O que é um clássico?

Clássico é Clássico segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009

Bem, deixa me apresentar. Meu nome é Pedro Lauria, tenho 19 anos, faço faculdade de Geografia, moro no Rio de Janeiro e adoro cinema.
Isso é tudo que vocês precisam saber sobre minha pessoa. O resto vocês contratem um detetive e descubram.

Agora que já me apresentei, vou situar vocês do que se trata essa coluna. Clássicos do cinema. Filmes clássicos, diretores clássicos, atores clássicos, clássicos, clássicos e clássicos. Mas não se deixem enganar… antes de fechar essa janela, esqueçam aquela definição de clássico que vocês têm na cabeça: “pôôô, não vou aguentar um mala metido a intelectual falando sobre velharias que todo mundo fala que gosta, mas não suporta assistir cinco minutos”.

 Eu sei que essa imagem irritante passou pela cabeça de vocês


Para entender o real sentido dessa coluna, coloquem essa definição de clássico na cabeça – é ela que eu tenho em mente quando falo do assunto. Retirada do pai dos burros Aurélio:

“Da mais alta qualidade; modelar, exemplar”

Deu até pra esquecer da Noviça Rebelde e continuar lendo a coluna, não? E podem deixar, aqui abordarei de tudo: desde Cidadão Kane, de Orson Welles, passando por O Sacrifício , de Andrei Tarkovisky e Metrópolis de Fritz Lang, até De Volta para o Futuro de Robert Zemeckis, ou mesmo filmes recentes como Sangue Negro de Paul Thomas Anderson e Wall-E de Andrew Stanton. Sim, todos clássicos. Porém farei uma ressalva: a partir do momento que lerem isso com o passar do tempo vocês perceberão que meu enfoque será em filmes não tão conhecidos – muitas vezes jogados no limbo dos “filmes altamente intelectuais que eu nem me arrisco a assistir” ou apenas sem muito destaque. Meu objetivo principal é fazer com que vocês passem a encarar o cinema como um universo infinito a ser explorado, deixando de se limitar a comédias românticas e blockbusters toda vez que forem escolher um filme.

Tendo isso na cabeça e toda discussão que tivemos nos bastidores do AoE pra não chegar a nenhuma conclusão, não tinha como começar essa coluna se não discutindo algo tão subjetivo quanto “Como definir um clássico”.

A primeira coisa que vocês devem por na cabeça é que “cult” e “clássico” são coisas distintas, mesmo que às vezes acabem classificando a mesma obra. Estou falando isso logo de cara, porque outro dia me deparei com um top15 de uma garota cujo gosto cinematográfico era melhor do que de todos vocês invejável, mas que em contrapartida classificava E o vento levou… como cult.
Porém… até o wikipédia diz a mesma coisa.

Então, para acabar de uma vez por todas com essa confusão vamos apelar novamente para as definições:

“Cult” é um termo utilizado para classificar um filme (no caso) que têm um número considerável de fãs, embora não alcancem à fama.

Dificilmente vocês vão conhecer todos os filmes que estão aqui. Mas todos têm seus adoradores – desde devotos de filmes “B” até críticos metidos a intelectuais.

Só isso já deixa claro que o clássico de Fleming, ganhador de OITO OSCARS e um dos filmes mais conhecidos de toda a história, não passa nem perto dessa definição. Muito pelo contrário, é o que podemos chamar de Pop, cuja definição é:

Cultura de massa, altamente divulgada pela indústria – acaba fazendo parte integral da sociedade que a consome.

Você já cansou de ver essas imagens.

Ou seja, clássicos dizem quanto a qualidade, seja técnica e/ou artística, enquanto a definição de “Pop” e “Cult” se restringem quanto a divulgação/aceitação do filme – independente de sua qualidade.

Mas o que leva um filme sem tanta divulgação, conseguir uma base de fãs tão sólida? Melhor dizendo… o que faz de um filme ser cult?

1) Grande Qualidade
Eu sei que parece uma contradição um filme ser bom e desconhecido, inclusive este é o principal motivo por muitas vezes confundirmos “cult” com “clássico”. Por exemplo, filmes de Renoir, De Sicca e Dreyer – todos diretores consagrados, são verdadeiras obras primas – mas ficam restritos aos chamados “circuitos alternativos”, ou por serem muito antigos ou por não serem mercadológicos (e aqui se encaixam filmes independentes como Donnie Darko; filmes “cabeça” e extremamente metafóricos como O Sétimo Selo; e filmes estrangeiros como Amor a Flor da Pele). O ponto é que apesar disso, são clássicos. E cults.

2) Péssima Qualidade
Filmes que têm seus fãs conquistados pelo senso de ridículo. Filmes de terror e ficção científica “B”, ou diretores péssimos como Ed Wood e Uwe Bowl ainda conseguem atingir um determinado número de admiradores – que gostam de ver filmes toscos e mal produzidos, geralmente pelo tom cômico que essa filmografia adquire.

3) Mundo Fantástico
Independente do mérito artístico, filmes que abordam novos planetas, raças e criaturas – sempre acabam conseguindo reunir uma parcela de nerds fãs.

Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado consegue a façanha de se encaixar nas três categorias

Por ser uma definição baseada na qualidade, os clássicos têm uma variação muito maior. Podem ter custos de produção astronômicos – como Cleópatra, Ben-Hur e Titanic, ou não, como Bruxa de Blair e Eraserhead. Podem ser recentes como Onde os Fracos não tem vez ou antigos como Em Busca do Ouro, podem ser trilogias inteiras como Indiana Jones ou só o primeiro filme da franquia como Matrix, podem ser clássicos instantâneos como Wall-E ou reconhecidos apenas muitos anos após o lançamento como A Felicidade não se compra, podem ser filmes artísticos como Amacord ou blockbusters como E.T.. Enfim, clássico é clássico.
Para tentar resumir de forma bem simplificada o que eu falei hoje, fiquem com esse lindo quadro desenhado no paint:

Eu sei que vocês vão chorar, mas High School Musical não é um clássico

Depois dessa beleza, chega. Semana que vem tem mais.
Ps.Eu te amo Sugestões e opiniões serão sempre bem vindas. Pois além de economizar trabalho, me fazem parecer democrático.

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