Homem-Formiga (Ant-Man)

Cinema quinta-feira, 16 de julho de 2015

 A nova aventura de ação do Universo Cinemático Marvel traz o mestre dos ladrões Scott Lang como o Homem-Formiga dos dias atuais. Depois que o dr. Hank Pym deu a ele a incrível habilidade de encolher em tamanho, mas aumentar em força, Lang tem que aceitar seu herói interior e ajudar Pym a proteger o segredo por trás do espetacular traje do Homem-Formiga de uma nova geração de enormes ameaças. Enfrentando obstáculos que parecem insuperáveis, Pym e Lang precisam planejar e levar a cabo um roubo que salvará o mundo.

Eu imagino que você, querido leitor, esteja imaginando que esse texto será uma rasgação de seda desgraçada em relação ao filme. E você está certo, caro leitor. Com ou sem hype, o filme é bom, muito bom. Mesmo o Homem-Formiga sendo um bucha do caralho nas HQs. A questão aqui é que, bem… Nós não estamos tratando das HQs, e o Homem-Formiga do Universo Cinemático Marvel é maneiro. Maneiro no nível Tony Stark do Robert Downey Jr., mas sem o berço de ouro.

Adendo: Espero que ninguém confunda “maneiro no nível Tony Stark” com “maneiro no nível Homem de Ferro“. Uma coisa é você ter carisma e etc, outra é você voar dentro de uma armadura caralhuda que solta raios laser pelos olhos e fogo pelas mãos, e disso o Homem-Formiga não chega nem perto. E apesar do Tony Pinga do Downey Jr. ser carismático só por causa do Downey Jr., no caso do “Scott Lang” não é culpa do Paul Rudd [Ou talvez seja, ele deu pitaco no roteiro], mas é uma questão do personagem ser um pouco mais elaborado. Mas eu acho que estou me adiantando, pra variar.

EFEITOS VISUAIS / SONOROS

Eu acho que não dá pra reclamar disso nos filmes da Marvel desde que eles começaram com essa papagaiada de Universo Cinemático, certo? Os filmes do estúdio da Marvel, pelo menos, são sempre forrados de dinheiro pra produção do chão até o teto, então efeitos visuais e sonoros acabam sendo sempre um negócio mágico, que não deixa nem dúvida sobre a verossimilhança daquilo. Claro que são coisas que não fazem sentido no mundo real, mas porra, cê tá no cinema vendo um filme sobre um adulto que aperta um botão e fica do tamanho de uma formiga, além de controlar formigas com a força da sua mente. Está bem claro pra todo mundo que isso não existe no mundo real. Eu espero.

 Esse embaçado na lente é poeira. Te juro.

ENREDO

Aqui temos um fator interessante, que pra mim é o fator funtamental da diferença entre esse e os outros filmes de herói da Marvel até agora: Scott Lang é o primeiro herói que faz isso porque tem uma escolha. Claro, é uma escolha bem óbvia, mas não deixa de ser uma escolha. O Homem de Ferro foi criado inicialmente pra não morrer numa caverna no Afeganistão, o Capitão América era um frango que queria ajudar seu país da forma que desse e acabou virando marombeiro, Viúva Negra teve educação pra ser uma assassina, Hulk fez bosta, Thor nasceu em Asgard. Ah, tem o Gavião Arqueiro também, mas ele não tem poderes, então nem conta.

“Ain, mas o Scott ia pra cadeia se não ajudasse”, como se ele já não tivesse esperando isso. Ele pegou um trabalho que achou que valeria a pena voltar pra jaula, se fosse o caso, tanto é que ele nem tinha esperança de se safar quando foi abordado pela proposta do Hank Pym. E, no fim das contas, é tudo por conta da filha dele, que é a melhor personagem infantil de todos os tempos.

PERSONAGENS

Pois bem, mesmo tendo falado pra caralho do Scott Lang do Paul Rudd, vamos deixar bem claro: O filme foca no fato de que Lang não é perfeito, e talvez por isso haja mais identificação. Ou pode ser pelo fato disso ter aproximado o Homem-Formiga do fodido do Homem-Aranha, que eu imagino que vai ser feito direito quando tiver na mão da Marvel. Mas devaneios a parte, podemos dizer que a Marvel testou a água pra figura do anti-herói, já que Lang começa o filme na cadeia e lá está por ter roubado um milhonário, e mesmo com esse esquema meio Robin Hood, ele acaba fazendo a coisa certa. Ou seja, não mudou muito da base, que é a HQ.

 “Foi daqui que pediram um herói meio-homem-meio-formiga?”

Já o dr. Hank Pym no filme se afasta um tanto da origem do personagem, que era pra ser um dos gênios mais geniosos geniais da Terra, além de um herói em tempo integral que já foi Homem-Formiga, Gigante, Golias e Jaqueta Amarela, que virou codinome de vilão no filme. Mas o maior problema não é retirar três quartos dos codinomes do cabra, isso não dá nada; o que mudou mesmo foi a personalidade do dito cujo, já que o Hank Pym das HQs é arrogante, bate em mulher, faz altas cagadas [Se bem que eu não sei se botaram a culpa em algum skrull por tudo isso]. O Hank Pym do filme é inteligentão, mas não dá pinta de gênio, playboy, milionário e filantropo igual certas pessoas; e principalmente tem uma personalidade bem mais contida, sendo inclusive responsável pelo momento “ame sua família do filme”. Podia botar qualquer tiozão no lugar do Michael Douglas que ia ficar bacana igual.

Darren Cross, na HQ é um vilão secundário que Scott Lang enfrenta uma vez. No filme, virou o pupilo de Hank Pym que é malvadão e mentalmente instável. Como sempre, o cara que quer lucrar acima de tudo é o vilão [Não que não seja verdade] e quer vender a tecnologia foderosa pros milicos [No mundo real isso acontece porque eles pagam melhor]. Pelo menos, dessa vez, teve um motivo pro vilão usar a tecnologia de ponta e partir pra porrada: Questão de sobrevivência, não porque ele tinha um ódio mortal do herói. Ponto pro Corey Stoll [Não é responsabilidade do ator, eu sei].

Filha do Pym e executiva da empresa de papai, Hope van Dyne é a amargura do filme até quase o final. Ela não confia no pai, não confia no Scott, não confia em nada nem ninguém. Basicamente ela é a representação de uma pessoa do Twitter. Mas ao contrário do povo dessa rede social, ela tem uma desculpa pra ser pau no cu: Perdeu a mãe ainda pequena, e o pai não deu moral pra ela desde então.

A ex-mulher e o atual dela, que nem faz tanta diferença assim saber o nome, são dois pau no cu que aparentemente só querem saber da grana que o Scott pode fornecer, e não da atenção que ele poderia dar pra filha, que é a criança mais legal que eu vejo no cinema em muito tempo. Sério, dá vontade de apertar a Cassie e não largar mais, de tão bacana que ela é [Não sendo uma criança mala padrão].

 Vai pensando que ela é só bonitinha.

No que poderia ser considerado o núcleo cômico de uma novela, os companheiros de “trabalho” de Scott são uma espécie de estereótipo ambulante: Luis é o típico chicano, falastrão até demais e cheio das conexões. Kurt tem cara de ser do leste europeu e manja de computadores, mas não tem o menor traquejo social. E T.I. é o mano afro-descendente que tem uns estalos pra resolver os problemas, ou se safar deles. Mas não pense que eles tão só fazendo graça como figurantes engraçados, eles realmente tem uma participação no desenrolar da história.

Por fim, temos uma participação não tão especial do sr. Anthony Mackie como Falcão, em que ele na verdade toma uns sopapos. Ah, os contratos pra vários filmes…

EASTER-EGGS

Como não poderia deixar de ser, as referências sobram. Inclusive o Stan Lee aparece quando cê já nem pensa mais nele. Mas o que interessa pra vocês é só cena pós-crédito, então se prepara que esse filme tem não uma, mas DUAS cenas pós-créditos. Ou uma pós-crédito e outra no meio dos créditos, você escolhe. E não, eu não vou falar quem aparece, já que mimimi sobre spoiler é um negócio que eu não quero mais ter de ler.

EXPECTATIVA BLOCKBUSTERIANA PÓS HOMEM-FORMIGA

Olha, depois de Homem-Formiga, Vingadores 2 parece tão “mais do mesmo” que eu sinto uma certa vergonha de ter ficado tão empolgado com a coisa toda. Ou talvez os filmes da Marvel realmente estejam se baseando muito em mais do mesmo e acabem se tornando um negócio que não é tão memorável quanto a gente achava. A concorrência não tá deixando barato não, e olha que a concorrência não é só distinta, vem de dentro de casa também. Mas o que importa é que essa fase [Segunda? Terceira? Quarta? Septuagésima oitava?] do Universo Cinemático Marvel abriu estourando a boca do balão.

Homem-Formiga

Ant-Man (117 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2015
Direção: Peyton Reed
Roteiro: Edgar Wright, Joe Cornish, Adam McKay e Paul Rudd, baseados nas HQs de Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby
Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll, Michael Peña, David Dastmalchian, Hayley Atwell, Judy Greer, Bobby Cannavale, John Slattery, Vanessa Ross, Wood Harris, Martin Donovan e David Dastmalchian

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