Os 7 Livros Mais Prejudiciais a Sua Mente – 3. Não Há Nada Lá (Joca Reiners Terron)Não há nada

Livros terça-feira, 12 de fevereiro de 2008 – 4 comentários

Este texto faz parte de uma lista que, definitivamente, não é um top 10. Veja o índice aqui.

O Grande Crescente de Loucura aproxima-se do seu pico máximo. E nada melhor para comemorar do que Literatura Metalinguística.
Você sabe, romances, contos, crônicas ou poemas que referem diretamente ao universo de romances, contos, crônicas ou poemas.
E obviamente que eu não deixaria vocês somente com metalinguagem barata. Não.
Estou falando de uma metalinguagem que vai além. Que desafia a própria realidade da Literatura e, por que não?, do Mundo.

Joca Reiners Terron é nascido no Mato Grosso e, nas horas vagas de seus inúmeros empregos como editor e designer, escreve. Dentro de suas obras estão o bizarro Hotel Hell, que cria um hotel alucinativo povoado das mais estranhas criaturas; o sombrio Sonho interrompido por Guilhotina, que retrabalha os temas da Literatura e da própria Palavra em si; e Curva de Rio Sujo, uma coletânea de contos que mistura invencionices Fantasiosas com relatos reais de sua infância; além de inúmeros contos, como o incrível Estação de Caça aos Helicópteros. E claro. Não Há Nada Lá.

Não Há Nada Lá passa-se em diferentes épocas, cada capítulo centrado em um dos diferentes personagens, todos escritores. O romance gira em torno de uma série de encontros entre esses autores e outras personalidades famosas, todos possíveis mas nunca realizados.

O que aconteceria, por exemplo, se Rimbaud tivesse conseguido sair vivo da Ífrica e fugido para a América? Talvez encontrado Billy The Kid e fumado haxixe. E se Fernando Pessoa tivesse conseguido seu encontro com Aleister Crowley em Portugal? Talvez a noite acabasse em uma orgia satânica dentro de um quarto de hotel, envolvendo homens com seis mamilos. E Roussel, o surrealista francês, entupido de barbitúricos. O Papa Pio XI realmente mandou uma carta querendo conhecê-lo. Poderia terminar em sexo dentro de uma banheira, a silhueta do Papa estranhamente feminina e barriguda. A calcinha rosa deixada para trás com uma marca de sangue em formato de Livro Aberto. Ducasse roubou As Flores do Mal dentro de um trem durante suas viagens. Seria Baudelaire aquela silhueta hostil na estação? Torquato Neto, poeta e ator brasileiro, chegou a conhecer pessoalmente Jimmy Hendrix em suas viagens pela Inglaterra. Seria o guitarrista um profeta do fim do Mundo?

Tudo isso enquanto William Burroughs, já perto de sua morte, enxerga um gigantesco hipercubo de luz rodando vertiginosamente no céu do deserto, com um gigantesco Livro de Sete Selos aberto em seu interior. E aí fica a pergunta: ”por que Nossa Senhora de Fátima escolheu, em primeiríssimo lugar, mostrar o Inferno para aquelas crianças na sua primeira aparição em Portugal, no ano de 1917?”

Não Há Nada Lá gira em torno da máxima “a Palavra Cria o Mundo”, trabalhando os Sete escritores/personagens principais como os Sete Cavaleiros do Apocalipse. A abertura dos Sete Selos do Livro representa o fim dos livros no mundo.
E não é como se a idéia fosse nova: isso já foi e ainda é tema das principais raízes religiosas de todo o mundo. Apresento-lhes João 14:14 – “No Princípio havio o Verbo. E o Verbo estava com Deus. E o Verbo era Deus.”

Não Há Nada Lá foi lançado em 2001 pela Ciência do Acidente e infelizmente já se encontra com publicação esgotada. Mas você ainda pode peneirar por aí em Sebos ou ter a sorte de encontrar essa maravilha nas bibliotecas de sua cidade e/ou faculdade.
Como presente, um link autorizado com alguns de seus contos:
http://www.germinaliteratura.com.br/jrterron.htm

Não Há Nada Lá

Ano de Edição: 2001
Autor: Terron, Joca Reiners
Número de Páginas: 168
Editora:Ciência do Acidente

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