Guerra dos Tronos (A série): A estrada até aqui

Televisão segunda-feira, 11 de junho de 2012

Já falei dos livros de Guerra dos Tronos aqui, mas, apesar de ter usado algumas imagens do elenco da série, a adaptação da HBO não foi o foco do artigo. Mas não fiquem tristinhos, aproveitando que domingo passado foi a season finale da segunda temporada, vamos analisar o que aconteceu até agora na Westeros da telinha não da folhinha.

Aviso: Tem spoiler pra burro, não leia se você for uma bichinha você não tiver assistido às duas primeiras temporadas.

 Protagonista da bagaça.

Então, temos Westeros e Essos, os sete reinos e as cidades livres até agora. Como já deu pra reparar, os sete reinos vão sofrer com o inverno enquanto as cidades livres vão continuar sendo… Livres. Aerys Targaryen é morto pelo seu próprio comandante da Guarda Real, e Robert Baratheon sobe ao poder. Tudo na maior paz e alegria, cada família no seu próprio aconchego, aquela coisa toda, mas o frio sempre chega. Estar no poder é garantir a sobrevivência. Todo mundo tá achando que o verão vai durar pra sempre, com aquele sentimento de que é imortal e aquela coisa toda. Que tédio, vamos guerrear?

É nessa bagunça nesse contexto que a série começa. Então, vamos por núcleos:

Os cinco reis – A causa do barraco

 Joffrey Baratheon é filho de Cersei Lannister e Robert Baratheon – quer dizer, do pai é só no papel. O bastardinho é na verdade fruto do incesto entre sua mãe e seu tio, Jaime Lannister. Joffrey é alto, bonito e galante por fora, mas um verme canalha por dentro. Ele é mimado, cruel, covarde e meio louco, chegando ao cúmulo de abandonar o exército na batalha de Água Negra. Um perfeito filhinho da mamãe. A única pessoa que consegue meter medo e controlar o pirralho é – estranhamente – seu tio anão, Tyrion Lannister. O Meio-Homem tem tanto poder sobre o sobrinho que foi o único a impedir que o príncipe espancasse e desnudasse sua noiva (À época) perante toda a corte, Sansa Stark. Joffrey mostrou suas garras logo nos primeiros episódios: No caminho de volta pra Porto Real, encontrou Arya e o filho de um açougueiro lutando com pedaços de pau. Querendo bancar o fodão pra Sansa, que até o momento estava inebriada de alegria por um dia ao sol com seu príncipe dourado, Joffrey ameaçou o garoto Mycah. Nymeria apareceu pra salvar o dia e acabou com um pedacinho do real braço de vossa alteza na boca. No “julgamento”, o príncipe mentiu, dizendo que Arya havia atacado-o sem motivo. Renly Baratheon, irmão do Rei Robert, achou graça do fato de uma menininha magricela e um garoto obeso gorduchinho terem desarmado Joffrey. Apesar disso, a rainha (Como sempre, ela!) ordenou que um dos lobos precisava pagar pelo crime. Como Arya havia expulsado Nymeria, sobrou pra Lady, a loba de Sansa, pagar o pato. Claro que mesmo assim a burra da Sansa não aprendeu a lição, e perdoou o canalha assim que chegaram a Porto Real, numa cena bem melosa. Pra logo depois mandar decapitar o pai da garota e dar início da uma guerra. Enfim, de qualquer jeito, a garota Stark a quem ele estava prometido era filha de um traidor, e agora Joffrey vai ter Margaery Tyrell como esposa. Margaery, que não é nada burra, já chega na corte falando de como a coragem e inteligência do Rei Joffrey são famosas pelo reino e aquela coisinha toda. Mas, será que a menina Tyrell será tão boa rainha quanto Sansa podia ter sido?

 Stannis Baratheon é uma tia velha. Vive reclamando da falta de reconhecimento pra cima dele. Como o irmão Robert Baratheon não deixou herdeiro de verdade, o senhor de Pedra do Dragão (A antiga sede Targaryen) se auto-declarou rei. Disse ele que foi pelo dever, mas todo mundo sabe que o coitado tem necessidade de um pouquinho de admiração, já que foi deixado de lado. Ninguém ama Stannis. Ele é frio, sincero em demasia e até um pouco cruel, e não há um pingo de calor naquela alma. Nem seu povo o ama. Pra piorar mais a situação, Stannis se aliou a uma religião maluca de Asshai, uma cidade estranha e pouco admirada no outro lado do mundo. Chegou ao cúmulo de queimar o septo [Nota do editor: Tipo um templo] de sua ilha. Melisandre, a sacerdotisa vermelha, puxa o saco de seu rei até não dar mais – e talvez por isso ele dê tanto ouvidos a ela, chegando ao ponto de ter deixado-a assassinar seu irmão mais novo, Renly. Seu único amigo de verdade é Davos Seaworth, um contrabandista que salvou a vida de Stannis e seu povo ao chegar com um navio lotado de cebolas durante o cerco ao castelo durante a Guerra do Usurpador, que levou os Baratheon ao poder. A maior manobra de guerra de Stannis foi um ataque direto a Porto Real pela baía da Água Negra, que falhou miseravelmente com a chegada das tropas Lannister e Tyrell, destruindo boa parte do exército Baratheon.

 Renly Baratheon é um lindo e jovem rapazinho amado por todos. Ele se proclama Rei dos Sete Reinos mesmo tendo uma pretensão fraquíssima – afinal, ele é irmão mais novo de Stannis, logo, deveria ficar atrás na linha de sucessão. Aliado a Jardim de Cima, e senhor de Ponta Tempestade, Renly teve nas mãos um exército enorme e uma frota de guerra maior ainda. Mas os Tyrell mudaram de lado quando Renly foi assassinado por uma sombra maligna que Melisandre havia “parido”. Sua rainha Loras Margaery, uma menina ainda inocente (Só que não), jura que seu ex-esposo não consumou o casamento bom, pelo menos não com ela.

 Balon Greyjoy é lorde das Ilhas de Ferro e senhor dos Homens de Ferro. Suas terras são inférteis, meio pobres e não causam mais metade do pavor de antes. Saquear é seu nome do meio – quero dizer, era, até Eddard Stark ter cortado as asinhas dele anos atrás, quando o puto se proclamou rei de Pyke. Daquela vez, ele perdeu os dois filhos mais velhos e só sobrou Theon Greyjoy como herdeiro. Herdeiro esse que foi levado pelo Lorde Stark pra Winterfell pra assegurar o bom comportamento de Balon. Dessa vez, porém, Balon está mais ousado: Ser rei das Ilhas de ferro E do Norte. O que prova que todo Greyjoy é burrinho. Pra que se desgastar em tentativas infrutíferas de conquistar uma terra gelada quando uma aliança nortenha iria render com certeza uma coroa, pelo menos no que se diz ao território das Ilhas de Ferro? Bom, anyway, ele mandou o filho virar a casaca contra Robb Stark e confiou à Yara Greyjoy o comando de boa parte de seus dracares. Vamos ver quanto tempo dura essa revolta Greyjoy.

 Robb gostoso Stark seguiu um caminho diferente dos quatro aí em cima: Ele começou a guerra pra libertar o pai, Eddard Stark, da prisão em Porto Real. Mas o velho foi morto por ordem de Joffrey e os nortenhos, com sangue nos zóio, proclamaram Robb rei no Norte – mesmo que agora esteja mais pra Rei-que-perdeu-o-Norte. Mesmo assim, o Jovem Lobo é um estrategista brilhante e nunca perdeu uma batalha sequer. Diz-se que seu exército é composto de lobos gigantes, mas o único animal é o seu próprio lobo, Vento Cinzento. Robb foi bem criado pelo pai, e segue todos os maneirismos de honra e coragem e blá blá blá do velho. Inclusive de lá que vieram suas estratégias de batalha, o forte do garoto – pelo menos aquelas que não se travam no papel. Robb só entende de espadas batendo, arqueiros e outras coisas, mas não tem um pingo de noção de como negociar tréguas ou alianças. E quando decide quebrar uma, nem sua mãe Catelyn Stark consegue resolver. Afinal, ela mesmo não é bem certa das ideias. Enfim, o Rei no Norte acaba de quebrar a promessa de se casar com uma das mulheres Frey, preferindo Talisa, uma estrangeira deveras exótica e interessante. E se casou com ela sob a Fé dos Sete, não seguindo os deuses antigos do Norte. É, apesar de tudo, o novo lorde de Winterfell é só um rapaz. Pena que essa aliança talvez fosse uma das únicas esperanças da vitória Stark.

Stark – Coitadinhos que todos amam

 Começando com os lobos gigantes, símbolos da Casa Stark. São os personagens mais lindos, carismáticos, apertáveis e tal. Uma ninhada de seis, sendo quatro cinzas, um negro e um albino, foi achada pelos meninos Stark e por Jon Snow no primeiro episódio, enquanto voltavam da execução de um desertor da patrulha da noite. Cada pirralho Stark ganhou seu próprio lobinho, sendo os seis: Vento Cinzento, Lady, Nymeria, Verão, Cão Felpudo a tradução às vezes pisa na bola hein e Fantasma. Arya precisou abandonar Nymeria no Tridente, pois a lobinha havia mordido o Príncipe Joffrey depois de ele ter atacado o amigo de sua dona, Mycah, o filho do açougueiro. Com raiva da mordida que seu bebezão levou, a rainha Cersei Lannister ordenou a morte da loba que sobrou no grupo: Lady, a cria da Sansa. As crianças têm um elo profundo com os animais e conseguem por vezes entrar na pele dos lobos e fazer tudo através deles, principalmente Bran, que é paraplégico.

 Eddard Stark precisou se casar com Catelyn Tully após a morte do irmão mais velho, Brandon Stark, por ordem do Rei Louco. Com o fim da Guerra do Usurpador, que levou seu amigo/irmão Robert Baratheon ao poder, ele recolheu seus exércitos, montou sua trouxinha e rumou de volta a Winterfell, levando um bastardinho de brinde, Jon Snow – a sombra que pairaria pra sempre entre ele e sua esposa. Tudo isso com a esperança de nunca mais voltar ao Sul. Com o tempo, o casal aprendeu a se amar e teve mais quatro filhos, além do já nascido Robb, o produto da noite de núpcias antes de Ned ir para a guerra. Acabou rumando ao Sul mais uma vez pra ser Mão do Rei, por que desconfiava que a rainha Cersei Lannister planejava algo muito malvado pra acabar com a vida de Robert. Mas, opa, tinha muito mais por baixo dos panos: Jon Arryn, antiga Mão, foi assassinado por que descobriu que todas as crianças Baratheon são bastardas. Sentindo cheiro de merda no ar, o atual Lorde Mão arrumou um navio pra levar as filhas Sansa e Arya de volta ao Norte, e resolveu dar à rainha a chance de fugir com as crianças antes de tacar tudo no ventilador, no duto de ar ou seja lá o que se usava pra refrescar naquela época, já que a ira do rei ia ser horrível e nenhum dos pirralhinhos pseudo-Baratheon seria poupado. Uma ira pior do que a mulher mais psicótica do mundo na TPM, e um Stark não mata inocentes. Só que não deu tempo e o rei acabou atacado misteriosamente por um javali e morreu, não sem antes nomear Ned regente. Mas nosso lorde congelado sempre teve mais honra que inteligência, não aproveitou a oportunidade e acabou decapitado em praça pública, acusado de traição.

 Nascida Catelyn Tully, a Lady Stark nunca conseguiu perdoar o marido pelo bastardo que ele trouxe pra ser criado em Winterfell, principalmente quando o moleque cresceu e ficou mais parecido com o pai do que todas as crianças legítimas que saíram do meio das pernas dela. Encheu a porra do saco pra que marido fosse ao sul por medo de quão puto o rei podia ficar se a família não obedecesse ao chamado. É a típica mãe-louca-arrastaria-o-mundo-pelos-meus-filhos. Se bem que toda mãe é meio assim, mas enfim, divago. Ela começou a ficar meio tantã das ideias quando Bran Stark, seu filho de dez anos, foi “caído” do alto de uma janela e ficou aleijado. Um tempo depois, um selvagem apareceu no quarto de convalescência do pirralho, pra matá-lo. Aí a ficha caiu: O moleque viu algo que não devia. Catelyn viajou a Porto Real pra falar com Eddard e, no caminho de volta, catou o feio e malvado Tyrion Lannister, achando que este era o culpado. Arrastou o duende até o Ninho da Águia, sede da casa Arryn e moradia da irmã Lysa Tully, onde o puto acabou se safando num julgamento por combate. Manobra Stark inteligentíssima que levou ao primeiro embate Stark-Lannister, entre Jaime e Ned e, depois, à guerra. Desde então, Catelyn vem acompanhando seu primogênito no campo de batalha, servindo de conselheira, embaixadora, lavando as cuecas e fazendo o papá do filóte. Além, é claro, de fazer caquinha em cima de caquinha e de ter libertado o maior trunfo que o exército nortenho tinha, numa das cenas mais emocionantes da temporada: O refém Jaime Lannister, irmão da rainha e o culpado pela queda do Starkinho.

 Sansa Stark, o passarinho, é odiada por dez a cada oito fãs da série, mesmo sendo ruiva do olho claro. Sulista até o tutano dos ossos (Como a mãe, com quem se parece tanto na aparência), Sansa sonha com cavaleiros galantes e histórias de amor, sem ter nem um pingo da winter strenght presente em todos os irmãos. Isso sem falar no fato de viver brigando com a irmã mais nova, Arya. Qual a surpresa, então, quando ela se apaixona tão perdidamente pelo belo e galante Joffrey Baratheon, seu futuro prometido, assim que o vê? Fica tão iludida pela aparência do príncipe que se obriga a mentir sobre uma confusão que rolou durante a viagem até Porto Real, que causou o “sumiço” da loba da irmã mais nova e a morte de sua própria lobinha, a Lady. Se fez de cega, surda e muda aos primeiros sinais de que Joffrey era na verdade um canalha sem coração, até que o mesmo ordenou a morte de seu pai, Eddard Stark, preso por que a sua própria filha songamonga resolveu contar pra rainha sobre o plano da família voltar pra Winterfell. Por causa disso, a guerra começou, Sansa apanhava da guarda real cada vez que peidava e, sendo refém dos Lannister – valiosa, mas ainda assim uma refém -, precisou puxar o saco até da lavadora de latrinas pra mostrar que era leal ao rei e garantir sua sobrevivência, mesmo quando sua vontade era de enfiar uma balestra rabo acima do babaca. E, contrariando todas as lendas e histórias de cavalaria, a única pessoa que parece se importar de verdade com ela é Sandor Clegane, o feio e malvado Cão de Caça. Nisso, ela cresce, amadurece e vai se tornando mais fria e cortês. Afinal, Joffrey pode machucá-la até sair sangue, obrigá-la a ver os corpos de todos seus criados Stark, mas ela jamais vai deixar que ele se divirta com sua dor. Mas aí aparece Margaery Tyrell, uma nova noiva para o rei, e nossa ruivinha se vê livre, pelo menos do fardo de se casar com o babuíno. Até que, com a notícia da morte dos dois irmãos mais novos, ela vai ter de lidar com as consequências de ser a próxima na linha de sucessão de Winterfell, coração do Norte.

 Arya Stark é uma garota durona. Com onze anos de idade, já tava mais do que na hora de aprender a cuidar da casa e das crianças, mas não, ela prefere andar a cavalo, se sujar de lama e fazer amizade com pessoas inapropriadas. Fugiu de Porto Real quando o pai foi decapitado, parou em Harrenhall e andou mais que retirante nordestino indo pra São Paulo. Arya nunca precisou de jóias ou vestidos bonitos e foi uma das únicas que, mesmo no meio da corte, continuava a se vestir como uma mendiga hippie versão medieval uma nortenha, sem aquelas tranças escrotas que parecem ninhos de pombo na cabeça. Sem falar que é a única Stark que não tem honra no lugar dos miolos. Tomou mais no cu que a toda a parada gay junta, e, mesmo assim, come coragem no café da manhã e caga na cabeça de todas as madames frescas da corte. A menina conseguiu bater de frente até com Twin Lannister, um tiozão famoso pelo olhar de seca-pimenteira. Teve que se separar de sua loba Nymeria há muito tempo atrás, no primeiro ou segundo episódio. Sem falar no fato de ser a única menina da série a possuir uma espada, a Agulha, o que só dá ênfase ao fato de como a menina é fodona.

 Brandon Stark é um warg desde que ficou paralítico, ou seja, consegue entrar na cabeça de seu lobo gigante. Mas seu maior mérito é o de ser a criança mais fofa da história da TV. Ele perdeu os movimentos das pernas depois de escalar uma das torres de Winterfell e presenciar uma cena que não devia ter sido presenciada. Foi empurrado de lá de cima e passou muitos capítulos em coma. Acordou quando seu lobo gigante, Verão, matou o homem que invadiu o quarto pra tentar calar Bran pra sempre. Ele e Rickon Stark, o caçula, foram feitos prisioneiros dos homens de ferro quando Theon Greyjoy tomou Winterfell. Tentaram escapar e Greyjoy foi no encalço. Quando não conseguiu achá-los, queimou duas crianças órfãs que moravam numa fazenda perto do castelo, pendurou seus corpos nas muralhas e disse que eram os corpos dos herdeiros Stark, com medo de que o povo considerasse-o fraco e inútil. O que se provou a maior burrice da História de Westeros, pois os pirralhos tinham muito mais valor vivos. Enfim, acabou que os dois estavam escondidos junto a Hodor e Osha, a selvagem, nas criptas de Winterfell. Apesar de meio apagadinho durante essa temporada, na terceira o Brandon terá muito mais importância.

 Retiro o que disse, o Rickon Stark que é a criança mais fowfa da história da TV. Enfim, pirralhinho revoltado de seis anos de idade que parecia não saber nem falar até os últimos dois episódios da temporada, quando soltou a frase mais sábia da série. Seu lobo gigante é o preto, Cão Felpudo, um bicho que de fofo só tem o nome, por que é um demonho quem mandou ser preto né.

Lannister – FDP’s sebosos, Fode-irmãos, etc

 Ele já foi prisioneiro de Lysa Tully, já salvou a vida da Lady Stark no meio da estrada, foi à muralha e pra linha de frente de uma batalha estrondosa e muito mais. Tyrion Lannister é um dos personagens favoritos do público. Pequenininho mas ordinário, o cara é um dos únicos Lannister que não tem merda no lugar dos miolos – e, provavelmente, um dos únicos personagens no universo todo que tem miolos – e é rejeitado de todos os jeitos. Já se casou com uma zé-ninguém que era, na verdade, uma prostituta comprada pelo pai e pelo irmão pra que o garoto, com doze anos na época, virasse homem. O pai, Tywin Lannister, ainda culpa o coitado até hoje pela morte da mãe, e constantemente lembra ao filho o fardo que ele é, como seu apreço por prostitutas é uma vergonha para a Casa Lannister. A resposta de Tyrion a tudo isso é um grande e sonoro vai tomar no cu. Mas, apesar de não admitir, até ele é capaz de fazer besteira por causa das pessoas que ama. Um bom exemplo disso é a Shae, sua rapariga oficial. Tem um fraco por bastardos e coisas quebradas. Seus maiores méritos são: O melhor discurso motivacional já feito em uma guerra (Hitler é meu ovo esquerdo) e ter ido pra vanguarda da batalha mesmo sendo um anão que entende tanto de luta quanto eu entendo de física quântica.

 Cersei Lannister pode parecer inteligente mas, lá no fundo, só faz merda. Tipo matar o marido enquanto o filho é só um pirralho, e depois reclamar de como o psicopatinha mimado é incorrigível. Enfim, desde sempre, Cersei mantém um relacionamento incestuoso com seu belo irmão Jaime Lannister, o Regicida, e todas as crianças herdeiras do trono são filhas dele. Cersei era a menininha do papai, uma perfeita senhorinha como deve ser, que foi casada com um beberrão que nunca se manteve fiel a ela – gerando no mínimo dez bastardos nos anos de casamento. Bastardos esses que nasceram todos com os cabelos e os olhos do pai, mesmo quando as mães eram douradas ou ruivas. Que espanto então quando todas as crianças oficiais vieram ao mundos loiras de olhos verdes. Jon Arryn juntou dois mais dois e acabou morto, assim como Ned Stark. Cersei não vai deixar que nenhum inimigo ponha a mão em seus filhos, assim como qualquer outra mãe, mesmo que as crianças sejam aberrações. Por sorte (E azar), só Joffrey Baratheon nasceu problemático. Myrcella e Tommem são duas crianças dóceis e amáveis. Por essas e outras, Cersei vive num paradoxo de ódio e empatia para com Sansa, sua protegida. Ódio por que Sansa é uma linda garota bobinha e apaixonada por seu príncipe, como ela era; empatia por que ela entende o sentimento do que é conhecer a verdadeira face do homem com quem se casará. Mas pelo menos Sansa era dócil e só desejava dar amor e carinho ao rei. Esperem muitos barracos agora que Margaery Tyrell, de uma família tão ambiciosa quanto os Lannister, é a nova prometida de Joffrey.

 Jaime Lannister, o Regicida assassino do rei é uma ova, é um homem sem honra, sem escrúpulos e que não ama ninguém a não ser a si mesmo. Bom, pelo menos essa é a imagem que ele passa. Jaime é só um homem apaixonado. Matou o antigo rei louco por que vossa majestade ameaçou pôr fogo na cidade inteira – mas ninguém lembra dessa história. Empurrou Bran Stark da janela, depois que o garoto pegou ele e a rainha trepando, por que, se Robert Baratheon soubesse do caso dos dois, ia matar sua irmã gêmea – mas isso ninguém lembra também. No final, é só mais um dos muitos personagens extremamente dúbios da série. No início, o vemos apenas como um babaca arrogante, mas lá pra final dá pra perceber que não é bem assim. Herdeiro de Rochedo Casterly, Jaime foi escolhido para ser membro da Guarda Real pelo rei que depois assassinaria. Foi escolhido como uma ofensa ao Lorde Mão à época, Tywin Lannister. Aparentemente, como Aerys era louco, o reino caíra nas mãos do Mão trocadalho do carilho. Mas Tywin acabou sendo visto como ameaça pelo último Targaryen no trono, um rei neurótico e paranóico. Foi visto como um traidor que poderia vir a roubar o trono. Assim, com Jaime na Guarda Real, sob um juramento de não herdar terras nem ter filhos ou esposa, só sobraria a Tywin seu filho anão e deformado para assumir as terras da família Lannister. Mas voltando ao Jaime: No momento, ele se encontra perdido pelas terras fluviais, junto a Brienne de Tarth, a mulher mais feia dos sete reinos. Os dois formam um par perfeito, já que ambos aparentemente têm uma ideia muito grande sobre si mesmos.

 O homem mais temido e respeitado dos sete reinos: Tywin Lannister. O Lorde de Roched Casterly era filho de um senhor fraco e dócil. Por um tempo, a Casa Lannister quase faliu, devido à falta de capacidade de administração de seu pai. Um dia, uma certa casa Reyne entrou em rebelião contra Rochedo Casterly, planejando tomar o controle do Oeste. O Lorde Reyne não contava no entanto com o filho frio e calculista de seu senhor, o jovem Tywin. Ele tomou os castelos de Reyne, em Castamere, e da família Tarbeck, mandou todos pro espaço e não sobrou nem uma alma pra contar a história. Já ouviram a música Chuvas de Castamere? Apesar disso, Tywin não é necessariamente um homem cruel. Muitos acusam-no de ser mandante do assassinato da Princesa Ellia, de Dorne, esposa de Rhaegar Targaryen, herdeiro do Rei Louco e assassinado por Robert Baratheon, e de seus dois filhos bebês. O crime, causado por Gregor Clegane e Janos Slynt, realmente teve dedo Lannister no meio, mas o próprio Tywin admitiu que tamanha violência foi desnecessária. O que muita gente não percebe é o talento pra administração que esse cara, e com certeza ele seria o mais apto de todos os candidatos a ser rei. Agora, como Mão, vamos ver se o reino entra nos eixos de novo – e esperem muitos plot twists por conta dele.

Greyjoy – As Mulas Gigantes

 Vamos começar pelo personagem mais burro da história dos personagens burros, Theon Greyjoy. Ele viveu dez anos em Winterfell como refém, depois que o pai resolveu fazer rebelião, pra garantir o bom comportamento do velho. Apesar de Eddard Stark ter tentado integrá-lo à família, como um protegido, Theon sempre foi recebido com rabo de olho por todo mundo – principalmente, claro, pela Lady Stark. Mesmo assim, ficou bem amigo de Robb Stark, tomando o garoto como um irmão mais novo. Robb, que retribuía o afeto, mandou-o de volta às Ilhas de Ferro pra negociar uma aliança com Balon Greyjoy. Theon então viajou a Pyke, sede de sua Casa, esperando encontrar banquetes, abraços do paizão e vinte concubinas ruivas de olhos verdes na cama à noite. As coisas só deram um tico de nada errado: Ele já chegou sendo humilhado pela irmã, que fingiu ser esposa de um marinheiro aleatório só pela emoção de dar um toco no coitado. Quando ficou cara a cara com o pai, a coisa ficou pior ainda: Ele foi chamado de bichinha Stark, traidor, e, puta merda!, descobriu que sua irmã Asha, porra, Asha Yara foi criada pra ser a herdeira de Pyke. Buscando aprovação da família, recuperar o tempo perdido e tomar de novo seu lugar como herdeiro, Theon fez merda em cima de merda. Traiu o Norte, tomou Winterfell e gritou pro mundo todo que matou os caçulas Stark. Foi traído pelo seu próprio mini-exército de vinte homens quando Ramsay Snow chegou pra retomar o castelo, numa cena típica de comédia pastelão seguida pela estranha visão de uma Winterfell destruída. Mas, oras, o Ramsay não era aliado? Por que um saque, então? Oh, não, sinto cheiro de plot twist.

 Yara Greyjoy é cabra macho. Criada como herdeira de uma terra onde saquear e estuprar são programões no final de semana, ela precisaria de bolas pra conquistar respeito no lugar. E ela tem. A vadia é comandante da maior parte da frota de guerra do pai e inclusive tomou alguns castelos em nome dos Greyjoy. Mas, apesar de toda essa fachada, e de ter sacaneado fortemente Theon assim que ele desembarcou nas Ilhas de Ferro, ela ainda tem lugar no coração pro inútil do irmão ih rimou, e tenta, sem resultado, pôr juízo em sua cabeça mole, gelatinosa e cheia de tentáculos.

Galera aleatória

 Daenerys Targaryen começa a história como uma garotinha assustada. Ela tem medo do irmão, do futuro marido, Khal Drogo. É filha do último Targaryen no trono, Aerys, o Rei louco e, apesar de Sangue do Dragão, a coitadinha tá mais pra saco de pancada do irmão Viserys, o Rei Pedinte. Ambos passaram a vida toda no exílio, pulando de cidade pra cidade durante a infância. Supostamente, “fugindo” dos soldados Baratheon. E sossegaram um tico agora, quando encontraram ajuda nas mãos do magíster Illyrio. Depois de “florescer”, a menina Targaryen foi casada com um senhor Dothraki, que havia prometido ajudá-los a reconquistar o Trono de Ferro. Apesar do estranhamento inicial – Danny, uma criança, Drogo, um homem cruel e meio selvagem, o casal acaba por se amar profundamente. A garota engravida e o bebê dos dois, Rhaego, é profetizado como o Garanhão que Monta o Mundo pelas Dosh Kaleen – as velhas sábias dos senhores de cavalos. Aí sim que Daenerys mostra sua força: Pra garantir que a criança nasça forte e saudável, a mãe precisou comer um coração de cavalo, uma espécie de ritual, enquanto as velhas rezavam e cantavam. Nesse dia, tivemos uns dos mais fofos momentos de amor. No entanto, a alegria acabou quando Viserys invadiu a cidade sagrada Dothraki, ameaçando a irmã com uma espada. Não é permitido derramamentos de sangue lá e Viserys acabou morto por uma bacia de ouro derretido (“Uma coroa pro rei!”) – uma morte tecnicamente sem sangue. Outra turbulência aconteceu um tempinho depois, quando um vendedor de vinhos tentou matar a Khaleesi com vinho envenenado. Sorte que o fiel cavaleiro Jorah Mormont tava lá pra defender sua legítima rainha. O Khal, puto da vida por causa da tentativa de assassinato, prometeu à esposa que lhe traria os reinos de volta. Então todo o público prendeu a respiração principalmente as mulheres né e broxou quando Drogo foi ferido após saquear uma cidade. Daenerys, agora uma mulher forte, poderosa, mas de coração gentil, ordenou que a estupração parasse. Uma dessas mulheres salvas, Mirri Dhur, se ofereceu pra cuidar das feridas de Drogo. E a Danny permitiu, afinal, a velha tinha um dívida com ela. Só que nossa loirinha foi traída e seu Sol-e-Estrelas morreu. Revoltada, Daenerys monta uma pira funerária pra seu amado, taca a feiticeira traidora lá dentro e se joga no meio das chamas junto com três ovos de dragão que havia ganhado no dia de seu casamento. Mas ao invés de virar churrasquinho pro seu Khalasaar (O povo que acompanha um Khal), os três ovos racharam e a Mãe dos Dragões saiu intacta. E com mais disposição do que nunca pra ser rainha. E mais voz também. Sério, não se passam dois minutos sem um EU SOU DAENERYS NASCIDA DA TORMENTA E SOU RAINHA SEUS PUTOS. Mas enfim, divago. Na segunda temporada, ela e seu Khalasaar reduzido cruzaram um deserto mortífero com dificuldade, até chegar em Qarth – a maior cidade que já existiu. Lá, eles são acobertados por um negão enorme de gordo chamado Xharo Xhoan Daxos, que, de início, parecia apenas querer ajudar a rainha e virar seu eterno marido e caminhar de mãos dadas com ela na beira da praia. E Danny precisava dele: Ninguém levaria a sério uma garota escandalosa e arrogante que aparentemente achava que uma guerra é ganha no grito. Mas no final, o puto era outro traidor. Junto a Pyat Pree, um mago da Casa dos Imortais, ele sequestra os dragões de Danny e os esconde na Casa, depois de ambos assassinarem os treze membros do conselho que governava a cidade. Daenerys, no entanto, destemida como sempre, foi ao lugar mal assombrado – não sem antes sair gritando que era a Nascida da Tormenta, claro – e, após presenciar algumas visões do futuro – e algumas ilusões também -, acabou pondo fogo na porra toda. Depois, voltou ao palácio de Xaro só pra encontrá-lo na cama com sua antiga aia Doreah. Sim, aquela mesmo que protagonizou uma cena pseudo-lésbica e extremamente sexy com a Khaleesi. Daenerys, no fim, tranca ambos num cofre vazio pra morrerem de fome e sai andando com maior cara de fuck yeah, carregando suas três lagartixinhas.

 Jon Snow é o filho bastardo de Eddard Stark. E é a cara do pai – inclusive no que diz respeito à honra exagerada. E a típica boiolice melancolia Stark. O cara choraminga da hora que acorda à hora que vai dormir. Seu lobo gigante, Fastasma, o albino, é que é legal: O bicho nunca faz UM som sequer. Enfim, por FRESCURA algum motivo, Jon resolveu se juntar à Patrulha da Noite, uma irmandade formada pela escória da sociedade que protege o reino das coisas pra-lá-da-muralha – e chega lá com pose de comedor, achando que só por que é sobrinho do Primeiro-Patrulheiro Benjen Stark, vai subir fácil na vida. Claro que é uma ordem desvalorizada, que ninguém leva a sério, mas o perigo de verdade se esconde pra lá, junto com os Caminhantes Brancos, que são zumbis de gelo que ressuscitam mortos e coisas simples assim. Sabe, uns caras que dariam belíssimos animadores de festa infantil. Jon, agora mais maduro e decidido, saiu em missão com Qhorin Meia-Mão e matou-o por que precisava de um disfarce pra se infiltrar entre os selvagens e assim ajudar a Patrulha a derrotá-los. Isso se uma ruivinha chamada Ygritte não impedi-lo de quebrar os votos e ficar lá pra sempre.

 Loras Tyrell, o Cavaleiro das Flores, foi a verdadeira rainha de Renly Baratheon. Foi quem o convenceu a ser rei e ambos consumaram juntos o casamento que fez a aliança Tyrell/Baratheon de Ponta Tempestade, ainda que a noiva tenha sido sua irmã mais nova, Margaery. Ele entrou nessa lista principalmente por causa do amor puro que havia entre os dois e por que eu fico feliz quando vejo as cenas de amasso entre eles. Afinal, depois que o sol se põe, vela nenhuma pode substituí-lo.

Tá, mas e aí?

A adaptação pra TV, até agora, foi muito satisfatória. A primeira temporada foi praticamente igual aos livros. Mas a segunda teve um exagero de mudanças – algumas explicáveis (Pra melhor entendimento do público, corte de orçamentos, afins). Alguns personagens foram cortados e algumas cenas “diminuídas”, por que quase todo o orçamento foi investido no episódio da batalha da Água Negra. Portanto, quanto à parte técnica, tudo tá impecável. A HBO é uma empresa bem competente e perfeccionista, então os detalhes todos estão show de bola. Os atores também. Com destaque pra Peter Dinklage, Sophie Turner, Richard Madden, Michele Fairley, Emilia Clarke e, principalmente, Jack Gleeson – respectivamente, Tyrion, Sansa, Robb, Catelyn, Daenerys e Joffrey. Sim, Joffrey. O ator é tão bom que me dá vontade de socá-lo – o que deve ser a intenção. Ninguém criaria um personagem tão irritante sem querer.

Mas enfim, o que me incomodou foi a abordagem de alguns personagens. Brienne, por exemplo, é uma personagem honrada que evita derramar sangue. Na série de TV, é uma mulher fria e sem piedade. Não que não forme um bom conjunto, à parte do livro, mas o original não era bem assim e isso talvez torne algumas das ações tomadas mais à frente sem sentido. Robb Stark é outro. Nos livros, ele quebrava a promessa feita a Frey por que desvirginou uma dama e precisava proteger a honra da menina. Já na série, ele é tratado como um adolescente rebelde que deixou a coroa subir à cabeça TROCADALHOS EVERYWHERE. Mas nem todas as mudanças são ruins: Cersei, que é bem louca psicótica, e se achava uma mulher perigosa, foi tratada como fria e cortês. Essa interpretação da Lena Headey que fez a personagem crível. Precisávamos de motivo pra temer a rainha, e a atriz formou bem essa impressão. Cersei é sempre sebosa e nunca ri de verdade. O que a tornou bem parecida com o pai.

Enfim, basicamente é isso. A próxima temporada estreia em abril. Esperem muitas jogadas brilhantes, muitas cagadas e muitas, mas muitas surpresas. E lembrem-se: Não se apaixonem por nenhum personagem. Ninguém ali em cima tá imune. E mais, as aparências enganam. Os que têm cara de vilão que são os mais bonzinhos.

Agora me deixem ir embora que esse texto me tomou quatro dias de vida.

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