O Marido do Doutor Pompeu: Crônica a Crônica

Livros quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Em 1987, quase trinta anos atrás, saía O Marido do Doutor Pompeu, um dos muitos e muitos livros de quem provavelmente é o mais famoso cronista que este país já teve: Luís Fernando Veríssimo. Os temas são, claro, variados, mas ao mesmo tempo os mesmos que o autor gosta tanto de tocar, entre eles o relacionamento entre homens e mulheres, as frescuras de uma sociedade que quer status, e claro, o futebol. Querem uma frase extremamente babaca? Quase trinta anos depois do lançamento, o livro ainda continua atual.

Não vou copiar texto nenhum aqui, até porque é fácil fácil achar a coisa toda na internet (E, talvez, quem sabe, você possa comprar mesmo o livro). Não, vou por partes: Falar um pouco sobre cada crônica e como ela se relaciona com os dias atuais… É, este texto todo vai ser muito mala, pode pular fora desde já se quiser. E também não vou explicar as crônicas, porque afinal de contas, se você está aqui você sabe ler… Te vira.

O único animal

Este aí é o típico texto mala, mas que começa muito bem o livro… Pra mim seria prólogo, mas fazer o que?

O brinco

Eu não entendi porra nenhuma. E talvez seja pra ser assim.

Caixinhas

Aqui a coisa começa a ficar bão: Assassinato misturado com estudo clínico da sociedade. É o tipo de dedicação que tanto faz falta nesses crimes que assaltam a TV aberta: Estupro, tiroteio, sequestro, isso tudo é muito básico. Falta engajamento homicida pra esse bando de delinquente.

Redecoração

Uns anos atrás eu, bom vagabundo que sempre fui, dedicava parte relativamente grande do meu tempo à assistir aqueles vários e vários programas de reforma, decoração, competições, design de interiores e toda essa porcariada, e esta crônica é bem simples: Essa gente toda não bate bem da caixola.

Excursão

Se você já teve o desprazer de fazer uma excursão sabe que o troço todo é parte de um sistema opressor patriarcal: Microfones altos demais, gente falando alto de mais, tias de canga de praia e o marido pamonha. Se você se aventurar pra qualquer lugar no Brasil já é um inferno, nas gringas então é pra pagar pecado que teu vizinho cometeu e você ouviu pela parede.

Literárias

Essa é pra quem curte sacanear essa galera que faz Letras ou Estudos Sociais. Tem que saber um pouquinho sobre literatura ah vá quem ainda fala “ah vá”? e o bom e velho fuxico… Se bem que essa gente toda já morreu faz tempo e nem é mais novidade.

Convenções

Outra das grandes desse livro. É interessante como a sociedade muda mas o ser humano não: Estamos caminhando para certas formas de liberdade social, principalmente no que se diz respeito à sexo, gênero e relacionamentos, mas ao mesmo tempo o ser humano continua na mesma. É interessante como o decoro vem antes de tanta coisa.

E la nave va

Em uma palavra: Resignação. Em mais de uma, taí uma boa descrição do que é uma mistura de síndrome de Estolcomo, lealdade e costume. Em 1987, o Brasil estava em crise e, uns anos depois, o Real “resolveu” a coisa…

O caso Ló

Já há muito tempo precisa de um saco do tamanho do mundo pra ser católico. Pensa só: Nem a galera que você já mandou matar, esquartejar, queimar, enforcar ou todas as anteriores de respeita mais… Só que o Veríssimo tava nessa já na década de 80, só pra mandar aquele chuuuuuuuuuuuuuuuupa pra galera do Feissebuque.

As três irmãs de Vgs

Não posso deixar de ver certa dor de cotovelo aqui, mas deixando isto de lado temos o fato de que a ficção científica, o romance policial e tantos e tantos outros gêneros da fantasia estão um saco de ler. O mais incrível é que eu consigo ver esta crônica adaptada pro cinema de forma “séria”, como se fosse a história mais foda do mundo.

Serena

Falando em adaptação, que história foda pra uma adaptação qualquer esta aqui: Até pra filme de terror japonês funcionaria… Só não pode ser no cinema nacional, porque aí teria a Ingrid Guimarães dizendo o quão é importante que os adultos da família protejam as crianças, e como o próprio cinema nacional nos ensinou criança cresce melhor quando vive numa sociedade quebrada mas não usa drogas. Drogas são pros manés.

O marido do dr. Pompeu

Eis o título do livro: Na crônica o dr. Pompeu é divorciado e vira dona de casa… Repararam como esse tipo de coisa sumiu da mídia? Uns oito ou nove anos atrás o que se falava é que os homens estavam assumindo papéis “femininos” dentro de casa e deixando a mulher ser a provedora do lar. Hoje, isto não existe. Quer dizer, claro que o ato em si acontece, e muito mais que já aconteceu, só não é assunto… Se tornou normal? Duvido.

O outro

Esse aqui é incrível: Felicidade vs Sucesso… O tipo de coisa que te faz pensar. E se eu estou falando isso é porque a felicidade não é a escolha óbvia como seria se você tivesse nove anos e achasse o mundo lindo.

Terrores

Outro que merecia uma adaptação, principalmente quando o assunto é o hoje tão popular “enfrentar seus medos”, só que sem espadas, batalhas épicas ou alucinações psicodélicas, mas de forma muito política, limpa e organizada, com um toque de Charles Dickens no final.

Atuações

Pleno 1987 e essa porcaria acertou a Copa de 1998, de 2006, 2010 e 2014… Talvez porque 1986 foi o que foi.

Falando sério

Pra você que nasceu mês passado e acha que o mundo começou tipo uns 15 minutos antes, taí a década de 80 e a reforma agrária explicada do jeito que sempre foi e, ao menos por enquanto, ainda é: Só é legal na teoria.

Elizabethanos

Brasil: 1987. Brasil: 2015. Ainda ligando pro que caralhos a monarquia duma ilha à quase nove mil quilômetros de distância faz ou deixa de fazer.

Pós-guerras

Como bem já dizia um amigo meu, “expectativa só gera decepção”. É verdade que a sociedade mudou, a política mudou, a economia mudou e o pão que você comprava também mudou, mas saunas ainda existem… E tem gente que jura que a Margareth Thatcher é brasileira e que o Menudo vai voltar à ativa feito o Backstreet Boys.

São Jorge

O Orkut, se vivo, estaria feliz da vida: O santo, o desgarrado e o satanista. A melhor parte dessa história é a mãe, que cria os três de forma igual, vê cada um ir prum lado, e acha toda merda feita uma realização ímpar.

O assalto

Com a que provavelmente é a melhor frase final do livro todo, esta crônica só confirma o que todos nós, pessoas de bem, já sabemos: O Rio é terra de meliante e gaúcho é tudo dado.

Bom mesmo

O resumo da vida de um homem, desde a tenra infância até a velhice, passando por cada incrível fase desta coisa aterradora que é o relacionamento com o sexo oposto e a estupidez inerente à incapacidade masculina de ignorar um rabo de saia. Nem que seja pra falar mal da tal saia.

A situação

Se você já teve a infelicidade de acordar cedo e ligar a TV sabe que esta é tomada por esses programas fajutos de bem estar, culinária e vídeos fofos de animais: Se eu ligasse a TV amanhã de manhã e visse a cena descrita aqui acharia completamente normal.

Os Quarenta

Não sei se estou confundindo as bolas, mas já algo do tipo em outro lugar qualquer: Ostentação pura, e facilmente identificável, que apenas não é descrita com tal palavra… Não dá pra acertar tudo.

Influência

Outra que precisa de algum conhecimento literário… É verdade que o sertanejo universitário perdeu um pouco de força em relação uns anos atrás, mas os nomes das duplas continuam péssimos.

Mentira

Uma que exemplifica bem o que é a obra do Luís Fernando Veríssimo: Tudo é perdoável, contanto que dito do jeito certo, e num mundo que dizer qualquer coisa tá ficando difícil, eis uma lição que, em breve, vai custar bem caro, precisará de ensino fundamental completo e o valor da matrícula adiantado.

Do diário sentimental de Rambo

Rambo é legal pra caralho, mas zoar os Estados Unidos continua sendo divertido, mesmo trinta anos depois. Porém não tenho certeza que esta crônica seria publicada nos dias atuais, tem violência e misoginia demais pra tão pouca homofobia.

Mike Maguí

É interessante como valoriza-se mais o homem menos másculo (Ou menos “macho”) atualmente, mas ao mesmo tempo os exemplares deste costumam ser mais cobrados. Com isso eu quero dizer que estar entre a cruz e a espada costuma terminar do pior jeito possível, e esse jeito normalmente envolve deixar o macho com seus sentimentos em frangalhos.

Noites do Bogart

Não sei porque, mas sempre que leio “Bogart” penso num trocadilho qualquer que envolva “ânus” [Nota do editor: Talvez porque “boga” é gíria pra ânus]. Seja como for, esta provavelmente é a crônica mais legal aqui, e também a mais completa: É o tipo de merda que apenas adultos fazem… Ou adolescentes mais pra lá que pra cá. É o tipo de coisa que deixa crianças completamente confusas sobre como a vida funciona pra “gente grande”. E no fim das contas nada faz sentido nenhum mesmo.

No canto

Naquela época em que a Disney era sinônimo de capitalismo já vivia a galera do contra, mas tal qual aos bandidos atuais, também falta pra galera engajada na política o que os desta crônica tem de sobre: Dedicação.

A comadre

Não sei se você já teve a felicidade de ir passar um dias numa casa alugada na praia com a família ou os amigos, mas se teve sabe que é apenas uma questão de tempo até alguma coisa dar errado. E normalmente esse tipo de coisa não tem conserto… Mas nada que impeça de repetir o programa ano que vem.

Classificados

De novo a tal da dedicação… E uma excelente ideia prum trote… Se bem que a pirralhada hoje nem faz mais esse tipo de coisa.

Queijos e vinhos

Outra das grandes deste livro, que inclusive deve ter o título mais bem utilizado do livro todo.

A espada



Crise

O Curioso Caso de Benjamin Button… 22 anos antes.

Isabel

Em tempos de Game of Thrones, nada mais justo… A beleza que apenas o ridículo pode ter. E estou falando sério.

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