Sobre Arquivo X e finais de séries de TV

Televisão segunda-feira, 15 de julho de 2013

Há algum tempo, fiz um texto sobre Arquivo X, sobre como eu havia redescoberto a série e começado a assistir de novo. E eis que agora venho até vós falar sobre o resultado dessa experiência e também abrir uma discussão ainda maior. Ah, e antes que eu me esqueça de avisar: SPOILER ALERT.

Vem comigo.

Como já tinha dito antes, Arquivo X foi parte da minha infância. Talvez não fosse a série ideal pra um moleque, mas dane-se, eu nem entendia direito mesmo. O negócio é que, entendendo ou não, foi um dos programas de TV que mais me marcou (Todo mundo tem um) e muito provavelmente um dos que me ajudou a trilhar o caminho da cultura pop, quadrinhos e a um dia virar redator do Bacon. Mesmo assim, até pouco tempo atrás eu não havia parado pra realmente assistir toda a série. Não tinha tido oportunidade e desde o final dos anos 90 tinha simplesmente deixado a série de lado por conta dessa correria sem fim que é estudar pra tentar ser alguém na vida. Acontece. Mas tendo a oportunidade de finalmente saber como tudo termina, de entender os arcos de acontecimentos que seguem a vida de Scully e Mulder, eu não tive dúvida, assisti tudo que tinha pra assistir: Nove temporadas e dois filmes. Depois de todo esse caminho, posso dizer que gosto ainda mais da série.

Bem, acontece que algumas coisas me incomodaram, é claro, afinal qual a graça de fazer um texto sobre televisão e não reclamar? Acontece que, igual a milhares de outros assistidores de séries, eu não fiquei assim tão feliz com os caminhos tomados por Arquivo X e o final foi… Brochante. Sinceramente, eu esperava mais de algo que é um verdadeiro monumento televisivo, algo tão influente. E sim, a minha reclamação chega mais de uma década atrasada, já que a série terminou em 2002, mas acho que tá valendo.

 Nem tudo foi tão divertido assim.

Sinceramente, não sei quantos de vocês chegaram a assistir a série com alguma regularidade. É certo que a grande maioria de vocês a conhecem, seja da televisão aberta, a cabo ou simplesmente pela fama. Muito menos sei quantos de vocês que estão lendo isso gostam dela, mas assumindo que está no título do texto, acho que ninguém leu até aqui sem saber do que se trata. Então, falando de fã pra fã, ou ao menos de fã pra gente-que-conhece-um-pouco-do-assunto, posso dizer que, pra mim, a coisa toda começou a desandar de verdade na oitava temporada. Até ali, Arquivo X tinha sido mais ou menos o que era desde o princípio: Paranormalidade e monstros nos episódios genéricos (Fora da trama principal) e o arco central se mantia numa misteriosa conspiração do governo que tinha alguma coisa à ver com aliens e a colonização alienígena. Scully e Mulder tinham cada vez mais afinidade e cumplicidade, buscavam as verdades encobertas e lidavam com os problemas no caminho. Os season finales tinham sido satisfatórios, apesar de que o papo de tentarem fechar a divisão dos Arquivos X já tava ficando batido. Enfim. Aí, eis que no final da sétima temporada, BAM!, Mulder é abduzido e some durante metade da oitava temporada. Na vida real, David Duchovny teve problemas contratuais com a Fox e uma batalha legal aconteceu para decidir sua permanência na série. Na ficção, Mulder ficou meses em poder dos aliens, que fizeram experiências de matar (Literalmente). Na mesma época, os Nielsen ratings da série (O índice de Ibope da televisão americana) começaram a cair e Arquivo X perdia força. A oitava temporada em si trouxe um novo personagem fixo, John Doggett, um agente do FBI cético e durão, mas gente boa e obstinado. De acordo com Chris Carter, o cara que criou a série, o personagem novo não era pra substituir a figura do Mulder, já que eles eram completamente diferentes. Mas claro, a falta de Duchovny precisava ser compensada e até que os produtores se saíram bem nisso, já que Doggett se provou um personagem interessante e que realmente contribuiu com a história.

Pra mim, o grande problema foi com o arco principal da série, a invasão alienígena e os projetos de acobertamento do governo. Já que tinham gerenciado até bem a falta do Mulder, era dever deles continuar a história de um jeito interessante. Infelizmente, não foi assim. Pelo resto da oitava e também na nona temporada, vimos o surgimento de uma história sobre supersoldados alienígenas surgir, uma espécie de conspiração dentro da conspiração, como se colonização alien não fosse o suficiente. E, finalmente, a nona temporada se arrastou sobre o assunto, com os problemas de Duchovny apertando, fazendo com que ele aparecesse só nos dois últimos episódios. Durante toda aquela temporada, e por conta de uma série de acontecimentos, os Arquivos X eram liderados pelo já citado Dogget e uma nova agente, Monica Reyes, que viraram uma espécie de Mulder e Scully ao contrário, já que ele era cético e ela que se metia com o paranormal. Chris Carter acreditava que a série podia continuar por mais dez anos com a nova dupla. Mas não tinha habilidade e nem bons personagens que segurassem e Arquivo X acabou ali mesmo, cancelada pela Fox.

 “Sério que essa porra termina desse jeito?”

O episódio final, dividido em duas partes e apropriadamente chamado The Truth (“A Verdade”), foi provavelmente o maior anticlímax que eu já vi em uma série de TV. A primeira parte começa bem, meio que revisitando o passado da série, mas termina – preparem-se – EM UM GANCHO. Sim, a série de nove anos que fez a cabeça de muita gente e entrou pra história terminou sem terminar. Ninguém resolve nada. A conspiração alien vai em frente. É revelado que a invasão final vai acontecer em 22 de dezembro de 2012 (Revelação, aliás, que só pode ser caracterizada com uma grande surra de pau mole) e tudo pára, tudo termina como se fosse haver uma décima temporada. E como não houve, é como se um dia um messias do FBI fosse descer do céu e dizer que o aconteceu. É preciso dizer que houve uma chance de lançar alguma luz sobre o assunto e pegar o gancho do final da série, e essa chance foi muito bem desperdiçada no segundo filme de Arquivo X, lançado em 2008, que nem mesmo é sobre aliens. É como se tivessem decidido fazer um episódio novo, sete anos depois do fim. Só lembrando que o primeiro filme tinha sido parte da trama geral, quase dez anos antes.

“E agora?”, é o que fica na cabeça de alguém que assistiu tudo. Bom, agora só as promessas de um terceiro filme ainda a ser feito, que já correm há muito tempo, mas são apenas conversa até agora. Segundo o criador da série, seria um filme pra revisitar a trama dos aliens. E assim, sem respostas e só com a esperança, nós fãs sentamos e aguardamos. Dessa minha experiência, podemos subir pra outra discussão: Qual o problema com os finais de séries? Algumas vezes é só coisa de fã retardado, é verdade, que acha seu programa favorito devia terminar como ELE quer, mas e quando os produtores/diretores/roteiristas cagam no pau de verdade? E quando o final te deixa com aquela sensação de frustração no fundo do estômago? É, isso é uma baita discussão. Por isso, deixo pra outro dia. Mas você aí pode começar dando suas idéias: Tem algo a falar sobre Arquivo X? Tem histórias pra contar sobre final de série brochantes? Ficou puto por que tem spoilers demais aqui? Fique à vontade para se manifestar nos comentários.

Vida longa e próspera.

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