O Maroon 5 é o Bon Jovi dos tempos atuais

Música segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Você sabe como, de tempos em tempos, a mídia e a Adriane Galisteu tentam nos dizer como seu mais novo achado é o “novo Fred Mercury“, o “novo Justin Bieber“, a “nova Lady Gaga” ou qualquer coisa do tipo. Mas a verdade mesmo é que todos sabemos que eles não passam de playbacks, maquiagem e a boa e velha “mágica” do Raul Gil… Bom, ao menos na maioria das vezes.

 Eu não tiro o chapéu pro Chacrinha.

Você conhece o Bon Jovi, aquela banda que começou lá nos anos 80 no glam rock (Ou o que quer que tenha sido aquilo) e assim como o Capital Inicial, conseguiu e consegue angariar uma galera nova aí, cara, ano após ano. Aliás, é isso mesmo, o Capital é o Bon Jovi brasileiro, mesmo sendo um ano mais velho. Mas foda-se os caras, cara, o negócio aqui é as gringas: O Maroon 5 é o Jonathan Bon Jovi da nova geração, mesmo o Bon Jovi ainda estando aí.

Bon Jovi é mal, ouviu um, ouviu geral

 “ba-ta-ta QUENTE QUENTE QUENTE QUENTE QUENTE QUENTE queimô”

O Bon Jovi segue a mesma fórmula há anos: Tem umas músicas descoladas sobre amor, umas músicas #xatiadas sobre amor, umas músicas à la Sessão de Sábado sobre amor e, no meio desse love todo, tem umas músicas sobre a vida. A vida, esse troço difícil, sofrido e triste, mas que pode ser legal quando as coisas melhorarem (E você encontrar o amor da sua vida).

O Maroon 5 (Não consigo me acostumar que só tem um “r” nesse nome) faz a mesma coisa, só que ao seu próprio jeito: Tem umas músicas transantes sobre o amor, umas músicas sobre como o amor te deixou #xatiado, e umas músicas sobre como você encontrou seu amor e o perdeu por um motivo que nunca é revelado, pra deixar no suspense. E no meio dessa deprê toda sobre o amor tem umas músicas sobre a vida. A vida, esse troço amargurado, solitário e cinza, que já foi colorido um dia e que só vai voltar a ser quando você voltar com o amor da sua vida… Se ela quiser, é claro, o que nunca é revelado, pra deixar no suspense.

Ambas tem umas músicas randômicas sobre qualquer coisa aí, mas ninguém lembra, já que estão aproveitando o show com o amor de suas vidas.

Sou trainee de estagiário

 “Essa aqui é pro Congresso brasileiro, cara, essa aqui, em especial, é pro José Sarney, cara”

Acredite ou não, o Bon Jovi já tem 31 anos. Pois é. Nesses 30 anos de carreira o Bon Jovi vendeu “mais de 100 milhões de discos”, foi no Faustão e embalou casais através dos momentos felizes e dos momentos difíceis. 100 milhões é uma marca respeitável, estando ao lado do Metallica, Rod Stewart, do Paul McCartney em sua carreira solo e da Taylor Swift. E da Britney Spears. E dos Backstreet Boys. E do Prince.

Já o Maroon 5 é onze anos mais jovem, de 1994. Sim, 1994 foi há vinte anos. E vendeu cerca de 27 milhões de álbuns, uma marca bem aquém dos 64 milhões que seriam de se esperar segundo a regra de três. Mas a verdade é que o Bon Jovi alcançou os 100 milhões em outra época: A internet só virou algo digno de nota quase dez anos após o Bon Jovi começar, ao passo que o Marron 5 já começou com a internet aí, e tem (Segundo dizem), mais de 30 milhões de músicas vendidas digitalmente, totalizando 57 milhões. Ainda abaixo do esperado? Claro, mas todos sabemos que ninguém mais faz dinheiro vendendo álbuns.

O flautista tocou, e os ratos o seguiram até o rio

Se por um lado o Bon Jovi é uma banda que taí faz tempo e todo mundo sabe disso, por outro o Maroon 5 taí faz um bom tempo também mas a galera jura que é coisa nova. Seja como for, ambos tem exatamente o mesmo tipo de público, ainda que sejam públicos diferentes: É uma gente que vai no show pra ver o Bon Jovi e o Marron 5, e não pela música. Eles estão lá pra ver os caras em cima do palco, e só: O palco, o local, o preço da cerveja, os telões e o setlist são completamente irrelevantes. No caso do Bon Jovi é porque todo mundo já conhece as músicas, no caso do Maroon 5 é porque ninguém se importa em conhecê-las.

E o motivo para isso é muito simples:

João e Adão, uma turminha do barulho

 “Você também vai parecer seu próprio boneco de cera quando tiver minha idade”

Se você já parou para se perguntar qual é o cúmulo do narcisismo, pode ter chego à conclusão de que é mudar o seu nome e o nome da sua banda pra mesma coisa. Seja como for, é até justo, já que é só por sua causa que uma galera vai nos shows há tanto tempo. A fama de bom moço, casar com a namorada da escola, as brigas com o resto da banda, as fotos da putaria, nada disso importa, o que importa é que tanto as tias na metade dos quarenta quanto as novinhas menos ligadas nas rádios do momento te acham um pedaço de mau caminho… O Jon é o o Johnny Depp da música. Talvez o nome não seja mera coincidência.

E do outro lado do ringue tem o Maroon 5. Porque é isso aí que a banda é, o Adam Levine. Tem uma outra galera lá, que de vez em quando sai nas fotos também, mas ninguém realmente liga pra eles. Me diz o nome de um aí, sem ir pesquisar antes. Tem o nerd, tem Jesus, tem o Tom Cavalcanti como galã numa novela da Record e tem até um cotista, mas eles só estão no show pra dizer que fazem parte da banda. Eles não aparecem nos clipes por serem visualmente incômodos, ao passo que o clipe só pode ser sonoramente assim, uma questão de prioridades. E não há problema nenhum nisso já que, em vinte anos, as leitoras da Toda Teen e as balzaquianas de hoje também estarão levantando placas sobre shows de trinta anos atrás.

Síndrome de RPM

 “Seu corpo é fruto proibido, não, pera. Isso soou errado.”

Sabe essa galera que acaba e ninguém liga, volta sem ser chamado e reclama quando não tem retorno algum? Esse tipo de coisa se dá pelo bom e velho orgulho, misturado com aquela coisa da fama bagunçar a porra toda, o que leva ao tipo de gente que nos é tão familiar, de tanto que já aconteceu e já foi falado sobre: As divas. Não vou me estender no assunto propriamente dito, basta apontar que chega um momento da carreira em que a pessoa tá fazendo especial de fim de ano na TV aberta.

O problema mesmo é quando alguém, por idiotice ou só falta do que fazer, resolve ir perguntar. Perguntar é um dos males do mundo, já que na maioria das vezes consegue-se uma resposta: “Nunca estivemos melhor”. A velha coisa do “novo álbum em breve”, “single inédito” (Em meio à um álbum cheio de regravações), “novo clipe estreia na MTV“, “o mais novo lançamento, de graça no iTunes” e, claro, a fatídica e decepcionante “última turnê antes do fim”.

O ser humano precisa aprender a admitir que trepa sem orgasmo.

AAND IIIIIII-I-IIIIIIIIIIIIIIIIIIIII WILL AALWAAAYS

 Bem, pelo menos ela conseguiu.

Como já diria o João do América: Porra, esse cara ainda tá aí, rapá! Fazendo o quê, rapá?!

E apesar de eu poder encerrar com esta singela frase, elucidarei: Já que a música não importa, o público vai continuar fiel independente de qualquer coisa e a única coisa que leva essa gente a fazer tudo isso é o status de ~símbolo sexual~ do vocalista, encaremos os fatos, é melhor parar por aí. Porque gostemos ou não, o tempo nos alcança, e nem toda a tecnologia em plástica do mundo resolve a coisa. Tudo bem, o Jon ainda tem uns trinta ou quarenta de aproveitamento (Vide o tio Silvio Santos) e o Adam um tempo a mais, mas cedo ou tarde, o bagulho vai pra casa do caralho, e aí vai ficar feio de várias e várias formas possíveis. Felizmente o Michael Jackson morreu antes de começar pra ele: O parâmetro é a Madonna.

Mas, como sempre, é preciso sofrer para aprender, então daqui umas décadas, quando já não houver mais condição nenhuma de levar as coisas para frente, o que teremos é um bando de vovós e vovôs chorando o leite derramado pelo Parkinson e o fim de sua banda favorita. Pode esperar: Em trinta anos essa visão que se tem dos idosos como gente de mais experiência, conhecimento e sabedoria vai acabar cruelmente, já que as pessoas vão se dar conta de que também ficam velhas, e seus ídolos vão com elas.

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