Retrospectiva 2000: Os hits que querem marcar nossa época

Cinema, Games, HQs, Livros, Música, Televisão terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Então é Natal. E apesar de estarmos no fim do ano, ao menos para mim parece que ainda está bem longe, como se não faltasse pouco mais de uma semana pra 2015. E é isso aí: 2015, metade da década, rumo aos anos 20… Já podemos dizer que o século não é mais novo? E o milênio? Aliás, tem alguém aqui que não viu a virada do milênio?

Ah, o século 20, fim do primeira milênio desde que resolvemos ignorar os outros milênios e a derradeira divisão entre a história da humanidade. Quase quinze anos atrás temíamos falhas simples em programação, redes sociais eram meros experimentos, os torrents estavam com tudo e a destruição do mundo era pelo Apocalipse e não por calendários maia (Apesar de Nostradamus ser uma constante). Quase quinze anos atrás a música, o cinema, a moda, os jogos e tantas outras coisas eram diferentes, apesar de que a gente só vai começar a ter vergonha dessa época mesmo daqui uns 5 ou 6 anos.

Em 2000 foi o ano de lançamento d’O Grinch, aquele com o Jim Carrey (2000 foi um ano cheio pra ele), que hoje é um clássico de Natal, indispensável à TV aberta. E que tal Requiem for a Dream (Nunca me acostumei com o nome em português)? Gladiador? Todo Mundo em Pânico, o primeiro, também é de 2000, junto com As Panteras, Erin Brockovich (Outro já clássico das noites de sexta-feira na Globo), o primeiro Entrando Numa Fria, o primeiro Miss Simpatia, A Nova Onda do Imperador… O primeiro X-Men também, e é estranho pensar hoje que durante os anos 90 e os anos 2000 os filmes de super-heróis bem que tentaram, mas não foram pra frente: O Hulk tem mais filmes que a Liga da Justiça.

 A lista é tão absurda que se eu contar cês não acreditam.

A música também tava diferente: O rock ainda tinha seu lugar, apesar da crescente “ameaça” do rap e do hip hop. Em 2000 ninguém aqui no Brasil sabia quem era a Beyoncé, tudo que tinha era o Destiny’s Child, mas a Pink já tava por aí, e a Christina Aguilera também (Que viria a cair, subir de novo e cair de novo). Lembra do 3 Doors Down? O Justin Timberlake também não era realidade, mas o ‘N Sync sync MEU DEUS QUE PIADA É ESSA. Celine Dion ainda surfava na já pequena onda do Titanic, Backstreet Boys ainda eram alguma coisa, assim como a Whitney HoustonBlink 182, Britney Spears, Jessica Simpson, Savage Garden, Mariah Carey, todos faziam parte dos top-qualquer-coisa de quinze anos atrás.

Pra cá era domínio inquestionável da Ivete Sangalo, e ficou por anos assim, mas claro que não era só isso: Vou falar coisas aqui que aposto que ninguém ouve falar desde aquela época. 2000 foi o ano de estreia do KLB (Caralho, cara, esses filhos da puta tem QUATRO álbuns chamados “KLB”… E tem gente que reclama do Justin Bieber) e Anna Júlia, do Los Hermanos, tava em alta, mesmo sendo de 1999. O Leonardo fazia sucesso (E não só com as tias de agora), Sandy e Junior não só ainda existiam como eram uma das maiores coisas por aqui, e bandas com nomes legais tipo Só Pra Contrariar, Os Travessos, Ara Ketu e Karametade faziam sucesso.

Dá pra acreditar que ele foi um dos que mais teve músicas nos tops de 2000?

Foi o mesmo ano de lançamento do primeiro The Sims. De Majora’s Mask, Perfect Dark, Diablo 2, do primeiro Deus Ex, Chrono Cross, do Homem-Aranha pro Play 1, Final Fantasy IX. Naquele tempo Crash Bandicoot era um dos grandes herois, muito acima de Sonic e Mario. De todos os jogos foram os que mais mudaram, à ponto de quem nasceu depois de 2000 mal reconhecer mais as coisas: Nada de HDs e memórias internas, mas memory cards e passwords. A Nintendo dominava os portáteis e ainda assim qualquer coisa com mais de uma tela parecia frescura, não existia outro modo de ter um jogo que não fosse por mídia física e o todo poderoso Steam sequer existia (E quando passou a existir era uma bosta). A mudança foi muito mais que apenas gráfica.

A TV também mudou: A quantidade de reality show era muito menor (Apesar de já ter sido maior que atualmente), os programas de auditório eram os maiores da grade, as pessoas ainda ligavam pro show de fim de ano do Roberto Carlos… A TV paga daquela época era muito mais cara, com muito menos canais e, de certa forma, a brecha entre a qualidade desta para com a TV aberta era menos nítida. Naquela época o questionamento era “por que pagar TV se eu vou ver praticamente a mesma coisa?”: Era o mesmo público. Tinha apenas uma ou outra coisa diferente, e se você reclama de esperar alguns dias pela legenda da sua série favorita, naquela época isso sequer era realidade, as coisas literalmente demoravam anos para chegar aqui.

Nem sempre aquela de “pela primeira vez na televisão” era mentira…

Quanto aos quadrinhos eu não lembro, só lia o que achava nas salas de espera de dentistas, médicos e outras coisas do tipo (Perguntem pro Jo e pro Pizurk, eles que tão nessa merda de vida há tanto tempo), mas não é difícil apontar as diferenças: Em 2000 a maior coisa por aqui era a Turma da Mônica, mas nada de “graphic novels”, MSP e toda essa lambeção que fazem ao redor do Maurício de Souza de uns anos pra cá: A Turma da Mônica foi a responsável por apresentar os quadrinhos pra pirralhada, mas também a (Parcialmente) responsável por acabar com os quadrinhos adultos aqui no Brasil. Ou você lia Turma da Mônica ou os quadrinhos absurdamente chatos da Disney (À exceção do Zé Carioca, é claro), DC e Marvel eram uma história completamente à parte. Image, Dark Horse e toda essa infinidade que se tem atualmente simplesmente não existiam, a maioria nem mesmo nas gringas. Os anos 2000 pros quadrinhos e pros desenhos de TV foram a grande recuperação depois dos anos 90 e da invasão dos animes e mangás.

 Caralho, Mickey, tu é muito chato mêu.

Os livros e a literatura como um todo foram os que menos mudaram: O mercado era diferente, o incentivo era menor e o foco era outro, mas em termos de material mesmo, não mudou muita coisa. Os anos 2000 viram o crescimento da tal da literatura infanto-juvenil, com a montanha de séries, trilogias e os caralhos feito pra galera que não quer ler O Pequeno Príncipe mas não tem vocabulário o suficiente para ler Moby Dick. Livros eram mais caros e mais raros: Era difícil achar algum amigo da escola que tivesse um livro, por exemplo. Essa parada de gente comparando o tamanho do pau pela quantidade de prateleiras cheias não existia: Os anos 90 e 2000 não foram para a leitura, simples assim.

Tá, mas por que fazer uma retrospectiva de quinze anos atrás? É até meio óbvio: Quando os anos 90 finalmente acabaram, deu-se início ao último ano do século do milênio, e quando estes também terminaram, em 2001 (Sim, 2001, seus burros) as coisas já tinham mudado. Quem é mais velho pode dizer melhor, mas a questão é que com a virada de 99 pra 2000 já havia pressão e expectativa para que tudo mudasse: O século XXI começou fazendo mais do que qualquer um esperava, e mais rápido do que qualquer um esperava… Mas ainda dependemos do passado.

Passei o texto todo falando isso: Sessão da Tarde, filmes de super-heróis, Beyoncé, Justin Timberlake, Ivete, o Zelda, The Sims, TV por assinatura, Turma da Mônica. Claro que muita coisa foi embora, claro que tem coisas que não existem mais, mas várias delas continuam aí. Podem ter mudado ou não, mas são continuações: Ano passado mesmo teve sei lá quantos remakes de séries e filmes antigos, esses últimos tempos viram várias e várias bandas se juntando e voltando à ativa (Para a desgraça geral do bom gosto) e a cada ano vemos mais atualizações e adaptações de ferramentas, tecnologias, funções e costumes do que a criação de novos. Queremos gráficos melhores, internet mais rápida e carnaval sem axé, mas não que estas coisas sejam substituídas.

A continuidade é a questão primordial aqui: Não somos cria unica e exclusivamente do ano 2000, mas da coisa toda de antes. É estranho como uns anos atrás a nostalgia era direcionada aos anos 80, e não aos 90. A “cultura pop” era oitentista, mesmo que já sacaneássemos os cabelos da galera, e hoje já tem quem se irrite com a coisa de “crianças dos anos 90” (A maioria que reclama tem entre 13 e 15 anos pelo motivo de burrice ser uma epidemia mundial). Já deixamos o século passado há quinze anos e tem coisa que ainda tá por aí, algumas por mérito, outras não: Já criamos algumas próprias, é claro, mas ainda nos apegamos ao que já vimos que deu errado. Estamos na metade da segunda década do primeiro século do terceiro milênio ou não, e talvez devêssemos tirar 2015 pra cristo (Ãh? Ãh? Alguém?!) e deixar o passado para trás… Ou ao menos a maioria dele.

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