Linguagens Diferentes

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 12 de maio de 2008

Antes de tudo, não estou falando de idiomas estrangeiros. Isso se a pessoa for esforçada, é uma barreira que é facilmente quebrada, é só questão de estudar para entender o conteúdo de uma maneira satisfatória. O que irei falar aqui hoje são aqueles livros que, não contentes com as palavras e gírias já existentes, acabam criando outras mais para ajudar na tarefa de contar a história. Ou não, as vezes é só pra dar um toque diferente a obra, dependendo do estilo.
Um dos livros que realmente me deu um nó no cérebro nas primeiras páginas, sendo necessária fazer uma visita praticamente a cada parágrafo ao glossário no final, é o Laranja Mecânica. Chamada de Nadsat, ela foi criada pelo autor do livro, Anthony Burgess, que misturou algumas palavras russas e inglesas, criando um dialeto que em certas partes pode ser confuso. Mas sem isso, o andamento da história poderia ser muito diferente. vamos a um exemplo:

A próxima coisa a se fazer era a ação sâmie, que era uma forma de descarregar uma parte de nosso cortador, assim pra gente ter mais um incentivo pra crastar alguma loja

Isso é uma das partes logo no inicio do livro, que como podem ver, tem 3 palavras estranhas que sem o glossário no final ficariam sem sentido algum. Sâmie é generoso, uma das únicas palavras que encontrei sentido, pois as outras não apareciam em minha cópia do livro – mas com a leitura avançando, elas foram tendo um significado.
Outro que me lembro que tem algumas palavras diferentes, que realmente chamam a atenção é 1984, de George Orwell. Nesse livro, um futuro em que tudo era governado pelo Grande irmão, onde nada era definitivo, o passado mudava o tempo inteiro para se adequar ao presente, e a linguagem era algo nada definitivo. Novilingua é com se chama esse novo idioma no livro, um idioma que se concentra em não criar novas palavras, mas condensar, juntar palavras e remover todas as dispensáveis de um vocabulário. Tudo isso era para que as idéias fossem dadas da maneira mais simples possível, um idioma definitivo, para que as pessoas não pudessem raciocinar com liberdade. Algumas das palavras citadas são muito interessantes, como as abaixo, copiadas na cara dura da Wikipédia:

* Duplipensar – Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos, saber que está errado e se convencer que está certo. “Inconsciência é ortodoxia”.
* Crimidéia – Crime ideológico, pensamentos ilegais
* Impessoa – Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos

São citadas muitas outras, mas como meu volume desse livro está perdido em algum lugar, não tenho como pesquisar outros mais no momento.
Mas isso não é exclusividade de livros estrangeiros. Livros brasileiros também tem suas gírias e idiomas próprios. A maioria não passa de linguagens cifradas, como a usada em A droga da Obediência, de Pedro Bandeira, mas isso não quer dizer que eu a deixe de lado, certo?

A = ais
E = enter
I = inis
O = omber
U = ufter

Nada muito complexo hoje, mas quando eu era mais novo isso foi algo que me incomodou por alguns bons dias. Até que resolvi continuar e chegar ao final o mais rápido possivel.
Pra finalizar, vamos as palavras que citei no titulo:

MINGO DUPAL

dupal: cara muito incrível
mingo: cara realmente muito incrível
Duas palavras, que realmente dizem mais do que parece. São citadas em O Guia do Mochileiro das Galáxias, em uma frase muito louca, que não citarei aqui. Leia o livro que você ganha mais. Já devem ter percebido que, pelo tanto que cito esse livro aqui, ele deve ser algo muito bom, mas isso falarei em outra oportunidade muito próxima…

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