O que aprendemos com o cancelamento de Sense8?

Televisão sexta-feira, 02 de junho de 2017

O mundo é machista, racista, homofóbico e mais um monte de coisas ruins. Infelizmente não há como negar. Porém, ao contrário do que muitos andam gritando por aí, o cancelamento de Sense8 não tem nada a ver com isso. Não que a série não tenha sido atacada por conservadores, mas entendam que estes idiotas nunca foram a audiência da série, logo, quem fez Sense8 ser cancelada foi o mesmo público que a fez ser idolatrada. Pelo menos até o especial de Natal.

Sense8 foi um puta sucesso de 2015. Em qualquer lugar que você entrasse nessa terra chamada Internet você encontrava alguém falando da série, na maioria das vezes bem. E além de ter uma boa trama, oito pessoas comuns que conectavam-se e ajudavam-se com os problemas da vida são perseguidas por uma organização secreta, tinha também uma representatividade absurda de foda. Porém, só representatividade não conta uma história e isso ficou claro naquele especial de Natal, que não acrescentou nada à série e apenas repetiu uma das melhores cenas da primeira temporada, só que dessa vez vazia, sem conteúdo, não significando nada. E foi aí que as coisas começaram a ficar ruins pra Sense8.

A cena a qual me refiro é a cena onde os oito personagens principais e acho que mais dois ou três coadjuvantes fazem uma suruba. Na primeira vez que isso aconteceu a cena foi marcante pois mostrou que os oito personagens estavam conectados além de suas sexualidades e, assim como dizia o Simba, eram mais do que mil, eram um. Já no especial de Natal eu, e alguns outros amigos que assistiam a série, tivemos a impressão de que a repetição da cena de suruba foi gratuita e sem acrescentar nada à história, assim como o resto do episódio especial. Foi como se ela estivesse ali apenas pra lacrar, pisar ou qualquer outra dessas gírias aí.

Não me entendam mal, usar nudez e cenas de sexo gratuitas apenas pra causar, tipo o que a HBO faz na maioria dos pilotos de suas séries, é escroto pra caralho, indiferente do sexo dos envolvidos. É um recurso barato pra prender a atenção daqueles que desconhecem a quantidade de pornografia espalhada pela internet. Não digo que não pode ter nudez ou cenas de sexo em filmes e séries, apenas que elas precisam de um motivo pra estar ali além de proporcionar uma punhetinha pro expectador. Um bom exemplo de série que vem utilizando muito bem cenas de sexo é Deuses Americanos, que eu já falei muito bem aqui. Não que a minha opinião valha alguma coisa.

Era pra ser uma cena emocionante foda, mas eu só ria e lembrava disso.

A grande verdade é que apesar de ter uma ideia muito boa, Sense8 nunca foi lá grandes coisas de roteiro. Aliás, tirando o primeiro Matrix, as Irmãs Wachowski nunca foram boas de roteiro. Achei o final da primeira temporada um pouco decepcionante e, como dito antes, o especial de Natal é uma tristeza sem fim. Sense8 tinha um grande poder em suas mãos, mas infelizmente esse poder não veio com uma grande responsabilidade. É triste ver uma série tão importante quanto Sense8 se perder num mar de lacrações. Então amiguinhos, o que podemos dizer que aprendemos com o cancelamento de Sense8 é que representatividade é muito importante, mas saber representar a representatividade é ainda mais importante.

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