Sobre o Black Sabbath, vocalistas e as cabeças de pedra de alguns fãs

Música sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Recentemente tive um inusitado surto musical: Só queria ouvir Black Sabbath. Meu gosto musical flutua de rock soviético à samba antigo do Rio, mas essa fixação em uma banda só soou esquisita até pra mim, mesmo tendo meus motivos. E no meio de letras sobre explosões atômicas e céu e inferno, tirei algumas coisas que achei que caberiam aqui, em um texto. E lá vamos nós…

Para os que voltaram agora de Nárnia e não conhecem absolutamente nada da banda, vou começar dizendo que em Aston, Birmingham, Reino Unido, no ano de 1968, se formou uma banda de blues pesado chamada The Polka Tulk Blues Band, que depois se chamou Earth, e depois, Black Sabbath. Nela estavam o baterista Bill Ward, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o vocalista Ozzy Osbourne. À partir daí, eles tocaram rock pesado, com uma breve lembrança do blues que tinham em mente no começo, e as pessoas chamaram isso de metal pesado. Tinham letras de temas obscuros, ocultismo, guerra e instabilidade mental. Ficaram famosos, bêbados, drogados, e supostamente implantaram um sistema rotativo de músicos (Excluindo o já citado Toninho, guitarrista), tendo até seu próprio artigo de membros e ex-membros na Wikipedia (Todos os 27).

 A formação original, escolhida pelo próprio Satã (E penteada também).

E… É isso. Claro, é uma explicação bastante reduzida, tendo sido os detalhes menos urgentes sabiamente removidos, por questões de preguiça maior e escassez de trocadilhos. Mas uma coisa eu não mencionei apenas por que quero fazer uma parte especialmente pra essa… Coisa. É a polêmica. A discussão preferida de todos os fãs do Black Sabbath, ouvintes regulares, irregulares, de primeira viagem e, quiçá, até entre quem nunca ouviu a banda – não duvido mais. É claro que falo da pergunta que não quer calar, da grande questão da parcela de seres humanos que discute esse tipo de coisa: Ozzy ou Dio?

Vejam, aproximadamente uma porrada de ex-integrantes do Sabbath foram vocalistas. Pra ser exato, foram 10. Mas dessa dezena, alguns ficaram por um ano apenas, como um certo Ice T (?), ou por dois, como Ian Gillian (É, o cara do Deep Purple, ele mesmo). Mas enfim. Já outros marcaram a história da banda, e são eles justamente Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio. O primeiro é o vocalista original da banda. Sujeito esquisito, que com uma voz igualmente esquisita conquistou milhares de almas e seguidores admiradores. Para muitos, inclusive para este que vos escreve, Ozzy é parte, digamos, da personalidade da banda. Se você, em algum ponto dos últimos quarenta anos, conseguiu sair da sua aldeia Amish e pôde ver ao menos uma foto do Ozzy, não é difícil entender o porquê. De uma maneira tortuosa e nada saudável, ele ajudou a fazer uma das bandas pioneiras do metal não ser qualquer pioneira, mas uma devidamente reconhecida por sua imagem no geral – uma imagem, aliás, bem sombria.

Onde quero chegar é que a voz de um vocalista (Oh, duh) ajuda a construir a imagem de uma banda. Aconteceu com Joey, nos Ramones; com o já citado Ian, no Deep Purple; com Freddie, no Queen; Roberto, no Zeppelin; Bruce, no Maiden. Enfim. Muita gente aí, só procurar. E assim foi com o Sabbath. Parecia uma daquelas bandas que simplesmente não soaria a mesma sem Ozzy Osbourne. Isso até ele ser mesmo demitido em 1979, claro.

 Ozzy e esposa, recuperando-se após morrer por acidente e ter sua entrada no inferno recusada.

Pra resumir a história sobre como o Ozzy, além de ajudar a fazer a banda, também estava ajudando a matá-la com (No mínimo) álcool e cocaína, vamos logo para o Dio. Como eu espero que alguns saibam, Dio morreu em maio de 2010, deixando uma legião de viúvas. Em grande parte isso se deve aos seus álbuns de sucesso com o Black Sabbath, notoriamente o Heaven & Hell, de 1980, além de seus trabalhos no Rainbow e solo. Especificamente no Sabbath, se diz que ele foi uma “revitalização” depois de um período negro. E foi. O homem inegavelmente cantava muito. Era outro humor entre os integrantes, outro ambiente, outra banda. Tanto que nem parecia mais o Black Sabbath.

Na intepretação deste humilde autor: O Sabbath é com Ozzy. Dio fez um grande trabalho, cantava muito, mas de uma maneira diferente. Parecia que, no final, realmente a coisa não soava igual. Não só com Dio, qualquer um dos outros oito. E ele fez a banda soar diferente, de uma maneira mais… Genérica. A voz dele era de metal, uma voz muito boa, mas há outras bandas com o mesmo jeito, o mesmo estilo de cantar. Ozzy, por mais bizarro que seja, tem uma voz de… Ozzy. Original. Enfim, algo assim. Comentem aí o que cês acham.

Pois bem, então. Não raro, em alguma conversa de bar, com ânimos aquecidos pela bebida, você pode ouvir alguém dizer que Dio era melhor que o Ozzy. Ou o oposto. Ou falar algo nos moldes do que eu disse nesse artigo, com alguns motivos mais ou menos arranjados, etc. O caso é que xiliques vão acontecer. Copos serão derrubados, cabeças rolarão entre argumentos e mais argumentos. E pronto, lá vamos nós. De novo.

E assim se passa mais um dia nas discussões eternas do rock.

Obs: o título deste texto é sim uma homenagem ao OJ, antes que alguém queira discutir por isso também.

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