Música é irrelevante

Música segunda-feira, 08 de dezembro de 2014

Não sei pra vocês, mas pra mim é um tanto comum botar música como plano de fundo para outras coisas: Jogar no computador, ler uma ou outra coisa, ou simplesmente quando estou fazendo algo que não requer total e completa atenção, me possibilitando ouvir a música sem perder desempenho no que quer que seja. O outro lado da questão é um tanto óbvio: Ouvir música requer atenção específica para isso. Mas e aí?

Música é uma quase-unanimidade: É extremamente difícil achar alguém que não goste de absolutamente nada na música, mesmo que essas pessoas existam. Ainda assim, mesmo que você seja surdo, ouvir música (Mesmo que “indiretamente”) é uma realidade, quer você queira quer não: Na rua, em lojas, no ônibus, em sessões públicas e em praticamente qualquer outro lugar que você vá haverá alguma música tocando. O fato de a maioria das vezes ser alguma porcaria é mero detalhe.

A conclusão é um tanto óbvia: O jeito que se escuta música varia não só do momento e do local, mas do que você quer ouvir e do que fará enquanto isso. Porque ainda que você sente na sua cadeira favorita, de frente para o seu gramofone vintage, e toque a mais nova conversão pra LP do mais novo single mp3 independente do Humberto Gessinger, você estará fazendo alguma coisa, mesmo que essa coisas seja fazer nada. A questão é que a audição é um dos sentidos, e a menos que você o perca totalmente, o que é bem raro na verdade, você sempre a usará concomitantemente aos outros, e consequentemente fará mais de uma coisa ao mesmo tempo: É simplesmente impossível ouvir música.

E isso nos leva ao meu questionamento aqui: Será que o único “uso” da música é por entretenimento?

https://www.youtube.com/watch?v=X3vsB-f0HyYAgora você sabe a origem disso.

Claro que se você está imóvel, de olhos fechados, com a respiração lenta, sem tocar em nada e nem comendo alguma coisa, só ouvindo aquela maravilhosíssima adaptação do tema do Fantasma da Ópera para uma bossa nova com ritmo de maxixe é mais difícil, mas cedo ou tarde você vai fazer alguma outra coisa enquanto ouve música: Sim, eu sei que são momentos em que você vai se dedicar “unicamente” a ouvir música, mas seja a música pela música seja como barulho de fundo, você não ouve música para saber quantos morreram ontem na faixa de Gaza, não ouve música pra sanar a sua fome, nem para entrar em forma… Para extravasar seus sentimentos e emoções?

Lembra de quando a gente ainda não conhecia a Claudia Leitte o suficiente?

Tá, mas você também pode usar outras coisas para isso: Pintar, escrever, praticar esportes… Não que invalide o outro, mas se não é uma função única, há uma desvalorização da “ferramenta” como um todo, ainda que não da experiência. E ainda assim, ouvir uma música não é a primeira coisa que você faz ao ter que lidar com algum problema ou dificuldade emocional ou sentimental… Pode até ser, mas sejamos sinceros, o primeiro passo é de você com você mesmo, e este normalmente é o silêncio. Ausência de som.

Ouvir música para enriquecimento de cultura e conhecimento? Nunca vi isso acontecer. Músicas obviamente podem “mandar mensagens”, expor ideologias e ideias, posicionamentos de seus autores e intérpretes, mas não é um meio de comunicação de informação, ao menos não no sentido acadêmico. Até porque uma das coisas que mais se faz com músicas é ignorar informações, sentido e lógica como um todo à favor da métrica e da estética, muitas vezes nem mesmo da música em si, mas do clipe ou do resto de um álbum, o que é ainda pior. E, por consequência, se você leva algo de uma música como um argumento, como uma verdade ou ainda como um exemplo, você é uma daquelas pessoas que, ao se deparar com algo que considera o correto, fica cego para o resto: Levar uma música como uma cartilha te faz um extremista, e além de ser burro você não é o público do Bacon… E tem a questão de que uma música, diferente de algumas outras coisas (Ainda que não obrigatoriamente), é apenas um reflexo de uma (Ou mais pessoas), o que significa que ela passa pelo filtro de quem a fez (Pra não falar, em partes, de gravadoras, empresários e tanta outra gente) e pelo seu próprio. O que você tira de uma música não é nunca o que quem a fez e/ou quem a executou quis dizer, mesmo que seja bem próximo.

O problema é que a música não tem função nenhuma, e a única que tem, a de ser um suporte de algo que você tira por conta própria (Ainda que não consiga articulá-la e/ou lidar com ela), pode ser feita por outras coisas, muitas vezes de forma mais eficiente e melhor. E, a melhor parte disso, é que muitas dessas coisas usarão música como plano de fundo também. E insisto no papel do “plano de fundo” porque a música não é um elemento necessário. Pode ajudar? Claro, principalmente no que toca na parte mecânica, dando ritmo e ajudando na imersão, mas não é obrigatório. Em outras palavras, a música é um coadjuvante legal, mas que não consegue levar um programa próprio.

Enfim, sei lá a última vez que fiz isso (E nem espero que dê certo), mas não vou oferecer conclusão ou “solução” nenhuma: Vou jogar assim mesmo e foda-se.

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