Moirai

Games quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Um belo dia o Pizurk chegou no chat do Bacon e largou um link lá. “Você deveria ir ir neste mesmo link imediatamente, e só voltar aqui depois.”

Pizurk: Eu não falei exatamente isso. E sim, esse vai ser um texto em dupla, se fode ae.

É um dia comum na sua vila e aí te contam: Uma mulher sumiu. Você rapidamente descobre que o resto da família teve destinos piores e que os moradores estão assustados, então você tem uma missão: Ir investigar. Entre uma ovelha e outra, você finalmente se depara com a caverna, onde, na entrada, um lenhador te dá outra notícia: Barulhos estranhos têm sido ouvidos lá dentro, e outra pessoa já entrou para tentar descobrir o que está acontecendo; agora é a sua vez.

Dentro da caverna você tem vários túneis, cada um levando à uma parte diferente da mesma e à mais um vislumbre dos recentes acontecimentos lá dentro. E esses acontecimentos não parecem nada bons. À sua disposição você tem uma velha lanterna e uma faca, e quando o momento chegar, você deve fazer suas escolhas: Você vai salvar ou condenar?

Moirai é um jogo. Um jogo indie, pixelado e simplista, de três anos de idade. E você definitivamente tem que jogá-lo antes de ler isto aqui. Este é o último aviso.

Pizurk: Eu sei que os gráficos não parecem nada animadores, mas acredite: A jogabilidade é ainda pior. Mas esse não é o foco do jogo, de qualquer forma. Mais do que um jogo, Moirai é um experimento social. E como sempre, a humanidade vai mal. Vai mal pra caralho.

Eu e o Pizurk jogamos, e nós tomamos caminhos diferentes. Primeiro eu pensei que Moirai fosse uma trollagem safada, depois pensei que era um tipo de spin off de Minecraft com terror no meio, e enquanto eu andava pela caverna, túnel após túnel, eu jurava que tava jogando Doom e que, cedo ou tarde, um jump scare me mataria, tanto no jogo quanto do coração. Mas não, pode ficar tranquilo. As ovelhas são ovelhas mesmo, nenhum morador da vila é um vampiro, sua lanterna não apaga do nada e sequer há combate neste jogo.

Eu escolhi, contra todas as indicações, deixar o fazendeiro ir. Isso aí, eu deixei ele viver, mesmo após ele ter “fucked your mom” e estar “catching pokemons” dentro da caverna. Eu sou mais bondoso no videogame que na vida real, vejam só vocês. E porra, eu deixei o cara ir, cheguei lá no fundo, falei com a mulher e ao invés dela me agradecer ela cuspiu sangue em mim. Que piranha. E eu tentei avisar o cara depois de mim. Eu não me toquei que as respostas para as minhas perguntas tinham sido escritas do mesmo modo que as respostas que eu recebi (Só as achei meio fora de lugar, mas de novo, e se esse fosse o jogo mesmo?), então eu avisei o próximo jogar do que tava acontecendo: Tinha uma mulher machucada precisando de ajuda, um fazendeiro me deu a faca, o sangue em mim era porque a mulher cuspiu em mim. E o filho da puta me matou. Ou, mais precisamente, Maizy me matou após eu deixar Stinkmeaner ir livre. E o pior disso é que ele provavelmente matou o fazendeiro antes dele e a mulher também.

Pizurk: Ao contrário do Higgor, eu não pensei muito. Sou jogador já calejado, se tá no jogo é pra ser jogado. Passei manteiga no fazendeiro, passei a faca na mulher, deitei todo mundo que foi possível. Eu tentei interagir com tudo no jogo, e é bem limitado, não dá pra fazer muita coisa, e até pra andar e falar é complexo, mas o que importa é que dá pra matar gentes [Bichos não]. Infelizmente são só os dois supracitados que dá pra matar. Cê vê por ae que não importa o jogo, ou a mídia, o que importa é a psicopatia. Mas o que é relevante nesse caso é que, segundo o e-mail que eu recebi, ao sair da caverna eu fui abordado por Cunty McCunt, que quando me perguntou o que eu tinha feito, recebeu uma sinceridade na cara: Matei a mulher. Depois ele perguntou o motivo de ter sangue na minha roupa. Eu repeti: Eu matei uma mulher. Esses caras não tem noção do ato ou efeito [Só os antigos vão entender essa] de se matar uma pessoa? Sangue voa, vísceras são perfuradas, ossos se quebram. É um mundinho muito fechado que essa galera vive. Acham que matar pessoas não tem consequências ou dificuldades. Saiam do videog- Eita caralho, o McCunt me matou. Mas eu matei o fazendeiro que eu encontrei, o tal do Austin, então acho que empatou. E não, eu não faço ideia do que o Austin me falou. NPCs não são import… Eta, não era um NPC, né. Acho que o diálogo vai ficar perdido pra sempre [A menos que você tenha salvo o e-mail, Austin, seja lá onde você estiver].

Mas então você, transão fodeludo, resolveu ignorar o primeiro link do texto e ler o treco todo antes né? Bem, se fodeu, porque a graça do jogo é se dar conta do que cê fez e que seu futuro depende, como já diria Jesus, do próximo. Moirai obviamente não é um grande exemplo de jogabilidade, gráficos e nem nada que vive sendo discutido em review de jogo, mas é uma mecânica, até onde sei, completamente única. Não creio que seria algo prático e útil de ser utilizado, da mesma forma ou adaptada, num outro jogo, mas à bem da verdade nenhum de nós precisou ser convencido que o ser humano é um pau no cu mesmo né? É claro que eu joguei mais vezes, aí sim matando geral, mas é a primeira que conta e eu me fodi.

Pizurk: Eu só joguei uma vez, já que foi o suficiente pra saber que ser humano é coisa ruim. E como já dizia o sábio Cumpadi Washington, pau que nasce torto nunca se endireita. Menina que requebra, mãe, pega na cabeça. Olha Domingo, ela não vai, vai vai, Domingo, ela não vai, não, vai vai vai. E, se depender do que a gente viu nesse jogo, a humanidade tá condenada. Mas ficar achando que um simples jogo vai gerar um tratado de sociologia é esperar demais de uns poucos pixels.

Ou não.

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