Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo)

Cinema terça-feira, 31 de janeiro de 2012

 Harriet Vanger desapareceu há 36 anos, sem deixar pistas, em uma ilha no norte da Suécia. O local é de propriedade exclusiva da família Vanger, que o torna inacessível para a grande maioria das pessoas. A polícia jamais conseguiu descobrir o que aconteceu com a jovem, que tinha 16 anos na época do sumiço. Mesmo após tanto tempo, seu tio Henrik Vanger ainda está à sua procura e decide contratar Mikael Blomkvist, um jornalista investigativo que trabalha na revista Millennium. Blomkvist, que não está em um bom momento por enfrentar um processo por calúnia e difamação, resolve aceitar a proposta e começa a trabalhar no caso. Para isso, ele vai contar com a ajuda de Lisbeth Salander, uma investigadora particular incontrolável e anti social.

A primeira coisa que me passou pela cabeça quando eu ouvi falar desse filme foi um Por que diabos o David Fincher tá fazendo um remake? E de um filme de 2009??? E a dúvida só cresceu com os trailers duvidosos que vieram a seguir, anunciando o que parecia ser apenas mais um suspense meia boca. Mas um cara que nos trouxe o Clube da Luta tem créditos pra vida toda, então, pelo menos a ida ao cinema o filme tinha que valer.

Só lembrando que eu não vi o filme original nem li o livro que deu origem a ambos, então foda-se a qualidade da adaptação e tudo o mais.

Bom, a coisa já começa com uns créditos iniciais muito loucos onde não dá pra entender nada, e que apesar de eu não saber como explicar, são muito legais mesmo. Confiem em mim, dá pra ficar horas olhando pra aquilo. Sem contar que, se prestarmos bem atenção, no final dá pra perceber que os principais elementos da história estavam todos concentrados ali, de uma forma um tanto quanto surreal. Mas passada a breve viagem inicial, a história em si começa. O jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) tá sendo processado por difamação por um milionário sobre o qual ele escreveu um artigo acusatório sem provas. Falido, ele é convencido por Henrik Vanger (Christopher Plummer) a investigar a morte da sobrinha, que ele acredita ter sido assassinada por um membro da sua própria família, em 1966. Quando Mikael começa a suspeitar de algo, ele contrata uma investigadora profissional pra ajudar na parada. E a escolhida acaba sendo Lisbeth Salander (Rooney Mara), que tinha investigado o passado do jornalista para o mesmo Henrik.

A primeira parte do filme se concentra em introduzir os dois protagonistas, inicialmente em jornadas separadas. E apesar do Daniel Craig estar surpreendentemente competente (Talvez por eu ter achado a escolha dele como James Bond tão… Errada), a jornada da Lisbeth é muito mais interessante. Sem contar que mesmo com toda essa tentativa de caracterizá-la como uma garota problemática à margem da sociedade, a Rooney continua MARAvilhosa.

 Desculpem, não deu pra resistir.

Mas com essa divisão o diretor já aproveita pra sutilmente expor as diferenças entre os personagens. Mikael, sempre cercado de pessoas, se vê quase sempre em ambientes de cores quentes, aconchegantes (Ao menos até ele chegar a ilha dos Vanger). Já Lisbeth, ao contrário, habita lugares azulados, frios, no sentido emocional da coisa. Mas chega desse papo de cores. O equilíbrio chega quando os dois finalmente se unem na investigação. E embora os momentos mais impactantes permaneçam sendo os da jornada pessoal de Lisbeth, é aí que o filme realmente começa a engrenar. O suspense vai aumentando gradativamente na gélida costa sueca, clima maximizado pela grande trilha sonora composta pelo Trent Reznor (Melhor até do que a vencedora do Oscar pelo superestimado A Rede Social), que incorpora os sons ambientes à música.

A investigação vai avançando, tudo parece que vai culminar em uma grande conspiração e… É aí que o filme acaba se perdendo um pouco. Porra, o foco todo era na família Vanger, e a maioria deles mal participa da coisa toda. Desde as declarações de Henrik, os desdobramentos e descobertas sobre Harriet, as ameaças sofridas por Mikael, tudo indicava uma conclusão surpreendente. E o que se seguiu foi um desfecho previsível demais, pelo menos em relação aos vilões da parada. Mas é um erro menor. Pena que depois da resolução do caso temos ainda vários minutos de uma conclusão pra aquele processo de difamação lá do início, totalmente desnecessária, na minha opinião. Mas isso deve ser um problema do livro também. E pelo menos serviu pra desenvolver melhor a personagem de Lisbeth.

Mesmo assim, o filme se segura bem por boa parte das quase 3 horas, com um clima bastante sombrio, parecido com o Seven, outro filme do Fincher. Aliás, são justamente as boas escolhas do diretor que conseguem maximizar as qualidades do filme. Tanto nas coisas menores, como a representação constante do apego de Lisbeth pelo novo e o desprezo pelo velho (Na cena da biblioteca, por exemplo), que se expande pra trama como um todo, até a aproximação ou afastamento de Mikael com ela, através da sua relação com o cigarro. E principalmente, nas cenas mais fortes, onde o diretor consegue o equilibrio, nunca protegendo o espectador, mas nem se tornando apelativo, sempre a serviço da história.

Mesmo com alguns escorregões, o filme tinha qualidade suficiente pra ficar entre os 10 indicados aos Oscar fácil, fácil. Mas, como isso não aconteceu, esperemos que os outros dois filmes da trilogia (Se chegarem a ser produzidos), mantenham a qualidade e consertem mais um erro da Academia.

Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

The Girl with the Dragon Tattoo (158 minutos – Suspense)
Lançamento: Estados Unidos, 2011
Direção: David Fincher
Roteiro: Steven Zaillian, baseado na obra de Stieg Larsson
Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Robin Wright

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