privada & a Pressão Familiar para um casamento. Claro que minha família é antiquada. Conheço casos em que só há aposentadoria. A velocidade dos trens, das motos e das pessoas pelas passarelas suspensas era a Velocidade de meus batimentos cardíacos, do ar entrando pelo meu corpo, o próprio ritmo de minhas células morrendo e se separando em mitoses infinitas.

Ao fim de cada bifurcação, o início de um novo corredor de prateleiras. À esquerda e à direita, o fim de outras prateleiras, indicando outras bifurcações. Algumas escadas que levavam a níveis superiores exatamente iguais aos anteriores, com luzes frias piscando e pulsando ao ritmo distante dos guinchos de ferro. Tinha um cheiro de Passado, onde eu não sentia o ritmo frenético do ar e a passagem rápida do Tempo.

Afirmam que a culpa é dos Celulares, Rádios, Televisões e Internet. Algo a ver com uma ressonância permanente na Terra, que aumenta vertiginosamente de acordo com a Interferência. Num labirinto catalogado, onde embrulhos nunca iguais desfilavam pelos meus olhos, todas as ressonâncias Congelavam, todas as mitoses Congelavam, todos os cheiros e cores e respirações Congelavam. Encontrei a Paz.

O Elmo Do Horror (Victor Pelevin)

Antípodas da Mente sexta-feira, 03 de julho de 2009 – 0 comentários

Recentemente, uma coleção temática foi encomendada para certos autores contemporâneos de diferentes países: que cada um deles reescrevesse, à sua maneira e à sua escolha, um importante mito da cultura ocidental.
Essa coleção foi editada no Brasil pela Cia das Letras com o simples nome de Mitos.

Além de novas versões para Sansão e Odisséia, encontramos esta fabulosa obra: O Elmo do Horror, escrita pelo russo Victor Pelevin, reinventa o mito de Teseu e o Labirinto do Minotauro.
Mais do que isso, ele dá uma profundidade muito maior ao conceito de labirinto dentro do imaginário popular e ao próprio papel da mitologia dentro da cultura ocidental.

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